Capítulo 21

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Arthur Cervero

A sala comum parecia mais vazia, já que as pessoas com quem Arthur conversava iam saindo do espaço. No final era ele, Dante, Beatrice e Tristan, mas essas pessoas já se preparavam para irem até os dormitórios, ele só torcia para conseguir conversar com Dante. Pendurou a mala do violão, a alça apoiada em seu ombro, foi em direção ao loiro para falar o que queria.

—Dante, posso te perguntar uma coisa?

Dante se virou para Arthur, com um sorriso tímido em seu rosto. Os dois rapazes tinham se aproximado no ano anterior, principalmente após Dante ajudar Arthur em algumas matérias. Não era uma amizade fácil de se explicar, mas funcionava.

—Arthur, claro. Só deixe eu fazer uma coisa.

A voz de Dante era calma, ele sempre parecia alguém tranquilo, o que levava Arthur a questionar os motivos para que o amigo ficasse naquele estado um tempo atrás, não parecia algo natural de Dante. O loiro voltou, depois de conversar com sua irmã e com Tristan, aquela outra dupla se afastou, indo para os próprios dormitórios.

—Desculpe. Precisava dizer para a Bea que estava tudo bem, o Tristan estava esperando pra ver se eu precisaria de ajuda pra ir até o dormitório.

—Entendi. Dante, eu queria perguntar uma coisa, mas não se sinta obrigado a responder.

A cabeça do rapaz mais alto tombou para o lado, como um sinal de confusão. Arthur segurava firmemente a alça da mala do violão, tentando se concentrar nas palavras que diria. Seu coração parecia que ia sair pela boca a qualquer momento.

—Pode perguntar, fique à vontade.

—A gente ainda vai estudar juntos esse ano?

O sorriso aumentou no rosto de Dante. Arthur não sabia se aquilo era algo bom ou ruim, só sabia que ver o garoto sorrir era algo que o animava, principalmente depois daquela cena que aconteceu.

—Se precisar, com certeza. Pode me chamar a hora que quiser, Arthur. Você sabe que normalmente estou na biblioteca, ou no meu dormitório. Além de que, pode me mandar uma mensagem se precisar estudar. Só não faz isso de madrugada, o Tristan e o Thiago podem não gostar da ideia do som de notificação enquanto dormem.

Os dois rapazes riram daquele comentário, realmente não seria uma boa ideia acordar os companheiros de quarto de Dante. Arthur não ficava acordado de madrugada, então então tinha como isso acontecer, diferente se fosse Cesar a pessoa que mandaria as mensagens.

—Pode deixar. Dante, eu queria te falar mais uma coisa.

—Aconteceu alguma coisa? Não me deixa curioso.

E de novo, as palavras pareciam tropeçar na garganta de Arthur. Ele não tinha certeza de quais escolher, como seria a melhor maneira de conversar sobre aquilo com Dante, mas ele sempre foi muito preocupado, não podia deixar os últimos acontecimentos para trás.

—Eu só queria deixar bem claro, que qualquer coisa que precisar, você pode contar comigo. Qualquer coisa mesmo, me chama, por favor. Não vou perguntar o que aconteceu, mas se você quiser conversar, eu estou aqui. Não guarde tudo dentro de você.

—Obrigado, Arthur. É um assunto meio complicado, mas é bom saber que tenho alguém com quem contar.

Dante fez algo que Arthur não esperava, mas retribuiu o abraço do garoto mais alto, era algo confortável. Os dois tinham muita coisa dentro de si mesmos, mas sabiam que podiam contar um com o outro para o que quer que fosse.

Depois do abraço, Dante disse que precisava voltar para o dormitório, alegava que Tristan logo começaria a se preocupar para o procurar e ele não queria algo assim. Os dois se soltaram e foram para os respectivos dormitórios.

No jantar não disseram nada sobre o que havia acontecido. Se Dante mencionou o assunto para Tristan ou Thiago, nenhum dos garotos decidiu falar sobre. Arthur achava melhor não contar logo de cara para Cesar e Joui o que tinha conversado com Dante, não sentia a necessidade de compartilhar algo tão simples. Talvez explicasse um pouco, se Joui insistisse muito para descobrir.

