Purple hyacinth

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Jacinto roxo: os jacintos são flores que podem significar a imprudência e o ciúme. O jacinto roxo significa tristeza por cometer um erro.

  Yuri desamarrava e amarrava o laço de cetim de seu bonnet incansavelmente enquanto esperava o rapaz do estábulo terminar de arrumar seu cavalo. Qualquer um se irritaria observando-o daquele jeito, mas não dava a mínima naquele momento.

  — Aqui está, Sr. Plisetsky. — O rapaz disse, entregando-lhe a rédea de seu belo puro-sangue de pelagem dourada.

   — Obrigado, Charles. — Agradeceu, montando no animal.

  — Tem certeza de que o senhor quer ir sozinho? Posso chamar um dos outros funcionários para acompanhá-lo.

  — Não, obrigado. Não vou sair da propriedade. — Assegurou, saindo cavalgando em seguida.

  Apesar de não ser inverno, o vento frio da manhã cortava suas bochechas, mas ele não se importava. Atravessou os prados coberta por margaridas, a mansão se tornando cada vez menor atrás de si.

  Assim que chegou na trilha que já tanto conhecia, seguiu por meio do bosque. Podia sentir no ar o cheiro das amoras que se acumulavam nos arbustos. Yuuri havia lhe dito que estava com desejo de torta de amora, então certamente colheria algumas mais tarde.

  Em poucos minutos, já estava em seu destino: o belo lago que havia dentro da propriedade de seu avô, grande o suficiente para que pudessem pescar em barcos e nadar durante o verão.

  Estendeu uma manta sobre o chão antes de se sentar, recusando-se a sujar seu belo vestido de musselina, e passou a admirar as águas prateadas que reluziam com os primeiros raios de sol. Algumas libélulas vez ou outra pousavam na superfície, e uma família de cisnes nadavam alegremente com os filhotes pela extensão. Seu cavalo bebia do lago despreocupadamente para matar a sede.

  Observando os pequenos filhotes aprendendo a mergulhar, Yuri acabou se lembrando de um episódio do passado.

 
  — Consegui! — Yuri comemorou ao voltar à superfície. Mais uma vez havia ganhado de Otabek ao competirem quem podia prender a respiração por mais tempo. — Mais sorte da próxima vez, hah!

  — Você sempre ganha, deve ser metade peixe! — Otabek constatou. — Anda, deixa eu ver suas guelras.

  Passou a fazer cócegas no pescoço do mais novo, o vendo se contorcer de rir.

  — Para, seu bobo! — Yuri jogou água em seu rosto. — Eu não sou um peixe fedido. O vovô diz que sou bonito e gracioso como um cisne.

  Mesmo com só 9 anos na época, o loiro já apresentava seus pequenos indícios de vaidade que, em sua defesa, sempre foram alimentados por todos ao seu redor.

  — Não, cisnes fazem um barulho horrível! Você é um rouxinol. Eles têm um canto lindo, e você também. — O maior disse, sem parecer se importar em disfarçar o elogio.

  Naquela época, Yuri não se lembrava de ter corado, mas seu eu de agora sentiu as bochechas esquentarem com a lembrança. Seria ele tão cego ao ponto de não ter notado os sentimentos de Otabek por ele, mesmo parecendo tão óbvio?

  Suspirou profundamente, abraçando os joelhos e escondendo seu rosto por trás deles. Já haviam passado 4 dias desde o baile de seu avô e o pedido de casamento de Otabek, mas ele ainda não havia tomado uma decisão. Era tudo tão frustrante!

  Há dois dias, seu avô havia oferecido um pequeno jantar para comemorar a volta de Otabek. No entanto, durante toda a noite, o moreno pareceu evitá-lo. Ora ou outra seus olhares se cruzavam, mas Otabek mal falava com ele, a não ser que o assunto em questão durante o momento envolvesse ambos. Assim que terminaram a sobremesa, o maior deu a desculpa de que precisava retornar à Saintfield Hall antes que ficasse muito tarde, e todos pareceram acreditar, menos Yuri, que ficou convencido de que ele só havia tomado aquela atitude para não precisar ficar mais tanto tempo perto dele.

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⏰ Last updated: Oct 15, 2021 ⏰

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