Capítulo 6

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Dante Portinari

Sentado no sofá da sala comum do segundo ano. Era onde Dante estava, mas ele só sabia aquilo porque sentia o sofá, ouvia as pessoas ao seu redor conversando e sua própria irmã tinha falado que seria melhor se sentarem um pouco antes de seguirem caminho até os dormitórios.

—Se quiser, posso chamar o Thiago ou o Tristan, eles podem te levar ao dormitório sem problemas.

—Não precisa se preocupar irmãzinha, estou bem aqui por enquanto. Se precisar eu procuro os dois, ou outra pessoa que pode me ajudar. Você pode ficar à vontade, não precisa se preocupar tanto comigo, já conheço bem o lugar.

Sentiu o movimento no sofá, Beatrice estava se ajeitando, talvez estivesse tentando esconder seu nervosismo e a preocupação. Ela era assim desde o primeiro dia que viu Dante, quando Clara havia anunciado que aquele garoto era o novo irmão de Beatrice, que deveriam se entender e agir como tais, foi o que aconteceu, com muita facilidade.

—Dante, você também está preocupado sobre quem pode vir da outra escola?

Sim, ele estava muito preocupado. Quando Veríssimo disse que a o Internato Realitas havia aceitado pessoas da escola Santa Menefreda, Dante sentia o nervosismo dominar seu corpo, procurava a mão da irmã quase no desespero. Se preocupava com quem ele e Beatrice poderiam encontrar, quem eram as pessoas de sua antiga escola que voltariam a estudar na mesma turma.

—Estou muito nervoso, irmãzinha. Mas estou tentando não pensar nisso. Vai ser melhor assim, talvez podemos torcer para que aquelas pessoas não venham, talvez estejam em outra escola, não temos como garantir que vieram para cá.

Os pensamentos de Dante foram interrompidos por uma risada característica que vinha da direção da entrada, que estava atrás dele. Sentiu o sofá se mexer mais uma vez, sabia que sua irmã também tinha escutado aquela voz, provavelmente ela queria confirmar.

—E nós erramos. O Anthony está aqui, logo atrás vem o Henri e o Gal.

Aqueles três nomes fizeram com que Dante sentisse um arrepio ao redor de todo seu corpo. Eram os três rapazes que estavam completamente longe de serem amigos dele na escola Santa Menefreda. A cabeça de sua irmã encostou em seu ombro, conseguia sentir o perfume floral doce e suave que ela sempre usava, talvez Beatrice também estivesse bem insegura quando à situação, abraçou a irmã para tentar transmitir conforto. Passando as mãos finas pelo cabelo dela, disse baixinho, para que ninguém mais pudesse ouvir.

—Ei Bea, não precisa se preocupar, talvez eles tenham melhorado. Não sabemos o que aconteceu no primeiro ano, vamos acreditar que as pessoas podem melhorar.

—Espera. O que é aquilo? Rana e Nubi? Sem discutir?

—Bea. Detalhes, por favor.

—São a Rana e a Nubi, elas estão conversando. Espera. Estão de mãos dadas!

Dante não acreditava no relato de sua irmã. Lembrava de Rana e Nubi, as duas garotas passavam todos os dias discutindo e brigando, era difícil de imaginar que as duas estavam de mãos dadas.

—Viu? As coisas mudaram bastante mesmo.

Beatrice se moveu mais uma vez, ainda se apoiando no irmão. A dupla vivia se confortando, lembravam de como Clara ficou feliz ao ver a rápida adaptação de ambos os lados. Dante fechou os olhos ao pensar nos momentos como aquele que tinha com a irmã, mas sua paz acabou ao ouvir alguém bem atrás dele.

—Gasparzinho e a florzinha. Não sabia que vocês estavam aqui. Olhem! Henri! Gal! Parece que vamos nos divertir aqui.

A voz de Anthony estava cheia de sarcasmo, Dante percebeu que Beatrice havia se levantado do sofá, seguiu sua irmã e se virou na direção que tinha escutado a voz do garoto.

—Anthony, que bom que está bem.

Outra risada foi ouvida, aquela bem mais fria, foi rápida e Dante sabia muito bem de quem vinha. A pessoa não disse nada, mas o aperto na mão de Dante, que vinha de sua irmã, já imaginava que ela estava perdendo a paciência.

—Estamos ótimos, gasparzinho. Você e sua irmã nos abandonaram ano passado. Isso nos deixou tão tristes.

Beatrice soltou a mão de Dante, o irmão começou a ficar preocupado com o que ela poderia fazer, mas ela logo conseguiu o tranquilizar sem muita dificuldade. Ela sempre conseguia fazer isso.

—Henri, nós não abandonamos ninguém, fique tranquilo. Nossa mãe apenas achou uma escola melhor para nós dois. Espero que vocês se sintam bem aqui como nós nos sentimos. Agora, se derem licença, eu e o Dante precisamos organizar nossas coisas nos dormitórios.

Dante procurou o braço de Beatrice, que já estava com ele estendido. A dupla pegou as mochilas e começaram a andar pela sala. O garoto sabia que sua irmã estava procurando um dos dois garotos que iriam dividir o dormitório com ele, mesmo que já tivesse deixado bem claro que aquilo não era necessário. Estavam quase deixando aquela parte específica, quando uma mão cheia de anéis segurou o braço de Dante, que se virou como um impulso.

—Dante,gasparzinho, Gaspar. Não importa, tome cuidado com o que estão fazendo. Porque sim, eu Henri e Anthony podemos nos sentir muito bem aqui, fazendo com que vocês se sintam no inferno.

—Gal, acho que isso vai ser difícil desta vez, eu e minha irmã não somos só uma dupla mais.

O braço de Dante acabou sendo solto, mas ele sabia que aquilo não era um final. Tinha certeza de que aqueles três garotos realmente podiam fazer muita coisa para prejudicar a experiência dele e sua irmã naquele ano escolar, mas ele não deixaria que isso acontecesse e tinha certeza de que suas amizades fariam o mesmo.

—Achei eles dois. Vem, Dante.

Seguia sua irmã, que sabia muito bem como o guiar, já tinham se adaptado à velocidade e à maneira de andar. Logo chegaram em um lugar onde Dante conseguia identificar algumas vozes, Thiago, Tristan, Erin, Elizabeth e mais uma, que ele não reconhecia.

—Então sou eu e você no mesmo dormitório. É isso que o Thiago aqui está dizendo.

—Acredito que seja isso, é um prazer conhecer você.

—Oi gente.

A última voz era a de Beatrice, talvez querendo entrar na conversa. Mas Dante queria muito ir para seu dormitório naquele momento, evitar o ambiente onde Gal, Henri e Anthony se encontravam.

—Bea oi! Essa daqui é a Carina, ela é nova aqui. Carina, essa é a Bea e ao lado dela é o Dante, o irmão dela, provavelmente estamos na mesma turma.

Dante deu um pequeno sorriso com a animação de Erin para apresentar a garota nova, sabia que isso era típico da ruiva, era algo que ele gostava muito na amiga.

—Muito prazer, Carina. Espero que possamos desenvolver uma boa amizade neste ano escolar.

—O prazer é meu, Dante. E com certeza espero o mesmo.

As conversas continuaram por um tempo. Dante logo se aproximou de Thiago e pediu para que o levasse até o dormitório, que ajudou sem nem questionar. Tristan acompanhou os dois rapazes, antes de se despedir do grupo combinou de se encontrarem no pátio após todo mundo arrumar o que precisava.

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