Lua de Prazer

O casamento parte 3

   Chegando no local do meu casamento, era do lado da cachoeira que tinha começado esse sonho, da cachoeira que tenho tantas lembranças, a gente pode até passar a lua de mel naquela cachoeira que eu aceitaria. Mas a Paula disse que a lua de mel seria surpresa. Antes mesmo de descer tinha recebido a notícia que minha mãe entrou na cerimônia na parte de entrada dos pais, que no caso entraria apenas o meu pai. A grama se dividia por um grande e expansivo tapete branco que destacava ainda mais as cores da natureza, cadeiras brancas sobre a grama, cada uma com uma flor pendurada. De longe, do carro eu ouvi a música de entrada começar a tocar, e eu fiquei extasiada. Desci do carro, e como era um local aberto todos já voltaram seus olhares para mim. E eu voltei meu olhar apenas para uma pessoa. Ela. Paula Aguiar Monteiro. Naquele terno que deixou ela 10x mais gostosa, eu sentia que eu estava flutuando. Meu pai se colocou à minha direita e minha mãe com um sorriso ainda meio tímido se colocou à minha esquerda, eu devolvi o sorriso pra ela, respirei fundo, segurei meu buquê de girassóis mais porte e me concentrei em andar. Porque pelo jeito até disso eu tinha esquecido.

     Paula narrando:
  Tinha chegado no local do casamento, deixei o Matt com a cerimonialista que ia dizer pra ele a hora de entrar com as alianças. Enquanto isso fiquei de fora vendo a cerimônia começar. Estava tudo muito harmônico, mas nada de sinal de carro chegando, zero sinal de Carla por aí. Será se ela vai fazer eu esperar igual uma doida? É bem a cara dela. Começou a tocar uma música melancólica doce. A entrada dos pais, mas eu avistava um pequeno alvoroço lá na frente, e tinha que ser ela, a mãe da Carla. Quando eu menos percebi ela tava vindo em minha direção. Meu deus, não, não, não, não.

     Helena: Oi, Paula.
Paula: Oi? — eu coço a lateral do meu cabelo em agonia.
Helena: Eu sei que tá muito em cima da hora pra te pedir desculpa, e eu juro que queria dizer as palavras certas, mas já está acontecendo um dos eventos mais importantes da vida da minha filha, preciso que você me autorize em entrar com o Paulo. Eu quero fazer parte desse momento. Mas a moça ali com aquele ipod na mão não deixa.
Paula: É claro, ela tá seguindo conforme a ordem do pagamento, desde então ela não viu mãe nenhuma ali nos nomes que eu dei pra ela.
Helena: Por favor.

   Ela me olha com um olhar de súplica, eu nunca imaginei que um dia ela ia pedir algo pra mim ou que algo que ela queria dependesse de mim pra acontecer. Eu gostaria que minha mãe se redimisse comigo e entrasse comigo também. Então eu vou dar esse prazer pra Carla, pode parecer estranho, mas é algo importante. E mesmo com todas as lembranças ruins que vieram à tona na minha cabeça, eu respirei fundo e fiz um sinal de ok para a cerimonialista que esperava na entrada. Helena antes de voltar para o seu lugar, sussurrou um obrigada. E eu só dei um sorriso de canto. E assim começou, a música melancólica começou a tocar novamente para a entrada dos pais, Helena e Paulo.

Helena com seu nariz arrebitado, semelhante ao de Carla, vestia um vestido azul com pedras na parte de cima, logo ao seu lado estava Paulo, meio desajeitado e visivelmente desconfortável por estra ao lado de sua ex mulher. Os dois entraram arrancando os olhares de todos que ali estavam, chegando no alar eles se colocaram em seus lugares.

Os padrinhos começam a entrar, Christiam e Victor de mãos dadas, ambos com ternos elegantes, logo atrás deles entram Julia e Eduardo, radiantes por estarem participando de algo tao importante da minha vida e da vida da Carla. E agora eu que vou entrar... como? eu nem consigo sentir minhas pernas, demorou tanto pra chegar esse dia, mas eu tenho que ir, não vejo a hora de estar com minha mulher, tocando sua pele macia, me fundindo no corpo dela. Vamos la Paula. Engulo o seco e entro de uma vez, todos me olham, me posiciono no meu lugar pra esperar minha noiva chegar. Matheus entra com as alianças e senta na cadeira perto do altar. Agora so me restava espera pela entrada da Carla. Cada minuto que se passava eu sentia que meu coração fosse sair do peito, como se meus órgãos estivessem dançando dentro de mim. Já se passaram 30 minutos e nada, sera que aconteceu alguma coisa?

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