Capítulo 3

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São duas da tarde. Estou editando algumas fotos. É a pior parte do meu trabalho. Normalmente quem faz isso é a Bia, e com louvor, mas ela tirou o final de semana de folga merecida.
Apesar de ser uma intrometida, Bia é meu braço direito. Foi a minha primeira contratação. Apostei alto no estúdio quando o Ateliê da Madame Galvão fidelizou comigo. Emília também me colocou na agenda da Midís. Com as duas ao meu lado, construí meu nome no mercado. Faço trabalhos independentes, mas prefiro fazer campanhas publicitárias. Abandonei as festas, procuro uma agenda com meus horários e divido tudo com outro profissional da minha total confiança, Marcos, afinal de contas, é meu nome que está em jogo, e não brinco com coisa séria.
Termino a primeira parte e elevo os braços acima da minha cabeça, esticando os músculos e estalando os dedos, depois, seguro o lado direito e massageio meu ombro dolorido.
Estou há horas na frente do iMac, editando fundos, selecionando e ajustando a iluminação. Meus olhos estão cansados e estou com muita fome.
Pego o celular do carregador e leio algumas mensagens, entre elas, uma da minha mãe me chamando para almoçar, e outra de voz da minha afilhada, Nina, cobrando um pirulito gigante que fiz questão de prometer só para irritar seu pai. Dou risada, imaginando a cara dele quando a pequena chegar lambuzada.
Respondo às duas mulheres da minha vida: minha mãe, que é meu maior amor, e minha garotinha, a única para quem faço promessas.
Arrumo-me e passo em uma loja de doces. Compro um pirulito redondo, colorido e enorme. Nem sei como ela vai conseguir sustentar seu peso e comê-lo, mas não importa. Prometi um pirulito gigante, e nunca a decepcionaria.
Entro pela entrada de funcionários da mansão Reis. Minha mãe está instruindo algumas funcionárias. Sento e fico a observando.
Seus cabelos estão totalmente brancos, mas isso não a envelheceu. Pelo contrário, lhe deu um certo charme. Seus olhos verdes quase se fecham quando ela sorri.
Minha mãe traz serenidade na voz, nunca se altera, é compreensiva e amorosa. Todos a adoram, desde os funcionários aos donos da casa. Aliás, a família Reis nos trata com muito respeito. Minha avó era cozinheira do Sr. Vicente Reis, avô de Bruno, e minha mãe cresceu na fazenda deles. Quando ficou adulta, começou a trabalhar. Foi lá que conheceu meu pai. Eles sempre trabalharam para aquela família. Quando Dona Camila chegou grávida, minha mãe, estava para parir. Bruno e eu temos alguns meses de diferença. Minha mãe amamentou ele, pois Dona Camila teve uma complicação no parto e tomou alguma medicação que a impediu de fazer isso. Penso que foi esse laço que as duas dividiram que as tornou amigas. Antônio quis levá-los para trabalharem em outra coisa, na empresa, um cargo maior, mas ambos quiseram continuar aqui, meu pai como motorista e minha mãe como governanta. Ainda mais quando Isi nasceu. Minha mãe a adora. Acredito que quis ficar na casa só para tê-la por perto.
Comigo foi diferente. Nunca trabalhei para eles, ao contrário, eles pagaram todos os meus estudos. Frequentei as mesmas escolas que Bruno. Formamo-nos juntos. Quando decidi estudar Fotografia e Línguas, eles me apoiaram. Não vou mentir, meu primeiro emprego foi graças ao Sr. Reis. Deu aula de Tênis em seu clube. Também fiz muitos eventos por indicações da Sra. Reis, mas nunca assinaram minha carteira profissional.
— Está com fome, né, meu amor?
Minha mãe beija minha testa, então me levanto e a abraço com cuidado e gentileza.
— Muita. — Faço um bico. — Seu filho está exausto — digo, fazendo-me de dramático. — Trabalhei muito esses dias.
Ela ri alto enquanto pega um prato, colocando uma boa quantia de feijoada. O cheiro me faz salivar.
— Couve? — Pega uma vasilha e abre, mostrando as tiras verdes, que parecem suculentas.
— Quero tudo o que tenho direito.
Ela me serve, e começo a comer em silêncio. Só depois de algumas colheradas que falo com a mulher que amo novamente:
— Mãe. — Ela dá atenção a mim. — A Isi voltou? — Assente.
— Mas ainda nem a vi — conta, entristecida. — Ela chegou ontem, teve um... — Limpa a garganta. — Bom, ela conversou um pouco com a mãe e saiu em seguida. Não sei que horas voltou, mas está dormindo até agora.
