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Julie Molina

São exatas onze e trinta e cinco da noite e estou neste momento entrando pelo portão da propriedade da mansão. Estaciono o meu carro no pátio e logo Clay se aproxima.

- Boa noite, senhorita Julie! - ele diz estendendo a mão para pegar as chaves do carro.

- Boa noite, Clay! Como foi o seu dia? - pergunto entregando as chaves.

- Bom, eu não fiz nada fora do normal. - ele diz rindo. - E o seu?

- Foi especialmente produtivo. - digo sorrindo. - Por que não tira uma folga, Clay? Você trabalha dia e noite. Vá para casa e tire uma boa folga!

- Eu não sei se posso... - ele diz coçando sua cabeça grisalha.

- Pode sim! Eu estou autorizando! - digo.

- E o seu pai? - Clay pergunta preocupado.

- Não se preocupe com ele. Apenas tire sua folga, ok!? - digo e ele abre um sorriso aliviado.

- Muito obrigado, senhorita Molina! - ele sorri agradecido. - Paul ficará no meu lugar.

- Não precisa agradecer! Tudo bem. - digo saindo de lá.

Paul é o outro motorista da casa, mas ele é mais novo que Clay e trabalha a menos tempo por aqui. Sigo para dentro da mansão. Assim que abro a porta, dou de cara com Steven.

- Boa noite, Steven! - digo com um sorriso.

- Boa noite, Julie! Está de bom humor. O que aconteceu? Encontrou o príncipe encantado feito de doces que você tanto falava quando era criança? - ele pergunta sorrindo.

Talvez, Steven...

- Ainda se lembra disso? - pergunto sorrindo.

- Me lembro de muitas coisas de sua infância. Me lembro de todas as vezes que você caiu enquanto tentava descer as escadas escorregando pelo corrimão, lembro de todas as confusões que você arrumava com as "patricinhas" da escola. Você se lembra quando socou aquele garoto e depois jogou ele na lixeira da escola porque ele estava batendo no Carlos? - Steven pergunta e eu rio ao me lembrar.

Depois do que eu fiz com aquele garoto, ele evitava até olhar para mim. E, também não é para pouco, o garoto saiu quase desmaiado de dentro da lixeira, enquanto eu ria dele junto com as outras crianças e Carlos.

Ainda me lembro de todos os garotos do grupinho de Mick com caras de confusão e incredulidade ao ver as pernas do garoto inquietas, enquanto sua cabeça e metade do seu corpo estavam totalmente afundadas no lixo.

Eu era uma pequena e adorável máquina de arrumar brigas. E, bom, não quero me gabar, mas eu ganhei a maioria delas.

- Mick Turner, no terceiro ano. Quase fui expulsa daquela escola no mesmo dia. Carlos também parecia um saco de batatas, ele não reagia, coitado. Aí, eu tinha que comprar as brigas por ele. - digo e rimos juntos.

- Não queria estragar todo esse momento de lembrança, mas, o seu amável noivo a espera na sala de refeições. - Steven revira os olhos ao falar de Rafe.

- Diga a ele que eu morri, por favor. Steven, eu estou implorando. - digo indo para as escadas.

- Acho que ele não acreditaria em um empregado qualquer. - Steven diz franzindo seus lábios enrugados e finos.

- Se ele falar isso de novo e eu não estiver por perto, por favor, mande ele se foder, por mim. - digo descendo os dois degraus que eu já havia subido.

Boss (JUKE)Onde histórias criam vida. Descubra agora