— Bom, não muito. Não nos vimos desde que voltamos. — Agnes estranhou a reação de Helena.

— Oh, tem razão.

Após decidir não deixar que suas paranóias à consumissem para algo tão banal, Helena e os outros finalizaram seu jantar e se despediram.

Antes de dormir, Agnes desfazia o resto de suas malas. Helena esperava, deitada na cama.

— Quer que eu cuide disto para você? — apontou para as malas restantes.

— Não! — a assustou — Amanhã eu resolvo. Venha. — estirou os braços, chamando-a para deitar.

Por fim, dormiram e Helena conseguiu esconder a caixinha que estava guardando, por mais uma noite.

No dia seguinte, Alba, Lutero e Millo chegaram. Helena, após deixar Alba abraçar e esmagar sua filha, a roubou para si, para que conversassem e fofocassem.

Lutero, Millo e o Cão — que também viera junto — estavam no quintal dos fundos.

Helena contou tudo, absolutamente tudo pelo que havia passado nos últimos tempos. Se emocionou junto de Alba ao contar sobre corresponder os sentimentos de Agnes e agradeceu à mulher mais velha por tê-la encorajado à fazer a surpresa com o ateliê, aproveitando, mostrou o cômodo encantador que havia ganho.

Depois do almoço, a família seguia tomando vinho à mesa, quando Agnes pediu licença por um segundo, indo até a cozinha.

Helena aproveitou a chance e esgueirou-se até o quarto, jogando peças e mais peças de roupas para fora da mala, alcançando a caixinha de couro.

Havia dito extremamente difícil providenciar aquela peça. Usava do tempo em que Agnes estava fora, resolvendo seus assuntos e visitava um joalheiro, que a ajudou com muito prazer.

Ao chegar de volta à companhia dos outros, com as mãos nas costas, encontrou Agnes em pé, ao lado da mesa, com os braços para trás.

Ambas se encararam e Agnes pediu silêncio por um instante.

Suspirou e encarou os olhos da mulher que amava.

— Eu gostaria de falar algumas palavras. — seus parentes se atentavam — Sabem que não sou muito boa com elas, mas tentarei transmitir meus sentimentos, como Helena me ensinou. Papai, Millo. Sinto que não conversei o suficiente com vocês sobre isto mas... — Lutero lhe sorriu — Eu sou absurdamente apaixonada por Helena. Eu amo esta mulher com tudo o que tenho.

— Ah, isso estava meio na cara! — Millo exclamou e levou um peteleco ardido de sua mãe.

— Sabia que sempre foi você, para mim? — agora se dirigia à Helena, que estava à alguns metros de si —  Mesmo quando era apenas uma criança, sem nenhuma compreensão sobre o amor que sinto hoje, sempre foi você à me desconcertar. Na época eu não consegui entender o por quê doeu tanto partir para longe de você. — soltou um riso curto — Como doeu, Helena. E é incrível como, mesmo estando mais longe do que pensava de você, ao sentir as primeiras fisgadas de paixão em meu peito, foi por você que meu coração decidiu bater mais forte. — Agnes deu alguns passos em direção à Helena. Não percebia, mas Alba tinha os olhos marejados, Lutero um semblante carinhoso e Millo, um sorriso enorme.

— Agnes...

— Nós temos todo o tempo do mundo ao favor do nosso amor, mas escolhemos agir como se estivessemos sempre com pressa. E eu sinto isso. Esta afã de estar ao seu lado. Esta vontade de você. — quando um de seus joelhos tocou o chão, Helena sentiu as pernas tremerem e a garganta trancar — E é por isto, que não quero esperar mais para que você seja minha. Helena, quer se casar comigo.

Não houve silêncio. Helena se ajoelhou à frente de Agnes, aos prantos, enquanto observava o anel deslumbrante que havia nas mãos dela.

Chorava copiosamente, segurando na lapela do blazer de Agnes, que também deixava algumas lágrimas caírem.

