Cap. 1 - Sentimentos Ocultos

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[2ª Edição]


[1 ano atrás]

Benício Speltri

— Eu vou te matar!

A frase proferida pela companheira na mensagem de áudio que recebeu duas horas atrás tilintavam na mente de Benício como sinos infernais.

Não respondeu à mensagem, tão pouco o ghosting era intencional, apenas, desta vez, não sabia o que e como responder.

Quando foi que tudo começou a dar errado? Se Perguntava. O problema, é que agora ela tinha fotos que comprovavam uma suposta traição, mas que diabo de fotos seriam essas?

Apoiado no parapeito da sacada do salão de festas do hotel, Benício olhava para a lua que cintilava acima do mar. Completamente alheio ao evento que rolava no interior prédio e tomando — sabe-se lá — sua quarta ou quinta dose de whisky, brincava com a corrente da medalhinha de ouro branco que ganhou de tia Elizabeth quando criança, enquanto ponderava sobre as tais fotos que Olívia dizia ter.

Tudo parecia vago e isso o irritava.

Na verdade, ultimamente tudo o irritava.

O evento onde estava, uma exposição póstuma com as obras de Maria Madalena Ortega, sua mãe, era um evento anual que reunia a nata da alta sociedade, importantes parceiros comerciais dos negócios do pai, amigos íntimos da família e claro, uma oportunidade perfeita para encontrar uma das pessoas que mais admirava no mundo, a incrível tia Elizabeth Detzel.

— Você está lindo. – disse ela, de longe, em uma falha tentativa de se aproximar, sendo interrompida pelos convidados.

Elizabeth trajava um belíssimo vestido branco que combinava perfeitamente com as arrojadas joias que adorava usar. Suas vívidas madeixas vermelhas se encontravam presas em uma cascata lateral que caía levemente até abaixo dos ombros. Ela inspirava fundo o aroma das flores que ornavam o lugar, enquanto os convidados elogiavam o evento ou faziam perguntas sobre as obras. Era a curadora da exposição e nos perfeitos lábios vermelhos malagueta estampava um sorriso satisfeito. Em seus aproximadamente cinquenta e poucos anos, Elizabeth Detzel era, de fato, magnífica. Na cabeça de Benício, se os deuses existissem, ela com toda certeza seria um deles, então a adorava.

Por um bom tempo Benício se esqueceu dos problemas e se concentrou em observar e admirar aquela mulher. Admiração que compartilhava com o pai, Raul, que do outro lado do salão, bem de longe, também mantinha os olhos fixos nela.

— Bê, a baba chega está escorrendo! – disse Henri, aparecendo sorrateiro ao seu lado com cara de nojo.

Henri era o irmão mais novo de Benício. Vestia um costume cinza, com uma gravata listrada e seus cabelos louro-escuros milimetricamente penteados, coisa que raramente fazia. Ele era o galã da família com seu estilo surfista libertino. Esse maldito sol ambulante. Iluminava por onde passava.

— A tia Liz só está linda. Como sempre. — Benício não conseguia esconder a admiração.

— Não sei como a Olívia nunca descobriu essa sua paixão secreta pela tia Liz! É tão... Obvia!

— É só um amorzinho platônico que conservo desde quando nasci. Bobagem. — desconversou.

— Ual! — Henri dava ênfase em cada sílaba, puxando o maço de cigarros do bolso acendendo um em seguida. — aceita?

— Você vai fumar do meu lado? Isso mata.

— Vou morrer de qualquer forma, então foda-se. Um de nós dois tem que ser o "bad boy".

Terra Proibida - EssênciaWhere stories live. Discover now