Os nuances sobre a verdade

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–Durante o destronamento, esses arquivos foram queimados, então tivemos –Bram teve, presumi –que restituir com o que nos lembrávamos e o que outros registros indicavam até ficar completo. –Com as páginas abertas perto dos últimos nomes escritos, encarou-os por um tempo antes de começar a falar comigo e franziu suas sobrancelhas com a cabeça ainda abaixada. –Que estranho...

Fiquei em silêncio, na expectativa de que ela fosse continuar, no entanto, Melissa apenas ficara passando seus olhos nas anotações sob a mesa, o que me fez perceber que, talvez, ela soltara um pensamento sem querer, mais para ela do que para mim.

–O que é estranho? –Estava começando a ficar impaciente e ansiosa pelo suspense que crescia em seus devaneios.

Ao retornar seu foco a mim, suavizou sua expressão e dirigiu-se com calma em suas palavras.

–Não é nada muito importante, é só que a reconstituição está bem falhada. O antigo Rei está certo, assim como seu príncipe consorte, no entanto, os príncipes Rhodes e... –dera uma pausa para lembrar-se dos nomes perdidos entre assassinatos e golpes –Asher não estão escritos. –Com uma nova olhada de esguelha aos papeis, continuara –As princesas Florence e Madelia também não estão registradas aqui. –Dissera pouco mais alto que um sussurro, caminhando até a outra ponta da mesa no fundo da biblioteca sem se importar com a minha presença, pegando uma caneta tinteiro junto com um pequeno pote de tinta e complementou os nomes, lutando para recordar de seus lugares na árvore genealógica de tal família. –Desculpas não ter arquivos fiéis. Se eu soubesse dessa falha, teria preenchido-a com auxílio de algum outro reino, mas eu nunca peguei de fato esse caderno. Quando vim morar no castelo, todos já estavam mortos, era um capítulo fechado da história, não tinha finalidade abri-lo novamente. Sombra, terá que contentar-se com o que temos por enquanto, não vou lembrar-me de todos que faltam, principalmente dos amantes, já que não costumavam participar das aparições públicas. Talvez eu atualize com os registros dos Galenes que há em Drítan.

Ela continuara falando, contudo, minha mente havia fixado-se em um ponto específico que ela dissera, minha expressão um tanto surpresa e o choque estampado em meu rosto, verbalizei minhas perguntas.

–Até amantes eram registrados juntos à família? Não era visto errado?

Melissa deu de ombros, fazendo pouco caso da questão.

–Era algo opcional dentro do relacionamento de cada, então não era muito julgado, só que os amantes deveriam ser registrados e, de preferência, ao terem relações com alguém da família real, se fosse uma mulher com um homem, o ideal era que a amante não tenha outros parceiros do sexo masculino, para que, se viessem a engravidar, não existam dúvidas acerca da criança nascida por um meio extra conjugal. –Continuei encarando-a, não muito a par do que dizia, levemente perdia, que, ao notar meu silêncio, inspirou pela boca e continuou. –Estou dizendo que amantes precisavam ser registrados porque, se acontecesse de surgir uma gravidez, tal filho ou filha entrariam na árvore genealógica da família, mais pessoas na linhagem do trono, era uma forma de pensar que o poder nunca poderia ser tirado de fato de suas mãos pois alguém com o sangue Galene continuaria vivo, filho do matrimônio oficial ou não. –Melissa soltara um suspiro, apenas um suspiro, como se desaprovasse o que pensava, não como se sentisse culpada. –Bem, era um pensamento até que válido, mas falho, tendo em vista que todos que poderiam ter qualquer vínculo foram mortos quando os Meliones chegaram. –Quase todos, pensei, conspiradora.

Você ressente sua esposa? Você a ressente pelas mortes de inocentes, de crianças? Era o que queria perguntar, no entanto, já sabia a resposta –afinal de contas, quem mandara assassinar uma família inteira sem chance de rendição foi o pai de Miranda, não a atual Rainha.

O nome da sombra - Crônicas de sombra e luzOnde histórias criam vida. Descubra agora