— Você é impossível, sabia? — mostrou as alianças que tinha comprado — Eu queria... — respirou fundo e se levantou, puxando Agnes junto.

— O quê...?

— Agnes, casa comigo?! — segurou as mãos brancas de Agnes entre as suas, fazendo com que arregalasse os olhos e a boca.

O silêncio de confusão foi quebrado pela gargalhada de Millo, seguida por uma outra.

Pietro e Alexandre estavam parados à porta. O primeiro, rindo tanto quando o irmão de Agnes.

— Agnes. — Helena chamou a atenção para si. Olhou para os quatro anéis que tinham entre as mãos das duas.

— Você é que é impossível. É claro que caso com você!

Enfim, puxou Helena pela cintura, abraçando-a e sanando sua vontade de beijar seus lábios. Pietro e Millo aplaudiram, fazendo muito barulho com assovios e gritos, sendo seguidos pelos outros três.

Mais vinho foi aberto, muitas lágrimas rolaram e abraços foram distribuídos aos montes. Uma pequena festa em comemoração foi surgindo.

Neste momento, Alba e Alexandre estavam na cozinha, conversando sobre as péssimas habilidades do homem ao cozinhar. Lutero se sentia mais pai do que nunca, estava transbordando de orgulho da filha e tinha seu filho no tapete da sala, sentado com Pietro e o Cão. Aqueles dois eram crianças em corpos enormes de marmanjos.

Agnes estava limpando a mesa de jantar, quando olhou para a porta dos fundos. Viu Helena parada, de costas para si.

Terminou a limpeza e foi até lá. A encontrou de olhos fechados e o rosto virado para cima, em direção às estrelas.

Abraçou-a delicadamente por trás e a ouviu suspirar, sorrindo.

— Está tudo bem?

— Melhor do que nunca. Estava pedindo a benção de minha mãe para o nosso... — levantou a mão com dois anéis de brilhante num único dedo, Agnes fez o mesmo — casamento. Acabamos com quatro alianças! — deu risada.

— Amanhã podemos ir até um joalheiro para transformar os dois anéis em um só, se você quiser.

— Podemos até modificar, mas gosto que sejam dois. É uma lembrança peculiar que quero manter. — encostou a cabeça no peito de Agnes — Se alguém perguntar, direi: "minha esposas estragou meus planos de pedir sua mão, e pediu a minha antes!"  — riu mais um pouco, sendo acompanhada por Agnes.

— Você consegue deixar tudo melhor, sabe disto não é?

— Eu sei!

Ficaram ali observando as estrelas por mais alguns minutos. Até que Helena pensou no futuro, mal podia esperar por ele. Gostaria de fazer planos com Agnes e se adaptar às situações com ela.

— Parei para pensar em como serão as coisas, daqui para frente. Em breve, seremos definitivamente um casal.

— Te assusta pensar que muitos não nos aceitem.

— Um pouco. Mas, mais do que nunca eu me sinto pronta. Se você estiver ao meu lado para sempre, os ignorantes podem vir.

— Eu estarei. Para sempre.

Helena virou se de frente para Agnes, com as mãos juntas atrás de seu pescoço, tendo o quadril amparado por ela.

— Prometa-me.

— Eu prometo à você.

Suas histórias foram entrelaçadas, à princípio, com uma promessa. Uma nova fase começaria, e não podia ser diferente. Um beijo apaixonado sob a noite mais estrelada do ano foi o necessário para selar aquela promessa.

Promessa esta que Agnes e Helena honrariam até o final de suas vidas.

FIM.

N/A: Muitíssimo boa noite, à todo mundo! Com essa sequência de iti malia pra lá e pra cá, nós chegamos ao final de "Prometa-me", pretendo escrever uma notinha ao final da fic, pra agradecer direitinho todo mundo que me acompanhou nessa história comigo.
A gente se vê loguinho 🖤

Prometa-me / [versão não revisada]Onde histórias criam vida. Descubra agora