Jormugand Ouroboros, oni
— Eu te amava.
— Sempre fui uma adorável criaturazinha — a oni, e moveu o arqueiro ao flanco esquerdo do tabuleiro.
— Você me amava? — ele pôs o dragão a frente da infantaria.
O demônio riu e fez a cavalaria abater o mago dele, derrubando a peça e então lançando-a para fora.
— Foi uma péssima jogada — a mulher com chifres marcados por carmim nas pontas, e o púrpura subiu para encontrá-lo as íris azuis. Um tom escuro agora quando antes quase pareciam brilhar. — Minha figura o distrai esse tanto?
— Sempre.
Ela não respirou e as pálpebras subiram ao limite por um instante, então riu.
— Morrer parece ter feito pouco em você. — fechou os olhos, agarrou o copo ao lado da coxa e bebeu do forte vinho produzido em Sangue Branco meio século atrás. — É um tanto entristecedor.
O elfo moveu o arqueiro, derrubando a cavalaria da oni.
— Eu ainda sou eu... majoritariamente.
Uma fenda pairava-o do centro do peito a borda superior da garganta, o músculo e o osso do pescoço eram visíveis, a ossada do peitoral e o coração, imóvel, também. Fedia a carnes congeladas de um açougue.
E uma longa cicatriz o divide o rosto no meio, seguindo a linha do golpe que o matou.
— Qual parte diverge? — usou o dragão para abater o sacerdote dele.
Ele desviou o rosto para a esquerda.
— Eu não me lembro da família que me adotou, embora saiba que houve uma. Também não lembro do período na escola e na academia militar. Não sinto nada no lado direito do corpo, é como se outra pessoa o movesse para onde eu preciso e... eu escuto a voz do meu mestre, aquilo que me trouxe da morte, às vezes a sussurrar comandos e sei que não poderia recusar por mais que tentasse.
Jason voltou o rosto a frente, então recuou a infantaria para a ala esquerda do tabuleiro. Uma série de movimentos e o jogo resumira-se aos reis, rainhas, dois lanceiros dele e dois magos dela.
— E quais são suas ordens? — a oni.
— Te tirar do caminho.
Ela segurou o queixo entre o indicador e o polegar. Tinha os magos em flancos opostos, o elfo possuía os lanceiros ao centro e duas casas adiante dos monarcas.
— Se baixar a guarda devo te matar, se me ouvir devo tentar convencê-la a ir embora oferecendo o que quer que seja. Também te contar o porquê da morte da vampira também servir a seus interesses.
Uma brisa fria deslizou-a sobre a pele.
— O último despertou minha curiosidade, admito.
Poças verdes, metálicas, escuras e bege pairavam sobre os destroços do teto que cobriam o piso da catedral. O líquido eram mortos vivos derretidos com ácido pelo demônio e cercava a dupla jogando ''batalha'' em um tabuleiro, e com peças, achados parcialmente sob um dos destroços. Acima a manhã e brisa fria entravam pondo o lago de carne e trajes a brilhar.
— Os monstros noturnos são culpa dela.
Moveu a rainha.
— Oh? Promete?
Ele mexeu o rei.
— Uma entidade se misturou a garota e enquanto cresce faz com que monstros nasçam.
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A Queda das Espadas
FantasyA Cruz do Primeiro, cidade pertencente aos vampiros, é destruída sob o ataque do exército élfico. Fugindo de lá às pressas, Stephanie Fearblood carrega consigo o prenúncio de uma catástrofe e o desespero da perda de seu lar e pai. Numa busca para im...