Wolf Girl // J. Hale

Alice's Story

Milwaukee Wisconsin
1931

-Aonde você pensa que vai? - Edward perguntou, parado à porta do quarto de Alice enquanto a garota colocava as luvas.

-Preciso estar em um lugar daqui a pouco.

-Você e suas visões misteriosas. - ele bufou.

-Você não precisa gostar de todas elas. - retrucou.

-Crianças, não briguem. - Esme pediu, entrando no quarto e entregando um casaco para Alice. - Aqui, meu amor.

-Você sabia sobre isso? - Edward perguntou.

-Eu sempre sei do que acontece sob meu teto, filho. - Esme deu um sorriso maternal. - Boa sorte.

-Viu? É assim que você precisa agir. - Alice mostrou língua para o irmão, como se fossem crianças.

*

-Alice? Isso é o paraíso? Eu morri? - a voz dele saiu num sussurro.

-Vai ficar tudo bem, meu amor. Só aguenta mais um pouco, meu amor. Vai ficar tudo bem.

-Um café, por favor.

-Que chuva, hein? - Alice disse. Os cabelos cor de mel escuro estavam ensopados, assim como a maior parte da roupa. - Não deveria ficar andando sem guarda-chuva. Ou sair de casa.

-Meu pai me expulsou de casa há duas noites. - ele resmungou. - O café daqui é de graça, então tudo bem.

-Onde tem dormido, se me permite perguntar.

-Becos cobertos. - ele balançou os ombros. - Não há muito o que fazer quando se tem dezoito anos e desempregado, principalmente com a última crise.

-Por que foi expulso de casa? - claro que ela já sabia a resposta. Já sabia, na maioria das vezes.

-Aparentemente, não dá para criar uma criança de três anos e um adolescente de dezoito ao mesmo tempo. - resmungou. - Minha mãe morreu de gripe, meu pai arranjou outra mulher e um filho. A mulher o deixou assim que ele faliu, mas deixou a criança.

-Se vai me contar sobre sua vida, é melhor nos apresentarmos. - disse, esticando a mão para ele. - Sou Alice Cullen.

-Andrew Covey. - ele apertou a mão dela. Era quente contra a dela, e incrivelmente calejada para quem alega estar dormindo na rua há apenas dois dias.

Homens, nunca conseguem não mentir.

*

-Moro ali. Obrigada por me acompanhar, Andrew. - ela sorriu.

-Obrigada pela rosquinha, senhorita. - ele sorriu e começou a se afastar.

-Ei! - ela chamou e ele se virou. - Me encontre lá amanhã, às seis da tarde.

-Como desejar, Alice. - ele meneou a cabeça com um sorriso e voltou a andar em direção a rua.

Alice se virou e entrou em casa, apenas para encontrar um Edward enfezado, com os braços cruzados sobre o peito, olhando-a com a sobrancelha erguida.

-Ah, saia do meu pé.

-Não gostei dele.

-E você gosta de alguém, Edward? - Alice retrucou. - Se eu fosse fazer minha vida baseada no que você gosta, nunca seria feliz.

-Não é para tanto. - Edward bufou.

-Ah, é sim! - Alice retrucou, subindo as escadas para o quarto com o irmão atrás. - Esma, olha Edward me infernizando aqui!