Capítulo 1

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A pequena, porém calorosa família de Agnes, composta por ela, seu irmão Millo e seus pais, Alba e Lutero, não possuía muitas posses, mas viviam, de certa forma, bem, comparados à outros que conheciam.

O patriarca da família era um dos ferreiros mais notórios do povoado, enquanto sua esposa, era uma exímia costureira, responsável pelas vestes dos camponeses e até mesmo de alguns soldados da guarda real.

Acontece que, o irmão mais velho de Lutero veio à falecer há pouco, e deixou para seu irmão e cunhada, uma pequena taverna, que seria mais uma renda de provimentos à família.

O homem, que haveria de contar com mais pessoas para tocar o mais novo negócio da família, o administraria, junto de sua esposa.

Atolados de trabalho até o pescoço, os adultos possuíam mais uma inquietação.

Agnes e Millo.

Crianças não podem acompanhar o pai à forja, muito menos brincarem envolvidos em tecidos e couro, na sala de costura de sua mãe, quem dirá ficarem ao chão de uma taverna. Então, uma governanta foi convidada à trabalhar na casa.

A adorável senhora Joana seria responsável pela casa e os filhos do casal, enquanto estivessem ocupados. Ela e Alba, já conhecidas, ficaram mais que satisfeitas em poderem ajudar uma à outra.

A questão é que Joana se tornara viúva recentemente, então, precisava retomar sua vida, após o luto. Um emprego novo era uma ótima oportunidade, assim poderia sustentar com dignidade a si mesma e sua filha.

Helena era uma menina encantadora. Foi acordado entre as adultas, que a jovem acompanharia sua mãe até a casa da família, já que não havia ninguém para com quem deixá-la após os estudos.

Alba se encarregava de banhar Agnes, quando contou que, no dia seguinte, ela e o irmão conheceriam uma pessoa especial.

— E vocês poderão brincar com a filhinha dela, sabia? — tagarelava com a filha sobre Joana e Helena, introduzia a ideia para sua garotinha, enquanto lavava seus curtos cabelos loiros.

A criança apenas a encarava, com seus olhos esverdeados. Agnes era uma criança tímida e de poucas palavras, mas suas íris eram demasiado expressivas.

Millo era o completo oposto de sua gêmea. O garoto era como um furacãozinho. Gostava de conversar, de abraçar e estava sempre brincando. Estava neste momento, brincando debaixo da cama, com seus bonecos feitos de sobras de tecido.

Com as crianças devidamente limpas, era hora de dormir, mas Millo fazia questão de contar para sua mãe como fora seu dia, falando à beça. Até que dormiu, vencido pelo cansaço. Alba deixou um beijo na testa de seu pequeno e olhou para a garotinha na cama ao lado. Foi até lá e lhe deu o mesmo beijo, deixando-a no quarto, com uma fresta aberta na porta, e então seguiu para o andar inferior. Ainda tinha trabalho a fazer antes de poder ir para a cama.

No dia seguinte, Lutero saía antes do sol nascer e Alba se trancava no pequeno cômodo ao fundo de sua casa, para trabalhar, enquanto, deixava que seus filhos e sua nova governanta se conhecessem.

Millo já estava completamente à vontade com Joana e sua filha. Enquanto a mulher se encarregava das tarefas diárias na residência, o rapazinho à seguia, curioso e falante. A adulta, habituada com crianças, o entretia como foi possível. O pequeno era espoleta, mas não a atrapalhava em nada, então, não achou ruim ter um amigo durante seus encargos.

Já, na cozinha, Helena se sentava em uma das cadeiras da mesa de jantar, lendo um livro enorme. Se sentiu observada e olhou em volta, encontrando, na ponta da mesa, dois olhinhos curiosos. Era a pequena filha da senhora.

— Olá! — fechou seu livro e se levantou, ajeitando a saia. — O que está fazendo escondida aí? — foi se aproximando da criança, que a fitava por detrás da mesa. Quando chegou perto o bastante, sorriu para ela.

Não obteve respostas da garotinha e estranhou.

— Você sabe falar?

A pequena fez que sim com a cabeça, olhando para a adolescente.

— Então, qual é o seu nome? — ficaram em silêncio por um instante — Eu me chamo Helena. — sorriu.

— Agnes. — foi tudo o que a garota respondeu, e se sentou na cadeira ao lado daquela antes ocupada pela adolescente. Então, esta voltou para o seu lugar, olhando com estranheza para aquela criança. Voltou a ler seu livro, quando percebeu que ela não sairia dali. Ficaram em silêncio o tempo todo, Helena sentia os olhos incansáveis de Agnes sobre seu livro. — Quer ler comigo?

Mais um gesto com a cabeça. Desta vez, ela mostrava que não. Não queria ler.

Helena suspirou. Ela seria sempre silenciosa assim?

A resposta veio com o passar dos dias. Uma rotina foi criada.

Helena chegava cedo com sua mãe à casa da família. Então, ela e os pequenos, iam até ao pequeno educandário que havia próximo ao povoado, e voltavam juntos para a casa. Lá, Helena ajudava a mãe com o almoço. Nesta hora, os pais das crianças se juntavam à eles, eram uma família ótima. Antes dos adultos voltarem ao trabalho, conversavam bastante durante a refeição, coisa que a jovem estranhava um bocado, mas gostava.

Quer dizer, nem todos conversavam. Agnes se limitava a comer e prestar atenção ao que era dito.

Quando todos voltavam aos afazeres de praxe, as crianças se dispersavam. Milo passava horas brincando no quintal, com alguns amigos vizinhos e sob a supervisão da mãe de algum dos garotos.

Já Agnes, seguia Helena pela casa. A jovem, ora ajudava a mãe em algumas tarefas, ora passava seu tempo como queria. Neste ponto, já se sentia mais à vontade com a garota por perto e a percebia menos tensa também. Já falava com alguma frequência e era uma boa ouvinte.

A adolescente dobrava algumas roupas recém limpas, enquanto conversava com Agnes, que se sentava em sua cama.

— É muito legal que a senhora sua mãe faça roupas para os guardas reais! Meu sonho é ser alfaiate real, sabia? — sorriu, enquanto guardava a última peça na cômoda. Se referia à mãe de Agnes — Quando eu for, vou fazer vestidos para a princesa e todas as vestes reais!

— Você sabe fazer vestido? — Agnes perguntou. Era sempre uma surpresa para Helena ouvir a voz da garota, nunca se acostumava.

— Bem, ainda não, mas, eu já sei costurar. Agora, apenas preciso aprender o resto, não deve ser difícil.

— Para a minha mãe é fácil. Por que não aprende com ela?

— A sua mãe é muito ocupada, Agnes. Não teria tempo de me ensinar. Mas eu ficaria feliz se ela pudesse. — lançou um sorriso deslumbrante para a garota.

A pequena pensava, por um instante. Era simplesmente pedir, que sua mãe ensinaria Helena à fazer vestidos para as princesas, ora!

Agnes decidiu então que se empenharia para ajudar a adolescente à fazer roupas para as pessoas que moram no castelo, assim, ela ficaria feliz.


N/A: Boa noite gente! E... começou a história nova hehehehe. Esse primeiro capítulo é só uma introdução ao núcleo principal de personagens, cenário e tudo.

Eu costumo postar todos os dias (menos de domingo), entre 23h e 00h ok?

Cês gostaram de conhecer as meninas, gente? Vão deixando comentários que eu AMO fofocar no meio do livro KKKKK

A gente se vê segunda🖤

Prometa-me / [versão não revisada]Onde histórias criam vida. Descubra agora