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- Harry, cuidado! Por que você tá correndo? - Niall diz, seguindo o garoto até seu quarto.

- Eu tenho que ir embora, não posso mais ficar aqui. - Fala, pegando sua mala embaixo da cama.

- Você chegou só tem 5 dias, por que tá indo embora? O Louis te machucou? - Perguntou, segurando no ombro do Harry e procurando qualquer mínimo arranhão.

- Não, Louis nunca iria me machucar. - Diz, respirando fundo e parando o que estava fazendo, sentou-se na cama e pediu para que o outro se sentasse ao seu lado. - Ele chegou na cidade, eu tenho que ir embora o quanto antes.

Niall ficou paralisado, dando a oportunidade de Harry voltar a arrumar sua mala, o garoto não conseguia pensar em nada naquele momento, apenas em ir embora. Ele jogava suas roupas de qualquer jeito, não se importando se iriam ficar amassadas ou não teria espaço para suas outras roupas, ele só precisava entrar no próximo avião que partisse. Era uma pena ter que ir tão cedo, porque Harry tinha esperanças de que poderia ficar mais um pouco nos braços do homem que um dia já amou.

- Não vai embora, não agora, é cedo demais. Fica comigo e com a Selena pelo resto da noite, caso queira realmente ir, nós te levamos amanhã. Por favor, Hazz. - Sua voz estava falha, algumas lágrimas escorriam pelo seu rosto e o irlandês encarava um canto qualquer do quarto.

Harry sentiu seu coração apertar com a cena que presenciava, ele queria tanto que as coisas fossem mais fácies e que o mundo estivesse a seu favor, Styles não tinha razão nenhuma pra continuar lidando com toda aquela bagunça, porque dessa vez não se dá pra concertar o que está quebrado e o caminho que ele anda percorrendo só o leva para um lugar. Tudo isso dói nele de uma forma intensa e que ninguém pode entender, mas, o que o garoto não imaginava, é que as pessoas ao seu redor também sentem, talvez não dá mesma forma, mas, ainda dói.

Sentado no pequeno sofá que havia embaixo da janela, sentindo o vento bater em seu rosto, Harry pensava na noite passada, em Louis, nas mensagens que ele andava recendo, em como Niall parecia quebrado. Isso tudo era sua culpa, porque onde quer que ele vá, o demônio vai lhe perseguir e trazer o inferno consigo.

Harry iria embora, sabendo seu destino apenas quando chegasse no aeroporto, ele pretendia partir antes de anoitecer, quando ninguém estivesse em casa, digamos que despedidas não era seu forte. Antes de ir de vez, ele iria passar na casa do Louis, mas, apenas para lhe entregar uma carta que estava escrevendo há alguns dias, Styles planejava termina-la agora de manhã e ir até a casa do mais velho depois do almoço.

- Harry, você não vai comer nada? - Selena perguntou preocupada, já que ele não havia comido quase nada ontem e hoje também não, os dois tinham se aproximado bastante nos últimos dias.

- Daqui a pouco eu vou, Sel. - Diz, voltando a atenção para os carros que passavam ali na rua.

Selena não insistiu, apenas sorriu e deixou o quarto. Harry estava ocupado demais pra pensar em comer algo, mesmo sabendo que não havia outra alternativa, ele tentava pensar em alguma maneira de se soltar desse peso que ele carrega, de ser livre de uma vez por todas.

O mais novo sentia tanta falta da sua família, do abraço caloroso da sua mãe, o carinho que recebia antes de dormir, as tradições quando algum dos Styles não estavam nos melhores dias, ele senti falta até da sua irmã, e olha que eles viviam discutindo por bobeira. Quando se passa tanto tempo longe de algo ou alguém, você percebe o que é realmente dar valor até pros mínimos detalhes.

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Liam havia contando que Louis estava trabalhando naquele horário, mas, como não poderia encontrar com o mesmo outra hora, iria aparecer no restaurante francês, Lamour, que o mais velho almoçava todos os dias. Harry achava engraçado que Tomlinson sempre tinha a mesma rotina, comia nos mesmos lugares, fazia as mesmas coisas, ele se perguntava como o outro não enjoava da velha rotina, porque diferente do menor, Styles nunca sabia como seria seu dia e isso o deixava exausto.