— Dona Camila deve estar uma fera. — Dou uma garfada e mastigo, rindo. — Isi quando apronta não é pouco.
— Não deveria rir. Os Reis estão preocupados com a menina. Todos. Até o Bruno e a Emília vieram logo cedo para cá, e estão reunidos, esperando ela acordar. — Minha mãe solta o peso na cadeira. — Ah, essa menina! Me preocupo com ela.
— Por quê? Ela não é sua filha.
— Eu a conheço desde a barriga, não seja ciumento, sabe que adoro aqueles meninos, e agora a Nina. — Só a menção do nome da pequena me faz sorrir. — Fiz um bolo de cenoura para ela — Levanta-se, pegando o bolo —, com a calda dura. Ela puxou ao pai.
— Coitada da mãe. — Não resisto.
— Não fala assim, você é o padrinho, deveria parar de provocar o Bruno.
— Não mesmo. Provocá-lo faz parte da minha rotina de alegria.
Minha mãe suspira, balançando a cabeça.
— Trinta anos jogados no lixo.
— Sabe muito bem que sou responsável. — Levanto-me e abraço seu pescoço. — Amo a Senhora e adoro os Reis, só não me peça para ser o que não sou.
Ela segura meus braços e consente, sorrindo.
De repente, uma voz infantil começa a ganhar aproximação, e sei que se trata da Nina.
— Tito! — Ela grita e vem correndo para mim, seguida pela mãe.
— Oi, doçura! — Pego-a no colo, me aproximo da Emília e beijo sua bochecha. — Como vai, Emília?
— Muito bem! — Ela dá um sorriso largo de mim para Nina. — Quando ela viu seu jipe parado perto do parquinho, quis vir te ver. Parece que tem um segredo para tratar com o Tito.
Nina não consegue falar padrinho, por isso o apelido Tito. Foi o que saiu quando tentei ensiná-la a me chamar de Dindo. Confesso que adorei. ficou singular, combina mais comigo.
— Cadê meu pilulito? — Ela pede, sem cerimônia.
Isso tira de mim uma gargalhada. Cismado, olho para Emília, mas ela é muito mais tranquila em relação a Nina. Chato e ciumento é só o pai mesmo.
— Espera aqui, lindeza. Vou buscar seu pilulito. — Imito-a falando.
— Não tá no bolso? — Ela investiga, curiosa.
— Claro que não! Esqueceu que prometi um gigante? Como guardaria no bolso? — Faço uma cara engraçada para que ria.
— Diego, o que aprontou? — Emília pergunta, divertida.
— Nada, mamãe. — Nina me defende e abraça minha perna. — Não briga com o Tito.
— Não vou.
Abaixo-me e aliso seu rostinho.
— Vou no carro, buscar, e já volto.
Assim que termino a frase, ouço Isi se alterar. Ela fala algo que não compreendo, e Bruno pede para que baixe a voz. Olho para Emília, que parece chateada.
— Estão discutindo. — Ela conta, segurando a filha. — Vim pra cá porque não quero que ela assuste. — Aponta para Nina com a cabeça. — Nina não está acostumada a ver os avós e o pai exaltados. — Ouvimos novamente as falações. — E hoje estão bastante.
Coloco as mãos na cintura. Sinto curiosidade em saber o que aconteceu, mas sei que em algum momento vou descobrir, e especular na frente da pequenina não é legal. Passo a mão no cabelo de Nina e saio para buscar o pirulito, deixando as duas entretidas com o bolo que minha mãe preparou.
Abro a porta, crente de ter deixado o doce ali, mas não o encontro.
— Cacete, onde guardei?
Busco pelo jipe, e o encontro no banco de trás, embaixo da minha blusa. Fecho a porta e me encaminho para voltar à cozinha.
Um furacão vem em minha direção e me empurra com força para me tirar do caminho. Bato na parede e quero xingar.
Isi, que parece nem ter notado minha presença, está transtornada. Bruno, que vem logo atrás, é barrado por Emília na cozinha. Nem preciso de esforço para ouvir que ela está tentando acalmá-lo. Caminho até eles e entrego o doce para Nina, em seguida, peço para a minha mãe ficar de olho na pequena, então resolvo ir atrás de Isi.
Faço o caminho que ela traçou e a encontro sentada em um balanço no parquinho, proferindo muitos palavrões ao vento. Aproximo-me, devagar, e sento ao seu lado.
— Diego. — Ela me olha, um pouco assustada. — Está fazendo o que aqui?
— Você trombou comigo, não percebeu?
Ela nega com a cabeça e volta a olhar para o vazio em sua frente. Com um pé, empurra o corpo, e com o outro, controla o movimento.
