Da guerra ao Amor

O Retorno

Segui concentrado nas próximas estratégias que precisaríamos traçar, com essas insurgências e imprevistos.

O caminho de volta geralmente era mais demorado, pois os homens estavam cansados, mas como dessa vez não houve grande resistência, eu esperava que estivéssemos nos portões de Assur em menos tempo que o esperado.

Kassandra

Minha vida no palácio estava calma, sem o imperador me cercando, as tarefas diárias estavam me fazendo bem. Eu comia bem, dormia bem e ainda tive autorização da Senhora Ninsina para cuidar do jardim.

Inclusive a Andreyna tinha recebido permissão para transitar pelo Palácio até Sua Majestade voltar, estava radiante de ter minha amiga pertinho de mim.

Infelizmente logo minha paz chegaria ao fim em breve com a volta do ímpio imperador. Senhor Tuah avisou a mim e a Andreyna que um mensageiro chegou anunciando a volta vitoriosa da Legião designada para Ninive.

Até poucos dias atrás ninguém sabia ao certo para onde eles tinham ido ou quem iriam atacar, na verdade as coisas ainda estavam incertas, mas o que foi dito para os cidadãos foi que o Imperador foi conter pessoalmente uma insurgência e que as relações com a Pérsia estavam muito estremecidas.

Eu apenas ouvia todas as informações calada, temia que uma guerra se infiltrasse novamente em minha vida e mais uma vez os ventos da mudança me colocassem em uma situação ainda mais desumana do que as que eu vive até agora.

Apesar dos abusos, o único homem que tenho que me deitar é o imperador, tenho alimento e de certa forma proteção. Não posso me dar mais ao luxo de sonhar que as coisas serão melhores e que irei sair do cerne da guerra para o amor.

Todos os meus sonhos de vida normal foram enterrados com minha família na cidade da Babilônia e queimados junto com seus belos jardins suspensos. - Suspirei saudosa e pensativa quanto aos meus queridos irmãos e meu pai. Poderiam não ser os mais amorosos, mas eram os melhores que eu poderia ter e sempre me protegeram.

Ajeitei o jarro com um punhado de flores que eu mesma plantei e colhi, levei para o quarto real que era onde eu dormia atualmente por ordens do Imperador. Cheirei as flores profundamente e fui acometida de um mal estar estranho, minha visão ficou turva e minha cabeça começou a doer.

Segurei - me na mesinha ao lado da cama deixando o arranjo cair e se espatifar aos meus pés, meus olhos escureceram e perdi totalmente os meus sentidos.

...

Meus olhos pesavam e minha cabeça doía, abri os olhos me deparando com Andreyna, Tuah e Ninsina me encarando preocupados.

Tentei falar, mas minha garganta estava seca e áspera demais, apenas consegui balbuciar algum tipo de chiado incerto.

- Sandra, preciso que fique calma, Senhora Ninsina já chamou uma... - Andreyna desviou os olhos parecendo não saber ao certo como denominar a ajuda que a Senhora Ninsina procurou.

- Vamos chama - la de curandeira. - A velha senhora foi solicita em esclarecer.

- O que eu tenho? - Minha voz saiu rouca e áspera me fazendo tossir. Os presentes se entreolharam suspeitos e parecendo aflitos. Será que poderia ser grave?

O clima estranho foi quebrado por batidas na porta, uma das servas avisou que a tal curandeira havia chegado e estava esperando para ser recebida. Fiz menção em me levantar, mas fui acometida de vertigens fortes e Andreyna me auxiliou a sentar - me.

A mulher entrou majestosa, ela parecia deslizar pelo chão, meu corpo arrepiou - se todo quando encarou o orbes que daquela distância me pareciam castanhos avermelhados.