Depois de quase cinco anos longe, Cassian Illyrian volta para a pequena Velaris durante o solstício de inverno.
Após uma partida dolorosa, sua mente nunca esqueceu a imagem de Nestha Archeron, a mulher que deixou para trás.
Porém, sua chegada repe...
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Suas unhas estavam machucadas, roídas. O vermelho desbotado do esmalte era desgastado. Aquele não poderia ser categorizado como seu melhor dia, definitivamente, embora possivelmente fosse o dele. Nestha refletia sobre isso no UBER que havia acabado de pegar, em cima da hora, depois de receber mil mensagens de Feyre. "Onde você está?" "Por que não veio?" "O que aconteceu?" eram alguns dos conteúdos que apareceram na tela de seu celular durante toda a manhã.
Sua cabeça latejava e Nestha resolveu dar um desconto para a irmã. Ninguém sabia, de fato, sobre sua relação com Cassian. Imaginavam coisas, sussurravam outras, mas nunca haviam se intrometido na espécie de relação deles. E, mesmo que confabulassem entre si sobre o que acontecia com os dois, somente Azriel ficou sabendo de Nestha no quarto de Cassian depois da última festa da fraternidade, uma semana atrás.
Nestha no quarto de Cassian minutos antes dele avisar que sua vida mudaria, que ele iria embora e ela ficaria, mais uma vez sozinha.
Não foi à toa que a jovem acordou já com uma taça de vinho nas mãos. Várias taças de vinho, na verdade. Seu hálito ainda tinha o leve frescor da bebida e, felizmente, o sol escaldante do lado de fora era a desculpa para os óculos escuros, aqueles que tampavam as olheiras de suas noites insones. Nestha se sentia como uma vampira sendo obrigada a sair de seu caixão glorioso. Para seu infortúnio, era necessário.
Mesmo não querendo, ver Cassian talvez fosse o que precisava. Não só ver Cassian, mas vê-lo partindo, a deixando em busca de algo novo. Nestha sabia que o homem não estava errado, por mais difícil que fosse admitir isso. Mas ela também entendia que aquele era o ponto final da frágil e rápida história que estavam tentando construir.
Ainda era árduo assimilar tudo isso, porém o seu lado sempre racional tentava fazer com que ela diminuísse aquilo que viveu com Cassian, como se não fosse nada mais que aventuras de verão, a inconsequência de duas pessoas jovens demais. Talvez fosse mais fácil acreditar nisso se seus últimos dias não tivessem ocorrido a base das bebidas e músicas antigas colocadas no toca-discos.
Era alguma melodia sobre corações partidos que embalava as noites de Nestha e, assim que nascia o novo dia, seria a dor de cabeça a desculpa para seu sumiço. Quando havia se entregado tanto? A resposta ainda escapava de seus dedos. Entretanto, ela não precisava de respostar quando uma nova afirmação se firmou por baixo dos cabelos caramelos: nunca mais ser tão vulnerável para alguém.
Seria por isso que ainda se dava ao trabalho de ir? Provavelmente. Além do prazer de o fazer esperar, algo mais havia motivado Nestha a sair da cama, naquele belo dia de sol, e seguir até o aeroporto da cidade vizinha. Tornou-se uma questão de honra provar para ele, e para si mesma, que ainda era a mesma garota capaz de suportar tudo, inclusive o abandono.
Cassian já sabia de sua mágoa. Pudera, Nestha escapara entre seus dedos naquela manhã, com frieza e dor em seu olhar. Se isso não bastasse, ela também não se deu ao trabalhar de responder qualquer mensagem dele. Estava claro, tanto quanto um rio, que a partida repentina havia esmagado um pouco do coração dela, e parecia impossível fingir o contrário. Contudo, ainda era tempo de mostrar que Nestha Archeron quebraria antes de se dobrar.
