𝒫𝑟𝑜𝑙𝑜𝑔𝑜

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O garotinho estava um tanto entretido tentando montar o que seria um cubo com as peças de lego espalhadas pelo tapete do quarto de seu irmão. Os dedinhos pequeninos fizeram disto um desafio, entretanto, com maestria encaixaram facilmente aqueles dados e retângulos tomando o formato desejado por ele.

Seu sorriso meigo e encantador surgiu como uma calmaria tremenda em meio a tempestade, como se fosse aquela última gota de esperança caída sob o mar agitado. A criança, linda e inocente, sem saber havia emocionado a mãe que o encarava amorosamente enquanto alimentava o filho mais novo.

Ela manteve seu olhar nele, admirando a sua cria com os olhos avaliadores de um dragão prestes a atacar caso qualquer pessoa fosse idiota a ponto de fazer mal a pequena criança, inclusive a que estava em seu colo e sugava o seu seio em busca de alimento.

A mulher parecia uma águia o encarando, tanto que chegou a incomodar o garotinho que a encarou mantendo contato visual com ela.

Ela pensou que ele desviaria o olhar, mas se assustou ao ver que não.

Eles se encaravam e continuaram até mesmo quando a criança levantou-se e aproximou-se da mãe, encostando as mãos em seus joelhos tendo certo apoio para continuar a pequena guerrinha que haviam começado.

Ele não iria desistir e não desistiu nem mesmo quando os olhos da mãe ficaram envoltos do verde mais vívido que ele já vira. Entretanto, ela temeu machuca-lo e apenas fechou os olhos abrindo-os logo em seguida para ver o sorriso mais lindo de seu filho.

- Eu ganhei mamãe! - Sua voz doce fez a tensão em seu peito esvair-se.

Ela sorriu para ele e se inclinou beijando-o a testa, tomando cuidado com o pequeno esfomeado em seus braços.

- Você ganhou, amor! - Ela riu de sua empolgação - É um verdadeiro dragãozinho.

Ele gargalhou ainda mais com o apelido.

Todavia, mesmo que tal felicidade a tirasse da realidade tão amarga, ela não poderia simplesmente entregar-se a tal fantasia.

Os contos de fadas eram apenas histórias remixadas de cantigas trágicas. Ela no caso, era a melodia mais cruel.

- Neil - O nome de seu filho saira de sua garganta em um sussurro cortante.

Ela o puxou para seu colo, colocando-o sentado de lado para que não atrapalhasse o irmão.

- Sim, mamãe - Seu sorriso inocente fora como uma facada em seu peito.

Ela sabia que não poderia pedir nada daquilo, mas estava ficando sem alternativas.

- Promete uma coisa para a sua mãe? - Suspirou deixando as lágrimas rolarem de seu rosto - Promessa de dedinho?.

Seu dedo mindinho levantado fez o garoto a olhar intrigado, mas não esperou muito para entrelaçar o seu ao dela.

- O que mamãe?.

- Cuida do seu irmão e do seu pai para mim?.

A forma com a qual ela proferiu aquilo o assustou, mas por ser uma criança de cinco anos extremamente inteligente ele entendeu que aquilo era algo sério.

- Eu prometo mamãe!.

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