seven - my real me

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A saia era azul claro de várias camadas; o corpete tinha um fino tecido azul, mas era inteiro de arabescos detalhado em prata; com alças curtas – com o mesmo estilo do corpete – e ainda não chegava a ser tão volumoso. Era primavera então uma pequena tiara em prata com pedras azuis, no formato de flores, estava em cima da penteadeira para eu usar.

Mamãe também me ajuda a colocar a luva branca. Qualquer mulher na nobreza era praticamente obrigada a usar em bailes ou eventos com muita gente. Na primavera até se tornava um pouco suportável, mas no verão era insuportável.

— Você será uma rainha um dia, tenho certeza. Olhe só para isto!

— Não é para tanto mamãe...

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Meus pensamentos são interrompidos pela voz de Feyre, que não parecia satisfeita com a resposta do Suriel, porque perguntou novamente.

— De onde veio a praga? 

— O Grão-Senhor não sabe que você veio aqui hoje, sabe? Ele não sabe que a sua fêmea humana veio prender um Suriel porque não pode dar a ela as respostas que ele busca. Mas é tarde demais, humana... para o Grão-Senhor, para você, para sua irmã, talvez para seu reino também... 

O herdeiro será sua salvação.

Feyre não estava ligada a Tamlin, não ainda pelo menos. Se tudo desse muito errado, a culpa não me seguiria se levasse aquele lugar a ruínas, porque algo me dizia que o Grão-Senhor da Primaveril não era confiável e nem aquela corte.

— Do outro lado do violento mar oeste, há outro reino feérico chamado Hybern, governado por um rei cruel e poderoso. Sim, um rei — afirmou o Suriel, quando Feyre ergueu a sobrancelha. — Não um Grão-Senhor; lá, o território não está dividido em cortes. Lá, ele é a própria lei. Humanos não existem mais naquele reino, embora o trono seja feito de ossos humanos.  Faz tempo que o rei de Hybern tem se sentido insatisfeito com o Tratado que os outros Grão-Feéricos governantes do mundo firmaram com vocês humanos, há séculos. Ele se ressente por ter sido forçado a assiná-lo, por libertar seus escravos mortais e permanecer confinado à ilha verde e úmida no fim do mundo. Então, há cem anos, ele enviou os comandantes de mais confiança e lealdade, os guerreiros mais mortais, sobreviventes dos antigos exércitos com os quais um dia navegara até o continente para travar guerra tão brutal contra vocês humanos, todos eles tão famintos e cruéis quanto o rei. Como espiões, cortesãos e amantes, eles se infiltraram nas diversas cortes, reinos e impérios de Grão-Feéricos pelo mundo durante cinquenta anos, e, quando reuniram informações o suficiente, o rei forjou seu plano. Mas há quase cinco décadas, um dos comandantes o desobedeceu. A Ardilosa. E... — O Suriel enrijeceu o corpo. — Não estamos sozinhos.

Eu subi o arco rapidamente, e Feyre puxou mais a corda – o arco ainda apontado para o chão –. Enquanto minha irmã fixava o olhar no Suriel eu percorri meu olhar pela clareira, tentando encontrar alguma coisa, mas nem um mínimo barulho ou vulto passou.

— Humana e mestiça, devem me libertar e fugir — disse o feérico, com aqueles olhos cheios de morte se arregalando. — Corra para a mansão do Grão-Senhor. Não se esqueça do que contei hoje, mestiça, fique com o Grão-Senhor e viva para ver tudo se acertar. 

— O que é? — perguntei tentando farejar. 

— Os naga, feéricos feitos de sombra e ódio e podridão. Ouviram meu grito e sentiram seu cheiro. Liberte-me, humana. Eles vão me enjaular se me pegarem aqui. Liberte-me e volte para o lado do Grão-Feérico. A mestiça consegue distraí-los, pelo menos até me soltar.

Corte de Amores e Segredos - ReescrevendoWhere stories live. Discover now