Faz um ano que não a vejo pessoalmente, mas sinto que não passou nem um dia. Não tenho constrangimento algum ao seu lado. Reparo que seu cabelo está comprido e mais claro, cor de mel. Os olhos estão bem abertos, e sei que quer chorar. Reconheço pela mudança de cor. Quando ficam bem verdes, é porque ela quer ou já chorou. É assim desde pequena. Sabemos que a irritamos além do ponto quando ela arregala os olhos e eles brilham, bem verdes.
— Quer conversar, Leprechaun?
Ela me olha, irritada. Odeia que a chamem assim. Fico esperando o tiro, mas me chateio ao notar que sua mágoa está tão profunda, que prefere me ignorar a discutir.
— Às vezes desabafar ajuda — insisto.
— Não preciso da sua opinião — Olha-me novamente, com raiva —, já tenho coisa demais para pensar. Obrigada.
— Não vou opinar — Dou de ombros —, só ouvir. — Lanço um sorriso para incentivá-la. — Caramba, Isi! Não gosto de te ver assim.
— Todos dizem que devo estudar. — Ela sorri com amargura. — Ninguém se preocupa com o que quero. A vida é minha, mas não posso fazer dela o que quero.
— E o que quer? — Olha-me, surpresa.
— Ainda não tenho certeza. Não sou idiota, Diego, sei que tenho que fazer algo. Também não gosto de levar o título de "mimada", mas quando eu fizer algo, quero que me faça bem.
— Concordo! — Ela crispa os olhos, me observando. — Sempre pensei que levava jeito como youtuber, mas se isso não lhe traz prazer — Mexo a cabeça —, arrume outra coisa.
— Como sabe se levo jeito ou não? Você nunca viu.
— Vi sim, eu seguia seu canal. Uma vez até tentei remover uma espinha usando uma dica sua. Aliás, que porcaria de dica. Puta que pariu, você testa antes de falar?
Passei pasta de dente na testa, ardeu meus olhos e a espinha continuou lá.
Ela solta uma gargalhada.
— Seu burro. Lógico que não poderia usar próximo aos olhos.
— Deveria ter avisado, né. — Mostro a língua para ela, e fico aliviado por tê-la sorrindo ao meu lado. — Delineador fiquei propenso a comprar, só para ver se tenho coordenação de usá-lo.
— Ah! Vai arrasar com as mulheres marcando seus olhos verdes assim. Vai super-combinar com seu gracejo de cafajeste. — Ela me tira com elegância.
— Acha mesmo? Se for para realçar minha beleza, estará dentro.
Ela encosta a cabeça na corda do balanço, sorrindo fraco. Um vento movimenta uns fios de seu cabelo, e ela arruma, colocando atrás da orelha. Fico paralisado, olhando seus movimentos.
— Diego, quando você decidiu não fazer faculdade, seus pais foram contra?
Olho para cima, tentando ressuscitar  em detalhes a lembrança.
— Ficaram um pouco chateados, sim.
— E você se arrependeu?
— Não. Eu soube o que queria fazer da minha vida quando seu avô me presenteou com minha primeira câmera.
— Você ama o que faz, né?
— Adoro! Amar, amo minha família. — Sorrimos juntos. — Você vai se encontrar, fica tranquila. É inteligente, decidida, sei que vai trilhar algo com sucesso.
Ela suspira e para o balanço, fixando o olhar em mim por alguns segundos. Ficamos nos olhando. Espero por ela sem me mexer.
— Será?
— Sim, conheço você o suficiente para afirmar que sim.
— Obrigada. — Pisca para mim. — Te julguei mal. Ei, cabeção, pensei que pensasse só com a cabeça de baixo. Olha que às vezes você pode ser útil.
Sobressalto com o comentário. Por essa eu não esperava!
— Tá de brincadeira? Você não mudou nada, Leprechaun, continua bocuda e insuportável. — Levanto-me do balanço e limpo a bunda com a mão, então ela fica me olhando, debochada. — Não te ajudo nunca mais. — Dá de ombros. — Pode morrer seca!
— Você sempre diz isso. — Morde o lábio. — E olha aí, correu me ajudar.
— Folgada.
Saio andando e deixo ela se balançando sozinha, mas a raiva que sinto é da boca para fora, assim como a ameaça. Eu nunca a abandonaria.

Só eu que acho o Diego fofo? Quero dizer que não terei dias certos para postar, pelo menos por enquanto

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Só eu que acho o Diego fofo?
Quero dizer que não terei dias certos para postar, pelo menos por enquanto. Quero escrever e postar, assim junto capítulos para vcs. Espero que estejam à gostar. Me contem, o Feedback de vcs que me motiva a continuar empolgada. Bjos e até breve, doçuras 😜

 Bjos e até breve, doçuras 😜

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Me encontro em você- degustação.Where stories live. Discover now