Assim que entrou no local, pôde ver algumas pessoas o olhando, outras estavam focadas demais em seus pratos, o cabeludo avistou o jornalista sentado num canto, onde tinha um quadro bizarro, ele nem saberia descrever o que haviam pintado ali.

- Boa tarde, em que posso ajudar? - A Recepcionista perguntou, sorrindo gentil.

- Boa tarde, vim me encontrar com Louis Tomlinson. - Digo, vendo a mesma assentir e me levar até a mesa dele.

Louis estava distraído demais para perceber que alguém conhecido estava caminhando em sua direção, ele parecia focado em alguns papéis, deveria ser coisa do trabalho, Harry pensou. O maior cutucou o ombro do jornalista, fazendo com que ele pulasse de susto e cobrisse os papéis.

- Harry? - Disse, um pouco assustado, ele não estava esperando ver o garoto.

- Oi, Louis. Espero que não se importe de eu ter vindo, precisava te ver. - Segredou, sentando-se na mesa e encarando os brilhantes olhos azuis.

- Não, tudo bem. Mas, você poderia me explicar uma coisa? - Diz, Harry assentiu e Louis continuou. - O que você quiser dizer com "eu nunca deveria ter voltado pra sua vida"? Não parei de pensar nisso desde ontem.

- Minha vida é complicada, Louis. Você não pode fazer parte dela, não é justo eu te meter no meio disso. - Diz, com o olhar baixo.

- Isso não cabe a você decidir, Harry. - Fala, segurando a mão do mais novo e lançando um sorriso amigável para ele.

- Eu vou embora hoje, vim te entregar uma coisa. - Disse com o tom de voz tão baixo que Louis quase não escuta.

- O que? Nem fudendo. - Responde indignado, o cabeludo respirou fundo e abaixou o olhar.

- Louis, eu preciso ir embora. Sei que você acha que não cabe a mim decidir as coisas, mas, você não entende. - Louis interrompe.

- Então, me explica, Harry. - Diz, fazendo carinho com o polegar na mão do mesmo.

- Como eu ia dizendo, eu não consigo ficar perto das pessoas que eu me importo sem colocar a vida delas em perigo, é por isso que eu não moro em nenhum lugar, que eu falo com Niall uma vez em cada dois meses, que eu não vejo a minha mãe há dez anos, é por isso que eu não posso continuar na sua vida. Eu me importo, me preocupo, se algo de ruim acontecesse com vocês, isso iria me destruir. Os últimos dias, foram os melhores da minha vida, agradeço por cada momento que tivemos, passar esse tempinho ao seu lado, me ajudou mais do que possa imaginar, você é capaz de tantas coisas, uma delas é me fazer sentir tão bem só de apenas sorrir pra mim, você é o meu remédio, Louis. E aconteça o que acontecer, eu sempre estarei em seu coração, se sentir minha falta, olhe para o céu, eu estarei olhando também e imaginando que estamos nos vendo através das estrelas. - Diz, com o rosto cheio de lágrimas e se preparando para ir embora, sem esperar por uma resposta, mas, Louis o impede, segurando forte em sua mão, ele não estava diferente de Harry, seu rosto num tom avermelhado por causa do choro.

- Seja o que for que estiver acontecendo, eu estarei aqui. Não pude te ajudar antes, porque não me deu a chance, mas, agora o tempo mudou, me deixa te ajudar, catar seus caquinhos, reconstruir a muralha que se quebrou, não me importo se acontecer algo comigo, Harry. Eu só não aguento ver tanta dor e sofrimento em seus olhos, nos olhos que um dia teve tanto brilho. Por favor, fica aqui, fica comigo. - Louis fala, com a voz quebrada e não aguentando segurar mais nenhuma lágrima.

Madness for Love - l.sOù les histoires vivent. Découvrez maintenant