Capítulo I

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Os embrulhos com a flor de Lótus gravada pararam de chegar, faz dois meses que não tenho se quer uma pista sobre o boticário amigo dos meus pais que deixava os remédios que uso desde pequena para as rachaduras na minha pele, no lugar deles começar...

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Os embrulhos com a flor de Lótus gravada pararam de chegar, faz dois meses que não tenho se quer uma pista sobre o boticário amigo dos meus pais que deixava os remédios que uso desde pequena para as rachaduras na minha pele, no lugar deles começaram a aparecer bilhetes com números aleatórios escritos em uma caligrafia elegante.
Joguei na internet, coisa que peguei costume de fazer depois que um amigo tentou me atrair para um emprego imperdível que na verdade era um esquema de pirâmide, o Google separou os números em latitude e longitude, uma coordenada, ela leva para a biblioteca abandonada no bosque a duas quadras daqui.
É obvio que ele quer que eu vá até ele, quer tanto que os bilhetes foram se
acumulando até o porteiro perder a paciência com as cem cartas diárias e decidiu deixar uma caixa com meu nome, andar e apartamento, para que eu mesma os recolhesse, quase levei uma multa por esses papéis idiotas.

Mas para que tanto problema?

Quando Lótus, começou a entregar os pacotes aqui no condomínio pedi para
que o segurança lhe desse meu cartão de visita, para caso precisasse de algo,
sem os remédios dele não teria conseguido ter uma vida normal o mínimo que eu poderia fazer era lhe estender a mão, mesmo com altas chances de ser um maníaco ou talvez um foragido da polícia, talvez agora ele precise de ajuda.

Mas custava tanto assim pedir ajuda por e-mail?

Passei semanas juntando coragem para ir a seu encontro, semanas que se
transformaram em meses e teriam se transformado em anos se os remédios que o doutor Ricardo passou para insônia não tivesse parado de funcionar ou que minha pele não tivesse voltado a rachar
Fecho os olhos e respiro fundo, não tenho outra escolha, vou para a biblioteca, uma luz entra pela janela iluminando a sala inteira, um relâmpago, está desabando o mundo lá fora, ele esperou por dois meses pode esperar por mais uma noite.

Passei semanas juntando coragem para ir a seu encontro, semanas que se transformaram em meses e teriam se transformado em anos se os remédios que o doutor Ricardo passou para insônia não tivesse parado de funcionar ou que minha pele não tivesse vo...

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Não sei exatamente quanto tempo faz que estou andando, sei que foi tempo
o suficiente para me perder e me achar três vezes, da última vez que me perdi
não faltava muito para chegar, agora são quinze para as três da tarde isso é bom, tenho tempo o bastante antes de escurecer, o chão está escorregadio pela chuva da noite passada o que dificulta a caminhada, só espero conseguir chegar antes
de anoitecer.
Quem foi o gênio que decidiu construir uma biblioteca no meio da floresta?
Pensando bem, não posso dizer muita coisa sobre genialidade, sou eu quem está indo a um lugar abandonado atrás de um provável fugitivo da polícia.
Mais duas horas andando e aqui está ela, velha caindo e cheia de limo, mas
ainda de pé, apesar de não ter mais telhado as paredes- mesmo faltando
alguns pedaços-ainda estão de pé sustentando uma porta apodrecida.
Empurro a porta, mas ela não sai do lugar, bom eu tentei, valeu a aventura, começo a me virar para ir embora, mas um rangido me faz congelar no lugar, a porta está abrindo, uma luz forte vem da parte de dentro revelando uma biblioteca enorme como vários andares com uma escadaria prateada que passa entre eles e um teto de vidro com detalhes de cobre, devo estar delirando, não tem como uma casinha tão pequena acomodar um palácio como esse.
- Por favor, entre, a senhorita Carmen está a sua espera - aceno e atravesso hall adentro - sinta se em casa,- com um sorriso gentil sem dentes, fecha a porta e anda a passos calmos, despreocupados some entre as estantes.
O lugar inteiro cheira como aqueles perfumes importados de fragrância
amadeirada o que não é à toa, as estantes parecem ser feitas de troncos recém cortados mas não pela a aparência porquê de rústico elas não têm nada, todas elas são muito bem esculpidas com flores e luas, mas pelo cuidado que nem a restauradora mais cuidadosa conseguiria dar, o que deixa esse lugar ainda mais suspeito, é quase como se todo glamour dos vitrais com cobre e a perspicácia das estantes esculpidas escondessem algo muito podre, mas ainda assim nenhuma
flor de lótus.
-Vejo que está muito interessada no nosso material de pesquisa -deixo cair o livro que mal percebi estar foleando
-Desculpe, eu só...
- Não se preocupe, eu que tenho que me desculpar por assustá-la,- me
interrompe.-Me acompanhe, temos assuntos a tratar.

𝐕𝐞𝐧𝐚𝐭𝐫𝐢𝐱 (Completo)Where stories live. Discover now