Eu fui para o setor de fotografia agora, depois de me frustrar prontamente com as declarações da senhora Miller com meu quadro, que durou longas horas de pinturas. Imaginava que nesta aula eu poderia dissipar um pouco essa inquietude dentro de mim sobre a nova pintura extravagante que deveria fazer. Embora nosso tema que agora era a fotografia fine art ainda puxava mais esse negócio sobre as emoções do fotógrafo, onde eu teria que utilizar um meio para expressar algo que apenas vive em minha mente. Quanto mais sentimentos e ações eu conseguisse provocar com uma foto artística, mais especial ela poderia ser.

Esse era o único problema que me mantinha frustrada comigo mesma ultimamente, ambas áreas exigiam muito de mim própria, sem contar nas outras que me especializei. E apesar de terem todo meu coração, eu sentia-me cada vez mais menos conectada com toda essa emoção que eles exigiam sobre mim em pessoa.

Enquanto caminhava apressurada para o andar de fotografia, esbarrando em alguns pela frente. Sentia-me completamente fatigada, eu havia ganhado uma bolsa para a faculdade de artes que ajudou bastante na questão financeira, claro que eu ainda mantenho um emprego de meio período a noite em uma lanchonete vinte e quatro horas. Que além de cobrir alguns gastos na faculdade, ainda tinha o aluguel do cômodo onde vivia por aqui perto.

Não tinha muito tempo de sobra tirando os finais de semana, sempre me mantendo ocupada o bastante, mesmo sendo tudo o que carecia para não pensar muito.

- Atrasada senhorita Manoban. 

A voz autoritária e grossa do senhor Jones encheu a sala que estava em completo silêncio assim que passei pela porta, isso encheu minhas bochechas de quentura sentindo olhares sobre mim. Mas antes que pudesse me curvar formalmente para pedir desculpas, acabei levando outro esporro por cima.

- Sem pedidos de desculpas ou aquela coisa exagerada de ficar se curvando, não estamos na Ásia. - sua voz é inflexível, arrancando discretas risadas dos alunos. - Agora vá para sua cadeira, estamos dando início a aula.

- Obrigada.

Caminhei para minha mesa sentando na cadeira encostada na parede quase ao fundo da sala, em seguida, retirando um de meus mais precisos equipamentos. Demorei bastante tempo para conseguir comprar essa câmera, é uma Nikon D850 digna de um profissional. E não me arrependo nem um pouquinho pelo trabalho duro.

- Como recordam, estamos na questão da fotografia artística. - o senhor Jones começa, enquanto afundo o rosto contra a madeira fria da cadeira lamentando profundamente. 

Este dia certamente, não é o meu dia de sorte.

- Poderia me falar o que especificamente é uma fotografia artística, senhorita Manoban? 

Levanto o rosto rápido, sentindo mais uma vez as pessoas virarem seus olhos para minha presença que eu julgava até agora invisível. No entanto, acredito que hoje o senhor Jones não esteja em seus melhores dias. E resolveu justamente me desfalcar.

- Bem..

- A fotografia artística é um género de fotos que tem como objetivo expressar a emoção ou a ideia do fotógrafo. No entanto, não temos a obrigação de retratar a realidade na foto, e isso faz com que tenha logo um forte caráter subjetivo.

Eu nem mesmo consigo responder sua pergunta, quando uma nova voz rouca e masculina diz do outro lado da sala. Arrancando a atenção sobre mim e pondo acima de Jeon Jungkook que tem seu corpo grande preenchendo quase toda a cadeira, as pernas longas e torneadas estendidas para frente no estilo "esparramado sexy", enquanto tem sua câmera nas mãos ajustando sua lente sem nem mesmo olhar para o senhor Jones ou qualquer outra pessoa.

Seus lábios finos estão fechados, carrancudos. No entanto morde levemente o piercing no canto deles, arqueando a sobrancelha que é quase cobrida por mexas do seu cabelo negro liso. A jaqueta de couro cobre todas as suas tatuagens do braço, embora a caveira preta misturada com pétalas de rosa desenhada no dorso da mão, não tivesse como ser ocultada. 

Escuto suspiros femininos, baixos porém impossíveis de serem ignorados. Sem contar nos murmúrios claros de: "Além de ser gostoso, ainda é inteligente."

- Não lembro de ter pedido a sua opinião sobre o assunto senhor Jeon, e você senhorita Manoban. - o homem de cabelos grisalhos olha para mim duramente. - Da próxima vez vai fazer companhia a direção, se dormir em minha aula novamente.

- Mas eu não estava dormindo..

- Basta, agora abre na página quinhentos. - ele acena a mão dispensando minhas palavras, ou desculpas como diria. Voltando para a frente. - Vamos começar pelo fotograma..

Ignorando-me ele volta a sua explicação, enquanto me recomponho em meu acento. Entretanto, sem deixar de manear a cabeça levemente para o lado. Onde pela primeira durante dois anos, Jeon Jungkook tenha tido meio que indiretamente contato comigo. Mesmo que ele aparentava estar me achando uma completa burra e avoada, para ficar tão aborrecido que logo resolveu dizer todas aquelas coisas ao senhor Jones de forma impaciente. 

E não para me ajudar, ou defender. 

Mas quando eu o encontro no mesmo lugar, não está ignorando-me como imaginava. Estava olhando para mim, e mesmo que imperceptível. Exibia um resquício de negrumes brilhantes nos olhos.

[...]

- Oh que merda.. - minhas coisas são jogadas no chão novamente, quando desta vez Dexter e seus amigos babacas passam pisoteando qualquer um pela frente enquanto caminham. - Foi mal ai, ingtay!

- Tudo bem.

Resmungo baixo suprimindo os idiotas que pensam que estão em um desfile de moda, juntando minhas coisas depressa e caminhando para meu armário. Apanhei minha bolsa junto ao sobretudo, guardando os materiais de prática dentro dele, em seguida agradecendo mentalmente pelo fim das aulas.

Mas o barulho de algo caindo no chão chama a atenção de todos no local inclusive a minha, as coisas de Dexter estão caídas no chão, e seu xingamento cheio de fúria em direção a Jeon Jungkook é evidente quando o mais velho esbarra no seu ombro propositalmente.

- Que merda. - ele diz. - Foi mal aí, Dexter.

- Vai se foder Jeon.

Passando por cima das suas coisas, Jungkook ignora suas provocações seguindo em frente enquanto retira uma carteira de cigarro do bolso. Ele caminha devagar para longe, e as pessoas continuam paradas o observando enquanto some pelo amontoado de alunos que vão para fora do edifício. 

Terminando de arrumar tudo, eu também vou pelo mesmo caminho. Para casa, ainda teria uma hora e depois correr até o trabalho. Embora a presença repentina de Mina na minha frente, pegando minha mão de súbito e enfiando um isqueiro na palma. Faz minhas sobrancelhas franzir em confusão.

- O que é isso? - pergunto a ela.

- Isso, é o primeiro passo para você se tornar uma mulher de palavras rígidas.

- Um isqueiro?

- Uma solução. - ela sorri com sua ideia genial, fitando meu rosto ainda embaraçado. - Agora pegue a redação de Dexter Willians, e queime.

[ Notinhas...✿]

O primeiro contato deles!! Mais ou menos kkk Logo, logo grandes supresas! 😉

Perfect OppositesWhere stories live. Discover now