Capítulo 9

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Nunca, na história da vida de Helena, três dias se passaram tão rápido. Neste meio tempo, passou a odiar com todas as forças o homem morto que um dia chamara de pai.

A vendeu, com a desculpa de que queria que a garota tivesse uma vida melhor. Era provável que o homem tivesse pego o dinheiro que o Conde Hawise pagara por ela e gasto com bebidas, pois Joana nunca sequer soube dos planos do marido.

E as duas tentaram. Procuraram mesmo que sequer um resquício do pagamento pela garota ao redor da casa, mas não, o homem havia sumido com tudo.

Então, Helena começou a se preparar para deixar sua vida para trás. Comunicou Alba - que ficou profundamente entristecida pela situação -, juntamente das poucas, porém leais clientes que conquistara com seu trabalho.

Mais uma carta foi entregue às moças. O Conde viria pessoalmente buscar Helena.

"Que maravilha! Verei logo cedo a face nojenta do velho que comprou-me"

Foi o pensamento da garota. Estava ensaiando suas feições, falas e trejeitos. Queria deixar claro que só concordaria com o casamento, se sua mãe morasse com ela, seja lá onde fosse que a acomodariam.

Mesmo sabendo que seu futuro marido seria um homem de muitos bens, ainda estava incerta sobre suas provisões. Então, ela, junto de Joana, venderam tudo o que puderam de sua pequena casa, incluindo o imóvel antigo e com poucos cômodos.

Doeu ver seus tecidos sendo levados, mas não se desfez de seus materiais, que foram dados de presente por Alba. Como sentiria falta de sua segunda mãe, sua tutora. Lutero faria muita falta também, era triste deixar o povoado.

Estavam sentadas num canto da sala vazia, quando ouviram a batida forte na porta. Era ele.

Agora, não há mais volta.

Joana abriu a porta, e educadamente recebeu o mesmo garoto dos recados de outrora. Ele adentrou o pequeno recinto.

Helena se levantava, ajeitando a saia, enquanto o homem entrava na casa.

Quando levantou o rosto, assustou-se.

Um rapaz, com mais ou menos uns vinte e tantos anos, cabelos pretos tal como ébano e olhos castanho escuros. Parecia contrariado.

- Vamos. - a voz dele soou seca pelo ambiente.

- Eu só vou se minha mãe for comigo!

- Que seja. - deu as costas à todos e seguiu para a carruagem, sendo seguido por seu criado e as duas moças.

O caminho até a residência do Conde foi feita em silêncio. Joana e Helena se sentavam lado à lado, desconfortáveis.

Só se deu conta de que entrava em territórios reais, quando a carruagem parou e a chegada do Conde foi anunciada.

Quando os cavalos trocaram em direção às mansões que eram distribuídas residências dos nobres, que viviam por ali, perto da família real.

Ao serem conduzidas para dentro, foram instruídas a se banharem e se apresentarem na sala de jantar em uma hora.

As mulheres, que estavam acomodadas em um quarto, que possuía o tamanho equivalente à duas de sua antiga casinha. Estavam embasbacadas com o luxo do lugar. Sequer haviam pisado em algum lugar próximo daquilo em suas vidas.

Quando desceram, se sentaram à mesa, onde foram instruídas à esperar pelo Conde e seu filho.

Então, o rapaz de antes, tão bem vestido quanto outrora, entrou, acompanhado com um homem mais velho. A semelhança entre eles era assustadora.

O mais velho se sentou à ponta da mesa e seu filho, ao seu lado direito.

Criados serviam seus pratos e um silêncio ensurdecedor pairava sobre o ambiente.

Depois de dar algumas garfadas, o homem finalmente se pronunciou.

- Então, você é a filha daquele cafajeste, tive afazeres e não pude buscá-la em pessoa.

- Sou. - a voz de Helena tremia, a presença do homem era sufocante.

- Sabia que está atrasada? Dois anos, mais especificamente. - disse, enquanto bebia um pouco de vinho.

- Como?

- Eu paguei uma quantia exorbitante em moedas de ouro ao seu pai, por você. - apontou o garfo banhado à ouro, para a garota - Sabe o que eu recebi em troca? Nada. Tive que mandar um de meus empregados até aquele fim de mundo, atrás dele, mas ele sumiu com o dinheiro.

- Senhor, se me permite... - Joana começou - Meu marido faleceu, há dois anos. Nós não sabíamos do seu acordo, então...

- Morreu? - o Conde riu - É mesmo uma pobre mulher ingênua, se acredita numa calúnia como esta. Seu marido desavorou-se para bem longe, com o meu dinheiro.

- E eu estou aqui, não estou, senhor? - Helena falou.

- Ah, está... - ele sorriu e ela estremeceu-se. - Já deve ter conhecido meu filho. É este que vê que irá desposá-la.

Helena suspiraria, aliviada, se a situação fosse diferente. Não era o velho, afinal. Mas, quando os olhos gélidos do rapaz encontraram os dela, não soube dizer se estava, realmente sentindo-se melhor.

- O casamento será grandioso e logo. Já esperamos o suficiente!

- Quando, senhor? - o filho perguntou formalmente ao pai.

- Temos alguns preparativos, à resolver, mas será o mais breve possível, meu filho. Tudo voltará ao seu modelar, como deve ser.

Então, o homem limpou os lábios com um guardanapo e levantou-se, saindo do ambiente.

Os outros três permaneceram ali. O filho do Conde voltava a alimentar-se, já Helena, estava mais confusa do que nunca, assim como sua mãe, que encarava um ponto aleatório da grande mesa à sua frente.

Por que é que um Conde pagaria tão caro pela filha de um simples construtor?

Seu pai havia mesmo morrido, enquanto trabalhava?

Muitas perguntas preenchiam a mente da adolescente, e daria um jeito de descobrir tudo o que pudesse.


N/A: Inhaí, família. Que povo animado, né não? Só se de uma coisa: as mulheres desse livro não tem UM MINUTO DE PAZ KKKKKK
Quem tá com saudade da nossa pitiquinha? Jajá ela aparece 👀
Até amanhã 🖤

 Que povo animado, né não? Só se de uma coisa: as mulheres desse livro não tem UM MINUTO DE PAZ KKKKKKQuem tá com saudade da nossa pitiquinha? Jajá ela aparece 👀Até amanhã 🖤

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