Capítulo 5

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Sem revisão.

Sem revisão

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Tomo um belo banho, faço a barba, visto uma camisa azul-marinho, deixando uns botões abertos, e dobro as mangas. Completo com um jeans branco e sapatos pretos, então finalmente borrifo meu perfume. Estou pronto!
Pego meus objetos e olho para a chave do jipe. Vou beber pra cacete! Devolvo-a no cinzeiro que uso só para guardar minhas chaves e chamo um Uber.
A fila está dando a volta no quarteirão. Vim neste lugar durante o dia, fazer as fotos para o portfólio. Agora, iluminado parece mais imponente. Reparo em volta, e vejo que só há gente bonita. Não é um lugar frequentado por qualquer um. Estamos próximos à Avenida Paulista, um dos cartões postais de São Paulo. Aqui tem muitos turistas. O Heitor foi esperto, pois acertou na localização do prédio. Próximo a hotéis de luxo e bares bem-conceituados. Aposto que tem muitos gringos nessa fila. Ele também apostou alto na divulgação. É um cara que já tem o nome feito nesse meio, então é safo.
Meu nome está na lista do camarote dele, então entro sem dificuldade, só pegando uma pulseira especial, e passo pelos seguranças, que são maiores que às portas do lugar.
Sou guiado por uma bela jovem que parece saída de um dos meus ensaios, de tão linda. Ela aponta para o camarote, onde entro, encontrando Heitor em pé, no meio de outras pessoas. Cumprimento-o, então trocamos algumas palavras. Ele está ocupado. Além do mais, não temos muita intimidade, sendo assim, o deixo, seguindo até o bar. Peço uma cerveja, para começar. Tomo enquanto analiso à minha volta.
Uma morena de tirar o fôlego está conversando com mais duas mulheres. Ela usa um vestido justo vermelho e um par de sandálias com uma corda que molda toda a panturrilha. Sexy! Seu olhar encontra o meu, e sorrio de canto, sem muito entusiasmo. Ela retribui com um belo sorriso, então meneio a cabeça, em um cumprimento discreto, e me viro para o balcão. Agora é com ela.
Aprendi, em anos de prática, duas coisas sobre mulheres: elas odeiam não serem cobiçadas e adoram ganhar. Estou dando a ela a chance de me vencer, mesmo eu já tendo vencido.
Nem dois minutos se passam, a mulher para ao meu lado. Olho de canto e tomo um gole da cerveja, esperando pela ação dela.
— Não vai oferecer? — Puxa assunto.
— Claro! Vou pedir uma pra você.
Elevo o braço, chamando o bartender. Quando ele se vira, mostro a garrafa e dois dedos. O homem dá uma joia e pega duas garrafas, colocando em nossa frente.
— Toda sua — sussurro ao ouvido da mulher, que ajeita a cabeça, dando acesso, então aproveito para solver seu cheiro. — Só não posso dizer que pago a conta, porque aqui é tudo de graça. — Faço uma brincadeira sem graça.
Ela sorri, e descubro que está na minha.
Conversamos por alguns minutos, trocando nossos nomes. Ela passa a mão em meu peitoral e para o indicador no final do botão aberto. Aproximo-me para beijá-la. Tudo parece fácil, mas... ela foge, fazendo um charme. Anitta começa a tocar, e a convido para a pista.
Começa a rebolar para mim, abaixa e passa a mão pelas minhas coxas. Mordo o lábio, com os olhos presos aos dela. Ela levanta lentamente e vira de costas, empinando a bunda. Puxo, e a danada para perto, então sinto seu belo traseiro roçando em mim enquanto rebola ao som da música. Seguro sua cintura e encosto meu rosto próximo à sua orelha.
— Você é linda — sussurro.
Subo minha mão na lateral de seu corpo, deslizando em suas curvas perfeitas, tomando cuidado para não encostar em nada. Só quero que ela sinta que meu toque é firme e que a quero. A mulher fecha os olhos, e a giro. Entrelaço os cabelos da nuca e encosto nossas testas. A respiração pesada me convida. Aproximo nossas bocas e mordo seu lábio inferior com delicadeza antes de sugá-los.
Aprofundo minha língua, em busca da dela, sentindo a maciez dos lábios grossos roçando os meus. Acaricio sua língua, explorando sua boca com gosto de limão e tequila. Beijamo-nos, ganhando intensidade, até eu ter que parar para respirar. Abro os olhos, e seu olhar felino me encara de volta.
O momento é quebrado por alguns gritos que chamam minha atenção. Levanto a cabeça para o pole dance à nossa frente, de onde vem a algazarra, mas a morena beija meu pescoço, e volto para cheirar o dela.
— Empina essa bunda gostosa. — Ouço alguém gritar muito próximo, quase na nossa orelha.
A morena para o que fazia e olha feio para ele, que assobia e aponta para o palco.
