Cap. 13

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POV Edvin

- o papo ficou pesado - ri sem graça - que tal continuarmos tocando?

- é... claro.

Percebi sua inquietude e como não poderia? Maeve mudou completamente seu humor. Me sinto mal por ter tocado no assunto, portanto vou tentar anima-la.

- sabe? - me virei em sua direção - que tal a gente sair daqui e ir comer um hambúrguer? Eu to com muita fome.

- mas e a aula?

- é só hoje, Maeve. Vamos ficar bem, retomamos a aula amanhã.

- tá, tanto faz. Mas saiba que você que vai pagar minha comida, eu não tenho dinheiro aqui comigo - pelo menos consegui a convencer.

- tudo bem, senhorita - falei levantando as mãos em rendição - você não vai se arrepender, sei um lugar incrível.

- é bom você estra certo.

Saímos da sala de música e fomos até o estacionamento. Meu pai me deu um carro quando eu tinha 16, ele dizia que eu precisava crescer e que um carro devia me fazer mais responsável. Eu não sei se deu certo, mas dali pra frente só nos afastamos.

No carro, a morena ligou o rádio e se acomodou no assento de passageiro ao meu lado. Parti em direção ao lugar enquanto ouvíamos uma melodia que, coincidentemente, combinou com a vibe do momento. Seus cabelos voavam com a brisa que vinha da janela e seus olhos fechados aproveitando o vento que vinha em seu rosto a torvam graciosa.

- presta atenção na estrada - ela disse sem abrir os olhos.

- e quem disse que eu não estou? - fiquei surpreso com sua constatação. Como ela sabe que eu estava a olhando?

- eu sei que não está e a não ser que queria matar nós dois, é melhor prestar atenção na estrada.

- tá, mandona - sussurrei a última parte para que ela não ouvisse, o que não deu certo.

- eu ouvi isso, Edvin.

- você tá ouvindo coisas - voltei minha atenção á estrada e a conversa morreu ali.

O que deu em mim? Ela é só uma amiga da Norah, só mais uma, eu não tô achando ela bonita, estou?

Não, não estou. Maeve só é... não feia, só isso. Tá, parou de pensar nela.

Ao chegar na lanchonete parei o carro em uma vaga do lado do estabelecimento. Era um lugar legal, eu costumava vir aqui com Omar e nos divertíamos muito com a escolha de músicas duvidosas do dono.

Era um lugar com estilo mais antigo, não um anos 60, mas um estilo menos moderno. Era pequeno e pouco frequentado, o que eu nunca entendi já que o preço era bom assim como a comida.

Já sentados na mesa olhando o cardápio perguntei

- vai querer o que?

- batatinha! - disse ela com os olhos brilhando.

- batatinha pra você então. Eu quero um hambúrguer e um milk-shake.

Fizemos os pedidos e enquanto esperamos, uma música começou a tocar. Era uma das músicas duvidosas que me fez rir e ter uma ideia. Levantei da mesa e estendi a mão para Maeve.

- me dá a honra? - ela olhou pra mim como quem não esperava por isso - vamos princesa, a música não vai durar pra sempre.

- quantos apelidos você tem pra mim? - perguntou enquanto se levantava pegando em minha mão.

- alguns - dei de ombros - um para cada ocasião.

- ui! que organizado ele, um para cada ocasião é? E qual seria para uma ocasião mais casual?

- "Flor", é claro - nossos corpos acompanhavam o ritmo da música mesmo que nossas cabeças ignorassem o que tinha ao redor.

- e para uma mais chique? - disse ela.

- depende da ocasião. Não subestime meus poderes de criar um apelido, senhorita Maeve.

Ao ouvir mais um apelido, seus olhos reviraram e seus lábios encurvaram nos cantos escondendo um sorriso.

Não demorou muito para nossos pedidos chegarem. Nos sentamos e comemos na maior tranquilidade, conversando, rindo, como uma amizade de anos.

Meu celular apitou, mostrando que uma mensagem chegou. Era Omar perguntando onde eu estava.

- é seu pai? - perguntou a garota á minha frente.

- não - respondi desbloqueando o aparelho - é o Omar, ele quer saber onde eu estou.

- porque? - disse de boca cheia - vocês tem alguma coisa pra fazer agora?

Mandei uma mensagem rápida falando que estava comendo alguma coisa e sua resposta foi "com quem??", porque fui falar disso com ele mesmo?

Só respondi um "talvez" e bloqueei a tela após ouvir várias notificações do mesmo.

- ele só queria saber de mim - falei para Maeve dando de ombros.

- ele é um bom amigo - sorriu - eu gosto dele e fico feliz que você não ande só com babacas.

Olhei pra ela surpresa.

- isso era pra ser um elogio? porque se era, não deu muito certo - a morena riu da minha expressão - é serio.

- ah, não me julgue. Você é popularzinho, não devia estar surpreso de eu achar isso. Além do mais, você era um babaca comigo, então tenho todo direito de achar isso.

- touché.

Ela não estava errada, eu era um babaca com ela. Pelo menos eu mudei, é isso que importa.

É isso que importa, né?

Enquanto me distraí em meus pensamentos, Flor pegou meu milk-shake e deu um gole.

- ei! - indaguei - isso é meu. Você disse que só queria batata.

- eu não disse que queria batata - disse dando ênfase no "só".

- ah, Maeve pelo amor né, me devolve aqui - tentei pegar, mas como estávamos sentados de frente um para o outro, ela apenas chegou pra trás se acomodando na cadeira e dando um sorrisinho - você é perversa.

Sua risada ecoou pelo restaurante e todos nos olhavam estranho. Tapei meu rosto com as mãos e caí na risada junto com ela.

Piano de Stravinsky - Edvin RydingOnde as histórias ganham vida. Descobre agora