— Posso? — pergunta-me olhando através do espelho pedindo permissão para pentear meus cabelos.
— Se você quiser. — Ela começa pentear meus cabelos tão delicadamente, suas mãos são leves, pela primeira vez na vida, alguém sem ser meu pai além de mim, penteia meus cabelos.
— Gabi, percebi que você já passou muitas coisas na vida, receio que não foram tão boas. — Meu coração acelera ao lembrar de Cristiano, uma sensação de medo misturado com pavor me toma.
Não quero nunca mais voltar a vê-lo, mas têm minha mãe, eu fui tão covarde de deixá-la para trás.
— Tudo bem? — Suh chama minha atenção e observo que ela me encara através do espelho com um vinco na testa.
— É… Sim. — Falho na tentativa de demonstrar que estou bem, pois, meu rosto retrata o contrário.
— Pois suponho que não está! — fala Terminando de me pentear, mas continua fazendo algo em meu cabelo.
— Gabi, você pode falar comigo, o que quiser! Prometo te ouvir e guardar comigo o que me disser.Encaro Suh, realmente parece querer me ajudar. Seus olhos me transmitem paz, seu sorriso cálido me dão um incentivo à me abrir, afinal, pode ser bom.
— Gabi, posso te perguntar algo?
— Sim.
— O que te fez gritar? Que “impressão” foi essa? — A encaro através do espelho.
— Vi como se fosse uma cena de algo que vivi. — Falo e ela separa as partes do meu cabelo.
— Quer me contar? — Sinto um incomodo ao lembrar, agora essas coisas vêm a minha mente, eu não sei o por quê? Antes me controlava para não sentir nada!
Mexo-me na cadeira me sentindo desconfortável, Suh termina de mexer em meu cabelo e me encaro frente ao espelho. Ela fez uma trança em mim!
— Que linda! — Passo os dedos suavemente com medo de estragar o penteado tão lindo. Sempre quis que minha mãe fizesse essas coisas, mas ela mal ficava por perto, imagine fazer um penteado em mim.
— Você é linda. Sua beleza natural é admirável! — diz e sorrio para ela.
Viro-me lentamente e Suh senta-se na cama. Respiro fundo e decido falar, ela me parece uma pessoa tão boa. Ela é uma mulher negra, de cabelos diferentes não sei explicar como é, é magra e bem baixa, principalmente quando está ao lado de Big Jason. Seus olhos castanhos escuros me encaram buscando algo, parecendo me avaliar.
— Quando eu tinha dez anos, só queria brincar com bonecas, e correr pelo quintal imenso da casa, amava subir em árvores e sentir a liberdade.
— sorrio ao lembrar de como era boa aquela sensação. — Cristiano chegou à cidade nessa época. Lembro que eu brincava na estrada de terra e começou chover, meu vestido estava tão sujo de lama. — sorrio amarga. — Foi quando observei o carro dele atolar em uma poça. Ele desceu nervoso chutando o pneu.Faço uma pausa, Suh parece tranquila e me escuta sem fazer barulho algum.
— Ele olhou para mim por algum tempo sem dizer nada. Após caminhou até mim. Quando parou do meu lado, me olhou por mais um tempo, e só depois me perguntou o que eu fazia na chuva e onde eu morava. Disse-lhe que logo à frente, ele sorriu e me ofereceu uma carona. Falei que não precisava, porque eu amava tomar banho de chuva. — Sorrio fraco e Suh retribuí meu sorriso. — Ele insistiu, eu aceitei. Fomos até seu carro ele abriu a porta para mim, e entrou em seguida. No trajeto ele me olhava sem parar, achei curioso, mas não vi nada de mais na atitude dele. Comecei conversar e disse quem era meu pai, ele ficou mais sério depois disso o que era normal, todos respeitavam meu pai.
Mal sabia eu que, naquele dia conheci o meu carrasco, o homem que iria me destruir, que me transformou em pedaços, em lixo! — falo com raiva.
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SOB DOMÍNIO DO MEDO - LIVRO 2 DA SÉRIE DOMÍNIO (EM ANDAMENTO)
RomanceGabriela era uma jovem comum, frequentava a escola, tinha amigos e apreciava a natureza, além de ser amada por seu pai. No entanto, sua vida deu uma reviravolta quando se tornou vítima da maldade de um homem profundamente perturbado. Agora, ela conh...
CAPÍTULO 13 -DISTANTE
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