Uma moça dança de modo sensual. Ela passa as mãos nos cabelos, que brilham colorido com o reflexo do refletor. É gostosa, mas na situação em que eu me encontro, não preciso assistir uma mulher a se esfregar em um metal. Mas por que não consigo desviar minha atenção?
A morena se solta de mim, irritada, mas não reajo, pois estou olhando a gostosa a rodopiar no pole dance. Ela passa a perna no cano e roda. Nesse momento, o refletor bate em seu rosto e ela abre os olhos.
— Puta que pariu! — Coloco a mão na cabeça, pasmo. — Isabeli do caralho!
Meu peito bombeia sangue enquanto a maluca se diverte com as nojeiras que os bêbados gritam. Sem nem lembrar mais da morena, corro para o palco, puto da vida. Paro ao lado dela, que segura a barra e joga os cabelos para trás, esbarrando em mim. Ela abre aqueles olhões pintados e turvos, fixa em mim e alarga a boca num sorriso torto.
— Oi!
Espero-a se ajeitar e falar algumas besteiras. Antes que faça algo de que possa se arrepender, a cato nos braços, jogando-a em meus ombros, e a tiro de lá, sob protestos dos bêbados, desgraçados e tarados.
Um segurança se aproxima, em alerta. Explicamos, e ele parece aceitar, mas ainda fica por perto.
Isi me olha, tentando fazer graça. Encaro-a, com raiva. Ela fecha os olhos, morde o lábio, e não aguento.
— Tem o que nessa cabeça? Vento? — Isi arregala os olhos, que brilham. — Cacete, Isi! Quer arrumar confusão?! Pra que chamar atenção assim?! Se alguém aqui te reconhecer, você tá ferrada! Amanhã sua dança vai estar nos tabloids, e sua família, com as suas malas prontas, para te despachar para um convento. É isso que quer?
Ela nega com a cabeça, prendendo o lábio inferior no superior.
— Eu só estava dançado, não fiz nada demais.
— Com quem veio?
Ela aponta para uma mesa com a cabeça. Uma moça nos olha. Está segurando uma garrafa de água. Por fim, dá um tchau sem ânimo.
— É sua amiga?
— Sim.
Chamo-a, e a moça vem correndo em marcha lenta, apertando a garrafa contra o peito. Espero ela parar ao lado de Isi e olho dentro de seus olhos. Parece sóbria, ou disfarça bem.
— Quanto vocês beberam?
— Duas tequila e um Gin. — Isi se apressa.
— Só água. — A outra conta, mostrando a garrafa.
— Ótimo. Como vieram?
— Eu vim dirigindo, como não bebo... — A moça dá de ombros. — Viemos com meu carro.
— Vou dar um conselho. Melhor irem embora, antes que bebam mais — Olho especificamente para Isi — e faça uma merda irremediável. — As duas assentem, sem graça. — Vou levar vocês até o estacionamento.
Pego no cotovelo de Isi e a sigo pela boate, segurando-a até chegar no estacionamento.
— Aqui! — A moça aperta o alarme de um carro esporte vermelho e entra no banco do motorista.
Não solto Isi. Ela me olha, envergonhada. Tiro uma mecha do cabelo dela que grudou na testa suada.
— Você vai contar ao Bruno? — Seus olhos brilham e ficam verdes.
Merda, ela quer chorar...
— Não! — Aproximo-me para que olhe no fundo dos meus olhos e sabia que é verdade. — Dessa vez não, mas quero que me prometa que vai sossegar.
— Não fiz nada de errado, só me empolguei na dança.
— Isi, você tem todo o direito de sair, beber, dançar, ficar, só tem que saber dosar as coisas. Não precisa passar dos limites em nenhuma das escolhas que fizer. Tudo o que é demais é ruim. — Ela me olha pelos cílios longos. — Vá pra casa. Quando chegarem, me manda uma mensagem. Quero saber se correu tudo bem com vocês. — Beijo sua testa.
Ela assente. Abro a porta e espero-a se acomodar, só então fecho. Espero o carro dar ré e sair. Isi abre a janela, coloca a cabeça para fora e manda um beijo. Mando outro.
Ela é maluca, mas é a minha maluca. Mesmo querendo enforcar a danada, vou sempre protegê-la.
Volto para a balada, em busca da morena. Encontro-a sentada, bebendo com as amigas. Peço uma água e me aproximo. Todas me encaram como se eu tivesse chifres e a pele vermelha. Descubro então que a jogada ali acabou. Game over para mim. Virei o diabo, e nada vai mudar isso.
Nem tento me aproximar mais, pois não devo explicações a uma estranha. Volto para o canto do bar, preocupado em contar o tempo que as meninas saíram. Mesmo a garota que dirigia estando sóbria, são duas meninas de carro em um horário lotado de bêbados atrás do volante. Ela pode ser responsável, mas nem todos são.
Uma mensagem fora de meus contatos brilha na tela, sem foto.
"Diego, chegamos na casa. Boa noite! Sofia."
Tranquilizo-me instantemente.
Lá por quase duas da manhã, já tendo terminado de tomar a água, me sinto sem ânimo e resolvo ir para casa. Amanhã é meu sábado de folga, vou aproveitar a piscina do meu amigo com minha afilhada.

Me encontro em você- degustação.Where stories live. Discover now