No dormitório, ficaram conversando sobre as expectativas para as aulas, mas foi algo bem rápido. Cesar estava prestando atenção em seu computador, Joui já se preparava para a noite. Arthur não demorou muito para dormir, mesmo com a ansiedade para o primeiro dia de aula.

A noite foi tranquila, Arthur abriu os olhos ao ouvir um alarme tocar em algum lugar. Ele tinha certeza que tinha certeza que seu celular estava completamente no silencioso, aquele toque não vinha de seu aparelho, olhou para um dos lados, vendo Cesar dormir na própria cama, do outro lado viu a origem do som, Joui segurava o próprio celular em suas mãos, o amigo olhou para ele, com um olhar preocupado.

—Me desculpa, Arthur. Eu esqueci de desligar o som do meu alarme, eu prefiro colocar ele bem cedo para arrumar tudo, pode voltar a dormir.

Mas ele já tinha perdido o sono, balançou a cabeça e coçou os olhos. Ele não ia conseguir voltar a dormir, podia aproveitar e arrumar algumas coisas também para o primeiro dia.

—Não se preocupe, Joui. Eu posso aproveitar pra organizar minhas coisas também.

Os dois falavam baixo, não queriam acordar Cesar. Sabiam que o amigo tinha dificuldade para dormir e como acordar ele sem necessidade era uma péssima decisão, tanto para o sono dele quanto para o humor.

Arthur começou a separar seu uniforme, que iria vestir depois do café da manhã. Joui colocava materiais dentro da mochila, tudo com muito cuidado e atenção. O rapaz decidiu que já era uma boa ideia tomar um banho, antes mesmo do café da manhã, Joui disse que faria aquilo depois da refeição.

Quando saiu do banho, Arthur vestiu uma camiseta branca e uma bermuda preta, calçou os chinelos em seu pé e saiu do banheiro logo após pentear os cabelos castanhos. Cesar ainda dormia, mesmo após o sinal para o café da manhã tocar.

—E ele ainda tá dormindo.

Joui comentava sobre o garoto que não se movia, dormia plenamente. Mas Arthur se preocupava com o amigo, sabia que o café da manhã era a refeição mais importante do dia, não podia deixar Cesar sem comer, precisava acordar o Cohen.

Foi até a cama do rapaz, que estava enrolado no lençol, completamente espalhado na cama. Vestia uma calça preta e camiseta roxa, tudo de Cesar parecia girar em torno daquelas duas cores, por algum motivo que Arthur não conhecia.

—Ei, Cesar. Hora do café da manhã, você precisa levantar.

Recebeu um resmungo como resposta, Cesar se revirava na cama, abrindo os olhos lentamente. Arthur tinha plena consciência de que o garoto dos cabelos pretos não iria pronunciar muitas palavras tão cedo, mas sentia os olhos de Joui ansiando por uma resposta, mesmo que não fosse pronunciar a pergunta para ela.

—Que horas você foi dormir, Cesar?

Nada foi dito, não com som pelo menos. Cesar levantou a mão, enquanto procurava os chinelos no chão, os dedos indicavam um horário, que chocou não só Arthur, mas Joui também.

—Cinco da manhã, Cesar? Você tem que arrumar seu horário, isso é vai te fazer bem nenhum.

O garoto coçava os olhos, enquanto se levantava da cama. Pegou o elástico de cabelo na mesinha ao lado da cama e prendeu os fios escuros em um rabo de cavalo meio bagunçado, apenas para não precisar pentear naquele momento.

—Joui, não vamos falar dos meus péssimos hábitos antes de comer alguma coisa, por favor.

Cesar já estava andando até a porta do quarto, Arthur não ia questionar a decisão do amigo de ir ao refeitório vestindo pijamas e Joui também não parecia disposto a iniciar uma confusão entre eles tão cedo. Os três saíram para a sala comum, já se encontrando com o resto do grupo e foram tomar café da manhã, o primeiro dia iria se iniciar.

Internato RealitasWhere stories live. Discover now