— Não sei do que está falando. — Não me virei, mas meus pés pareciam colados no lugar para sair dali também. 

— Não foi você, foi, Lay? — Seja lá o que me mantasse no lugar, soltou-me com isso. Como ele poderia imaginar isso?! Como eu poderia pensar em machucar Paige?! Pietro era podre. Não o xinguei, engoli a vontade, mas fiz pior. Ri com escárnio e não me virei para encará-lo enquanto respondia. 

— Não sei. Pergunte à ela. Quem sabe não soltaram minha coleira também. 

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Observando os outros com olhos vermelhos de sono e em silêncio, escolhi a cadeira ao lado de Feyre para sentar e encarar minha amada família – se importava minha presença ali ou não, fizeram questão de não demonstrar–. Finalmente algo bom, pensei. A conversa com Pietro foi um fracasso e ele tinha cogitado a ideia de eu ter atacado Paige. 

Como se eu pudesse, éramos amigas quando pequenas – por isso a notícia do casamento havia me abalado mais do que gostava, e era seguro, admitir. Além do mais, como vingança havíamos feito coisas que não devíamos –. E, se fosse realmente para atacar alguém, seria William ou o próprio Pietro. 

O que era para ser um almoço feliz – tecnicamente – havia se transformado num mar de murmúrios contra o calor e ondas de silêncio. Elain e William eram os únicos que faziam um esforço de deixar a conversa fluindo.

— Estou pensando em comprar a propriedade dos Beddor. Ouvi um boato de que vai ser colocada à venda em breve, pois ninguém da família sobreviveu, e seria um bom investimento. Talvez uma de vocês possa construir uma casa nela quando for o momento adequado. 

Elain assentiu com interesse, mas não foi isso que me fez paralisar. Se a casa deles estaria à venda e nenhum deles sobreviveu... Foi Feyre que fez a pergunta que lutava para sair de mim. 

— O que aconteceu com os Beddor? 

— Ah, foi terrível — comentou Elain. — A casa deles queimou, e todos morreram. Bem, não conseguiram encontrar o corpo de Clare, mas... — Ela abaixou o rosto para o prato. — Aconteceu na calada da noite, a família, os criados, todos morreram. No dia antes de você voltar,  na verdade. 

A minha pergunta de o que havia acontecido com Clare acabava de ser respondida. Diferente de Paige, eles não puderam fugir, não fora permitido. Não fora Rhys que os atacou. 

Que maldito jogo esse Grão-Senhor jogava, merda? 

Minha mente havia parado de escutar a conversa ao meu redor. Feyre parecia contar a William e Elain a verdade, Nestha parecia já saber – é claro que ela sabia. A cadeira caiu no chão quando me levantei, minha mão tremendo e minha visão turva. Eu sabia que algo havia acontecido, mas se Paige estava bem, a salvo, pensei que Clare estivesse também. A possibilidade de Paige ter tido o mesmo destino de Clare e sua família só me fez tremer mais.

— Paige também foi atacada por eles — falei enquanto lutava para meus olhos focarem em algo. — Foi um ataque diferente, feito por outra pessoa. Era para ser vocês também. Clare foi o nome que Feyre deu, eu dei o nome dela. — Suspirei levemente sentindo meu tremor parar aos poucos. — Não comece, William, não preciso de seus xingamentos agora. Feyre, — olhei para ela, seu rosto mais pálido e medo no olhar — pegue nossas coisas, te encontro na floresta de sempre. Preciso ver alguém. 

Sai da sala de jantar o mais rápido que conseguia, estava quase abrindo o portão que separava a casa da estrada quando senti mãos na minha cintura. Não era as de Feyre, mas já havia sentido aquele abraço muitas vezes. 

Corte de Amores e Segredos - Reescrevendoजहाँ कहानियाँ रहती हैं। अभी खोजें