Capítulo 2

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Guardei o iPhone no bolso do blazer de forma brusca. A mão dele permanecia em meu ombro. O toque, mesmo sendo de leve, fez os músculos do meu braço retesarem. Lancei um olhar aflito para ele, que parecia se divertir com a reação provocada em mim, e suspendi a respiração, desejando apenas que ele fosse embora logo e me deixasse em paz.

— Recebi hoje uma suspensão disciplinar por trinta dias por comportamento inadequado. Eu aposto que o CEO global intercedeu a seu favor — Breno murmurou, com desdém. — Se eu for demitido quando retornar, não sabe o que lhe espera, Alana.

Assim que ele terminou de falar, deu dois tapinhas em meu ombro e se afastou, caminhando na direção oposta. Expirei, soltando o ar bem devagar, e pude finalmente relaxar os ombros. Em seguida, eu ergui o olhar diretamente para a câmera de segurança, posicionada no canto direito do teto.

Infelizmente, aquele cretino não fez nada aparentemente anormal numa relação entre colegas de trabalho.

Enquanto o elevador descia, cogitei se deveria tomar uma atitude o mais rápido possível, porque eu vou me mudar para Nova York daqui a poucos dias. Estou disposta a assumir qualquer risco, desde que se faça justiça. Um homem desprezível como ele merece uma lição da qual jamais vai se esquecer.

Encontrei Sara no estacionamento, localizado no subsolo do edifício, e seguimos em silêncio até o carro dela. A minha amiga é bem alta e magra, possui os cabelos longos, ondulados e bem pretos, sobrancelhas marcantes e olhos marcados com lápis e delineador, ressaltando suas feições singulares de descendência libanesa. Quando eu me acomodei no banco do carona, refleti por um instante e resolvi interpelá-la, a expressão grave e concentrada preenchia o meu semblante, desde que reencontrei Breno no corredor da firma.

— Eu preciso da sua ajuda para ferrar com Tavares de uma vez por todas — falei, com o olhar distante, perdida em pensamentos.

— Eu não acredito no que acabei de ouvir! Você só pode estar de brincadeira, Lana — Sara retrucou, dando a partida no carro e se afastando do local.

— Nós nos esbarramos no corredor agora há pouco e o tom que ele usou comigo foi de ameaça velada, Sara.

— O que Breno te disse que a deixou tão transtornada assim, amiga? — questionou, lançando um rápido olhar em minha direção. — Acha que ele seria capaz de tentar lhe fazer mal novamente?

— Parece que a gestão de RH decidiu suspendê-lo por trinta dias. Ele teme ser demitido quando voltar — expliquei, com crescente nervosismo. — Breno vai continuar me infernizando, Sara. Eu não acho que vão demiti-lo porque eu não prestei queixa na delegacia.

— Muito bem, Alana, tem a minha total atenção.

— A minha ideia é colocar alucinógeno no café dele ainda esta semana... — não consegui prosseguir, pois fui abruptamente interrompida por ela.

— Não, definitivamente, pode parar por aí mesmo! Você está ciente de que se essa merda sair do controle, a punição com suspensão será a menor das preocupações dele, amiga? Conseguiria conviver com a constatação de que a demissão dele se daria por uma razão injusta?

Recostei a cabeça no banco de couro e fechei os olhos, as lágrimas começaram a descer pelo rosto. Senti uma leve pressão na cabeça e constatei que Sara acariciava o meu cabelo.

— Você tem toda razão, amiga... eu me deixei levar pela raiva e estive a ponto de me igualar a quem eu tanto julguei — admiti, inclinando a cabeça de modo autodepreciativo.

— Pense no futuro brilhante que tem pela frente, agora que finalmente alcançou um patamar mais elevado na Alliance Company! — Sara comentou, de forma enfática, como que para me tirar do torpor, causado pelo sentimento de frustração e impotência. — Ainda acho que você deveria buscar a orientação de um advogado ou advogada sobre essa questão.

Confinada com o Chefe: Quarentena com o CEO (AMOSTRA)Where stories live. Discover now