A linha tênue entre bom e mau

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Não, no entanto, ele não era aquela pessoa, não importa quanto parecesse. Não poderia esquecer-me disso.

Olhos sobre os meus, depois de um tempo, respirara fundo a fim de responder minha pergunta.

–Ao fim da tarde, vá até a minha cabine. Vamos fazer uma reunião com o cronograma até Drítan com Ophelia e Kai. –Antes que eu pudesse retorná-lo, virara as costas e saíra do convés.

O restante do passar do dia fora o mais pacato e belo que poderia ser em um barco confinada às mesmas pessoas e com uma porção contada de almoço para cada um, assim como o restante dos alimentos.

O pôr do sol colorido em roxo, laranja, rosa e azul brilhava nas águas azul turquesa como uma paisagem que eu veria apenas em pinturas, não me incomodava de passar horas de pé no deque, vezes sozinha, vezes acompanhada até ir à cabine de Nikolai.

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–Amanhã, perto da meia noite, a previsão é de que aportemos na ilha Bayard e pernoitemos por lá, então voltaremos à rota, no barco por mais um dia e chegaremos à costa de Drítan em Soleil, se todas as condições forem favoráveis e, até agora, parece que estão, no segundo dia, perto do amanhecer. Terão cavalos enviados de cortesia pelo reino de Drítan nos esperando na baía, então cavalgaremos até Merlowe, onde passaremos a noite para, no dia seguinte, cavalgarmos até Solandis, a capital. Acredito que esteja tudo planejado. Alguma objeção? –Fui absorvendo as palavras de Nikolai conforme eram ditas e prendi-me ao que não sabia e ao que escutara apenas por cima enquanto vivia pelos becos em Kava.

–Bayard não é aquela ilha que não pertence a nenhuma coroa? O ponto de passagem de piratas e contrabandistas? –Percebi que não era comum para uma menina que nunca pusera os pés para fora da capital saber sobre Bayard quando recebi olhares curiosos e questionadores, explicando-me sem precisar que verbalizassem o que queriam saber. –As pessoas falam. –Principalmente pessoas que trabalhavam no buraco.

–Sim, exatamente essa ilha. –Ophelia pontuara.

–Porém não importa muito. Com sorte, entraremos e sairemos de lá despercebidos.

Kai fizera observações sobre as estalagem que ficaríamos tanto em Bayard quanto em Merlowe e sobre os cavalos que nos seriam disponíveis, sanando suas dúvidas com Nikolai, que não me olhara um momento sequer.

Ao chegar a noite, depois de jantar, tentei ficar em minha cabine, mas não estava cansada suficiente para ignorar o sacolejo.

O balanço do navio parecia chacoalhar todos os órgãos dentro de mim assim como tudo que eu havia ingerido nas últimas horas. Definitivamente, não daria para dormir tão cedo.

O barulho das ondas eram boas, mas em contra partida, o ar preso, quente e sufocante que ficava em minha cabine me deixava enjoada. E aqui, em alto mar, não tinha como fugir.

Não tinha janela para pular.

Me envolvi em um fino robe preto de cetim com bordados, fruto de um talentoso trabalho de Eira, Cordélia e Wren, cobrindo minha longa, bela e confortável camisola igualmente bem trabalhada e passei pela porta, precisando tomar ar fresco.

Nesse horário, não esperava encontrar ninguém conhecido, talvez uns poucos marujos da equipe do navio o guiando pela noite, não mais do que uns 3, no máximo, pensando enquanto subia as escadas até a proa.

Finalmente, ficando do lado de fora, o ar gelado e úmido de maresia vindo com o vento me açoitou, acertando minha face em cheio, remexendo-se em meus cachos, fluindo entre meus tecidos de forma que não pude evitar o arrepio que se espalhava em minha pele e me sentir desnorteada com a diferença do ar de dentro da minha cabine para o que eu recebia agora. Respirei fundo, me sentindo mais livre.

O nome da sombra - Crônicas de sombra e luzOnde histórias criam vida. Descubra agora