capítulo dez

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Engoli em seco assim que atravessei o gramado da minha casa, torcendo para que aquelas visitas indesejadas já tivessem ido embora

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Engoli em seco assim que atravessei o gramado da minha casa, torcendo para que aquelas visitas indesejadas já tivessem ido embora.

Na noite passada mal consegui dormir, passei o jantar inteiro sorrindo forçadamente para Nayeon e Jongin – que sorriam em minha direção como se nunca tivessem feito nada de ruim contra mim. Achava irônico pensar que agora aqueles dois capetas eram um casal, realmente se mereciam.

Na hora de dormir subi o mais rápido possível para o meu quarto, levando uma garrafa de água comigo para não correr o risco de ter que sair durante a madrugada sozinho. Quando entrei no quarto, chequei se havia trancado a porta pelo menos umas dez vezes antes de me sentir minimamente em paz.

Nenhum dos dois haviam feito algo contra minha integridade no último dia, mas ainda sentia aquele desconforto iminente no meu ser que me lembrava de todas as coisas ruins que ambos me fizeram no passado.

Algumas pessoas diziam que o perdão nos libertava, mas eu não acreditava naquela ideologia namastê do caralho. Não quando levei chutes e socos de Jongin pelo simples fato de ele não gostar da forma como eu me vestia, ou então de todos os boatos sobre eu ser o culpado pela morte do meu pai que Nayeon fez questão de espalhar pela escola inteira.

Se um dia eu os perdoasse seria por que eu, de fato, teria enlouquecido.

Nenhum dos dois teria meu perdão, pois só eu sabia tudo que ambos fizeram contra mim e o quanto aquilo me machucou e me fodeu psicologicamente.

Abri a porta da casa e tranquei a respiração em puro sinal de pânico quando vi Nayeon e Jongin sentados no sofá, dando risadas e trocando beijinhos como se fossem adolescentes apaixonados e ingênuos. Pedi mentalmente para que nenhum dos dois me notasse, mas era impossível quando a porta de entrada ficava de frente para o sofá da sala.

— Olha quem chegou, sentimos saudades. — Naeyon falou, sorrindo de lado enquanto se afastava do namorado.

Não pensei duas vezes em os ignorar e seguir meu caminho. Porém tive meu percurso interrompido por Jongin, que segurou meu antebraço e me puxou para o sofá de uma maneira nada delicada.

— Senta aqui com a gente, faz tanto tempo que não conversamos. — Jongin pronunciou, me obrigando a sentar no meio dos dois.

Àquela altura eu já suava frio, mexia meus dedos dos pés sem parar enquanto tentava controlar minha respiração. Me sentia prestes a surtar em puro pavor apenas por estar tão próximo daqueles dois.

— Você está tão magrinho, Jinjin... — Naeyon comentou, puxando a barra da minha blusa e a erguendo.

Tentei segurar seu braço, porém levei um tapa do garoto a minha esquerda em um significativo sinal de que não era para eu me mexer.

— Ainda está com aqueles problemas? Sabe, você não devia ter levado tão a sério quando eu disse que você estava gordo. — Jongin provocou, sorrindo enquanto aproximava seu rosto do meu. — Decidiu vomitar toda aquela sua gordura apenas por que eu disse que você estava acima do peso, Jin?

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