Capítulo Três

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- Pensei que nunca mais iria te ver por aqui. - Jihyo dizia surpresa ao ver sua visitante irritadinha em seu segundo dia consecutivo naquele lugar.

- Não me leve a mal, eu não queria estar aqui, mas foi motivo de força maior. - Joohyun respondeu, recebendo ajuda da Park para se locomover até a recepção.

- Tudo bem, não vou perguntar o que isso quer dizer por que eu não me importo, vamos apenas preencher os papéis para fazer seu cartão. - Jihyo sentou a mulher e se afastou por um instante, apenas para pegar os tais papéis.

- Seu nome é Bae Joohyun certo? E sua idade qual é? - Perguntava enquanto escrevia o nome da garota no papel.

- Tenho vinte e seis.

- E você era bailarina antes do acidente, era profissional? - Continuou o questionário.

- Sim. Mas nunca tive oportunidade de fazer o papel principal, o dia do acidente foi a única vez que eu iria o fazer. - Respondeu a Bae, ríspida como de costume.

- E quanto tempo faz o acidente?

- Eu pensei que minha mãe já tinha tido essa conversa com você.

- Meu amor eu só quero ajudar, não precisa vir sempre na defensiva falar comigo.

Um tempo em silêncio. Joohyun sabia que as pessoas que estavam ali só queriam lhe ajudar, mas ela não queria aquele tipo de ajuda. A única ajuda que a Bae queria era que alguma clínica ligasse e dissesse que ela tinha conseguido os malditos olhos que precisava finalmente.

- Vamos tentar de novo. - Jihyo voltou a falar. - Como você se sente sobre isso?

- Como você se sentiria? - Joohyun veio com outra pergunta, não que ela quisesse uma resposta, ela não queria.

- Sinceramente? Eu não sei. - A doutora quis responder mesmo assim. - Eu vejo as histórias aqui, mas tentando imaginar como poderia ser se fosse comigo, eu não consigo chegar a uma conclusão. Mas eu posso dizer que essas pessoas são muito fortes, eu admiro a coragem delas de se aceitarem e não ficarem reclamando da sua condição atual, é claro que as coisas podem mudar mas se não mudar, precisa ser aceito, e...

- Eu já entendi sua indireta pra mim, não precisa continuar. - Joohyun cortou a doutora. - Faz cinco anos, desde o acidente e eu acho que nunca vou me acostumar. - Concluiu.

- Eu entendo o que quer dizer, cada um tem seu tempo para aceitar a situação que lhe foi imposta e isso não é errado.

Houve alguns minutos de silêncio, até Jihyo voltar a falar.

- Prontinho. - Dizia ela arrumando um crachá na roupa da nova membro daquela associação. - Seja bem vinda Bae Joohyun.

- Obrigada. - Dizia tocando o objeto, antes de uma dúvida surgir. - Posso saber porque você quis trabalhar em um lugar assim?

- Minha irmã nasceu paraplégica, tentamos cirurgia, mas nunca deu certo. Então eu me formei e comecei a atuar como psicóloga para pacientes com algum tipo de deficiência, seja visual, auditiva, ou física motora mesmo, como minha irmã. Nós temos ajuda de ONGs aqui, e algumas pessoas como seus pais também ajudam a manter o lugar, e temos alguns enfermeiros e alguns voluntários também.

- Ela está aqui? Sua irmã? - Joohyun estava curiosa.

- Sim, ela ainda está aqui.

- Ela deve ter orgulho de você.

Sim amigos, Joohyun estava sim dizendo algo bom para alguém. E Jihyo não podia mentir e dizer que aquilo não a deixava sorrindo de orelha a orelha pois sim, sua irmã tinha orgulho dela e sempre dizia isso. E sim, sua paciência mal humorada estava dizendo algo bom para alguém, era um progresso, não?

- Acho que sim. - Respondeu a Park ainda sorrindo. - Quer conhecer o lugar? - Disse se levantando.

Joohyun se levantou logo em seguida e assim foram explorar o local.

