Capítulo 32

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Foi uma noite cheia de emoções e revelações. Agnes e Helena estavam exaustas.

Mas dormir, de fato, estava sendo difícil.

Agnes era uma mulher que convivera com homens durante boa parte de sua vida. Por sorte, seus amigos mais próximos e seu irmão eram exemplos de homens com princípios e respeito às mulheres, mas no quartel, haviam pessoas que não eram exatamente decentes.

Já ouvira todo o tipo de fofoca sobre comportamento invasivo da parte dos homens para com suas esposas, ou companheiras de noite. Com toda certeza não gostaria de ter um comportamento assim, Alexandre a criara bem de mais para isto.

Então, Agnes estava dormindo num amontoado de cobertores e lençóis no chão da sala.

De fato não era muito confortável e tampouco se sentia aquecida. Não era capaz de dormir por dezenas de motivos, mas sua consciência estava limpa.

Sabia com plenas convicções que não estava forçando Helena de nenhuma forma.

Pensava que poderia ser desconfortável para ela dormir com Agnes, naquela situação. Talvez pensasse que ela estivesse com intenções maliciosas ao dividirem os lençóis, ou que fosse se aproveitar do contato físico.

Acontece que Helena ainda tinha problemas para dormir sozinha, quando sabia que Agnes estava há apenas alguns metros de distância.

Achou aquilo tudo uma bobagem e, às três horas da madrugada, se levantou, de mau humor e, carregando um travesseiro, foi até a sala.

Viu Agnes encolhida entre os panos e usou a pouca força que tinha nos braços para jogar o travesseiro ali.

— O que é isso?! — Agnes se sentou, assustada. Os cabelos estavam bagunçados e o pijama torto em seu corpo.

— Eu não consigo dormir! — Helena estava irritadiça, tanto quanto uma criança fazendo manha.

— Eu também não.

— Ora, então vamos! — e saiu andando, de volta para o quarto. Agnes ficou sentada, ainda processando o ocorrido — Agnes! — Helena a chamou do andar de cima, despertando-a.

A mulher chegou ao quarto, com os cobertores e travesseiros. Ajeitou tudo sobre a nova cama que havia no quarto. Desta vez era uma cama de casal, de verdade.

Mas o tamanho não fez diferença. Não importou o quão espaçoso fosse o colchão macio. Assim que finalmente adormeceu, Helena se agarrou ao corpo frio de Agnes, aquecendo-a. Só assim, ambas puderam dormir.

No dia seguinte, acordaram um pouco mais tarde do que o habitual. Nevava lá fora e ambas estavam enterradas sob um mundo de panos quentinhos.

A primeira a se levantar foi Agnes. Levou um tempo para se habituar ao ambiente. Mas assim que estava devidamente desperta e de banho tomado, conferiu se havia lenha para acender a fogueira, saiu para verificar como estava seu cavalo no estábulo e passou no quartel, para saber a situação das tropas no palácio. Tudo estava nos conformes, então voltou para casa, onde, assim que entrou, sentiu o cheiro delicioso de café.

O sol despontava no horizonte um tanto mais tarde, por ser inverno. Helena andava pela residência com um cobertor grosso ao redor de seu corpo, como uma capa.

Tomaram café e enquanto isto, conversavam sobre sua relação.

— Então, o que você acha sobre o que falamos ontem?

— Eu estou disposta à te dar todo o espaço necessário e te ajudar a entender seus... possíveis sentimentos. — Agnes deu um sorriso contido ao dizer as últimas palavras.

— Está adorando isto, não é?

— Não pretendo disfarçar.

— Será como nos romances! — e a parte romântica e compulsiva por livros de Helena deu às caras — Na biblioteca de Randall, haviam muitos livros encantadores. Me sinto uma pobre camponesa prestes à ser conquistada por um príncipe. — gargalhou alto, divertindo Agnes.

— Há apenas pequenas diferenças, coisas sutis. — observou Helena segurando a risada — De pobre você não tem nada e seu príncipe é um soldado... — o rosto dela ficava cada vez mais vermelho — que é uma mulher.

A gargalhada veio mais alta que nunca e Agnes se deu o luxo de rir mais alto também.

— Será que algo assim já aconteceu?

— Suponho que sim. Imagino que muitas pessoas como nós têm suas próprias histórias de amor para contar. E assim como os amores vistos como corretos, têm uma infinidade de possibilidades e finais.

— Histórias de amor... Isto é bonito.

— É bom que enxergue assim. Muita gente não têm o mesmo pensamento e podem tentar nos machucar.

— Acredite, eu sei bem do que fala. — pensaram mutuamente em Randall — Acredite ou não, acho que estou com menos medo do que deveria.

— Eu não tenho medo. — aquilo era mentira, mas Helena não precisava saber.

A garota olhou para a janela, o sol quase chegava à pino.

— Você tem que ir?— perguntou à Agnes.

— Infelizmente sim. Além de ter que deixar você, terei que ver a Princesa.

— Milena?! O que há com ela?

— Ela te espera no palácio do pai, lembra-se?

— É verdade... Bem — Helena se levanta —, vou até lá recusar sua proposta, educadamente.

— Tem certeza disto?

— É claro! Por que não? — franziu o cenho — Não gosta da princesa.

— Não. Mas se sente melhor fazendo isto, eu a levarei até ela.

— Não, espere! Aconteceu algo entre vocês?

— Nada para se preocupar.

— Tem que me contar! — se aproximou — Por favor?

Agnes suspirou.

— A princesa também tem sentimentos — enfatizou a palavra — por você.

— Somos amigas! — Helena sorriu.

— Eu sinto em dizer que acredito que ela não tem apresso pela sua amizade, para ser mais exata. Tivemos uma conversa atribulada, enquanto você estava lá fora.

— É mesmo? — o rosto mostrava aflição.

— Ela me disse que há coisas que ela pode te dar e que eu não podia. Que estava sendo egoísta por te prender comigo. — os lábios de Helena se separavam em choque, ao ouvir — Também deixou claro que te daria um... tratamento especial — neste momento, não parecia, mas dentro dos bolsos, os punhos de Agnes se fechavam —, e que não gostava de homens.

— Eu não... — Helena se sentou — Ela disse que gostava do meu trabalho.

— Pode ser que goste, Helena! Você é excelente no que faz, mas o interesse dela parece ser focado em você. — Agnes passou a mão pelos cabelos — E então, me pediu para levar você para o castelo de seu pai. Para levar-lhe para ela.

Helena se levantou, respirando fundo.

— E você vai. Nós vamos até ela!

— Nós vamos?

— Sim. E você — se aproximou e segurou o colarinho de Agnes, ficando na ponta dos pés — vai me ajudar a mostrá-la que ela não pode me ter.


N/A: Buenas notches, meus anjinhos. Parte dois da att dupla pra começar a semana bem! Espero q vcs gostem dos mimos pq nesse cap teve boiolice, Helena fanfiqueira e altas fofocas.
A gente se vê amanhã 🖤

Prometa-me / [versão não revisada]Wo Geschichten leben. Entdecke jetzt