CAPÍTULO I

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Não conseguia mais mentir para si mesmo, ainda pensava nela. E se não tivesse dito que amava sem amar? Queria uma segunda chance, mas tinha sido um babaca, seria como dar murro em ponta de faca. E se tivesse sido um cara diferente? Não queria que aquela história doce como mel tivesse acabado daquela forma amarga como fel. Mas do que adiantavam as boas intenções se tudo que tinha causado era dor? Boas intenções pavimentam a estrada do inferno afinal. Era um demônio? Não, era apenas um ser humano.

Desde pequeno, possuía uma mente inquieta, e achava fascinante o que acontecia dentro da sua cabeça quando ia dormir. Era como se entrasse num estúdio de cinema e atuasse em filmes fantásticos, que serviam como pontes entre a ansiedade de ontem e a serenidade do amanhã. Quem escrevia os roteiros desses filmes? Quando acordava, ainda era a mesma pessoa? Quem era ele quando não se lembrava de ser? Enquanto se perguntava, adormeceu. Nunca teria todas as respostas, mas nem por isso deixaria de perguntar.

De repente, viu-se na escola, tão familiar, mas ao mesmo tempo tão estranha. Conhecia aquele lugar, praticamente sua segunda casa, na palma da mão, e algo estava diferente. Não era diferente, como de outra cor, mas diferente, como de outra dimensão, quase como se fosse um universo paralelo, um parque aquático com álcool em gel em vez de água. De repente, sentiu alguém tocar no seu ombro e levou um susto. Quando se virou, viu uma garota, que ao mesmo tempo que era familiar, era completamente desconhecida. Quem seria? A resposta veio na forma de um abraço apertado e um "Senti sua falta pai!".

Uma outra vidaWhere stories live. Discover now