Algumas pessoas dormiam no local, então as duas foram em cada quarto para que Jihyo apresentasse a nova garota que estaria sempre ali.

- O último quarto é de uma criança, ela é cega de nascença. Irmã de uma das voluntarias que temos aqui. - Jihyo bateu na porta antes de entrar. - Seja gentil. - sussurrou ao ouvido de Joohyun.

- Yeji meu amor, temos uma nova convidada. Ela também vê tudo escuro como você, minha linda. - A doutora dizia ao aproximar as mãos das duas. - Joohyun essa é Yeji, Yeji essa é a tia Joohyun.

A doutora sorriu ao ver o sorriso no rosto da garotinha, enquanto olhou para seu lado e viu Joohyun com um semblante pedido.

- Oi tia Joohyun. - A menininha dizia enquanto, com suas mãos pequenas tocavam as mãos da mais velha, acariciando.

- Oi meu amor. - Por fim a Bae sorriu, tinha que admitir que havia se rendido, criança era seu ponto fraco.

- Yeji está aqui há dois, junto com sua irmã. - Disse a Park que já estava fora do quarto com a mulher que lhe acompanhava. - Ah, e você vai conhecer ela agora. Seulgi? Oi, essa é Joohyun, ela é nova aqui.

Seulgi? Joohyun ouviu certo?

- Ah. - Seulgi veio toda sorridente apertar a mão da Bae. - Nos conhecemos ontem, que bom te ver de novo Joohyun. - A maior a abraçou lhe deixando meio sem jeito, mas não era ruim, então Joohyun a abraçou de volta.

- Nós estávamos no quarto da Yeji. - A doutora disse e Seulgi assentiu.

- Conheceu minha irmãzinha? Ela não é uma fofa?

Hyun podia jurar que Seulgi fazia essa pergunta sorrindo animada pra ela.

- Sim, ela é um amor. Quantos anos ela tem? - Perguntou o que perguntaria mais tarde para Jihyo.

- Sete. Minha mãe morreu quando ela nasceu, então eu meio que criei ela. Depois que o pai dela descobriu que ela tinha nascido cega, deixou ela comigo e nunca mais deu notícias. - Lamentou a Kang, se expondo mais do que precisava.

- Ele deve ser um babaca, então a Yeji não tá perdendo nada. - Essa foi a resposta da Bae, em puro desdém.

- Pensando por esse lado sim, ele é um babaca e a Yeji não tá perdendo nada mesmo. E eu posso dar a ela todo amor que ela precisa. - Seulgi sorria enquanto via a doutora concordar com a cabeça.

- Seulgi, você pode ajudar Joohyun a se familiarizar com o lugar? - Dizia a Park enquanto olhava algo em seu celular. - Surgiu algo importante e eu preciso sair. - Assim saiu em passos apressados para fora, deixando Seulgi sozinha com Joohyun.

- E então. - Seulgi cruzou seus braços nos da mais velha antes de continuar. - O que vocês fizeram até agora?

- Só os quartos mesmo.

- E você já sabe onde vai ser o seu?

- Eu não vou dormir, moro perto, virei só três vezes na semana. - Explicou a Bae

- Ah sim! - Seulgi concordou com a cabeça pensando em onde poderia levar a mulher agora. - Tá com fome?

- Faminta!

- Ótimo, vamos conhecer a cozinha e aproveitar pra matar a fome. O que acha? - A Kang sorriu.

- Eu apoio.

- Perfeito. Mas primeiro vamos entrar outra vez, eu ainda não vi minha pequena hoje.

Assim que elas entraram Joohyun pode ouvir muito bem a animação da criança quando soube que era sua irmã quem estava ali.

- Seulgi Unnie, hoje eu conheci uma Unnie que vê tudo escuro como eu. - A garotinha dizia animada enquanto pegava a mão de sua irmã.

Seulgi olhava para Joohyun agora, parece que Yeji havia gostado de conhecê-la.

Just wanna see you - SeulreneWhere stories live. Discover now