Capítulo 3

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Giovan Ravera

Malditos olhos castanhos doces, nariz empinado e lábios salientes que não saíam dos meus pensamentos. Os cabelos pareciam mais escuros, longos e selvagens do que minha memória permitia recordar, a pele mais branca. Havia se tornado uma mulher com postura imponente, determinada e com o semblante fechado. Não era mais a garota de dezesseis ou dezoito anos que ria aos quatro ventos e sorria facilmente ao me ver.

O corpo era o mau caminho inteiro, repleto de curvas, cintura acentuada, quadris largos, bunda arrebitada e os seios enormes. Colírio para os meus olhos.

Não encontrei a minha menina na tarde anterior, mas sim uma mulher crescida, sisuda como nunca foi antes.

Com o passar dos anos eu precisei me enganar para poder continuar a viver, porque era uma luta diária não a ter todo santo dia como planejamos desde pirralhos. Seis anos nos distanciaram e agora não passávamos de passado com sonhos ceifados, vivendo separados.

Se Anya sentiu algo ao me ver conseguiu disfarçar muito bem, mas tenho certeza de que ela notou como fiquei tenso em sua presença, e não deixei de falar o que esmagava o meu peito. A vontade foi de abraçá-la ao ponto de invadir seu corpo a fim de cessar toda a dor que a ausência dela me causou. Senti vontade de xingá-la também, por nunca ter nos dado uma segunda chance, mas quem era eu para cobrá-la? Eu estava fodidamente casado, e com uma pessoa que me arrancaria qualquer chance de retratação.

Anya odiava a minha esposa com toda razão, porque foi com a Bianca que a traí há seis anos, por este erro ela partiu.

Já a julguei, odiei, chorei, quis rasgar meu peito e arrancar meu coração, quis esquecê-la e fiz de tudo para isso, corri atrás por muito tempo, humilhei-me, tentei o impossível, mas então compreendi que Anya estava no direito sobre não me querer mais. A traição foi inescrupulosa, ela deve ter sofrido tanto ou mais do que eu com o nosso final. Com isso passei a respeitá-la, saindo da sua vida, parando de insistir, sumindo e por fim nos tornamos dois estranhos.

Imaginava o momento em que a veria chegando à fazenda em alguma data especial ou sei lá, comemoração de final do ano, mas ela nunca veio. Perdi as esperanças quando seu pai, Antônio, quis ter uma conversa para que, definitivamente, deixasse a filha dele seguir em frente. Foi a pedido dela e por amá-la tanto que eu respeitei, deixando-a em paz para ser feliz.

E agora ela está de volta na fazenda ao lado da minha. Muito mais deslumbrante, ferozmente atraente e de deixar qualquer homem louco.

Desde ontem eu não consegui prestar atenção em nada, estava desatento nas audiências e meus clientes ficaram putos. A Bianca surtaria a qualquer momento, porque Anya sempre foi sua pior rival desde a adolescência, mas só na cabeça dela, já que Anya era uma menina segura e odiava rivalidade entre mulheres.

Durante o almoço a minha esposa estava ansiosa, inquieta, eu sabia que ela queria falar sobre a chegada da minha ex-noiva, mas não dei espaço. Ela já tinha conseguido muito mais do que queria comigo. Bianca investiu anos sem dar brechas e aos poucos acabei cedendo. E mesmo que quase obrigatoriamente, acabamos casados, dividindo a casa que ela idealizou morar. E atualmente não havia um bendito dia que ela não falasse sobre ter filhos. Bianca queria engravidar a todo custo, mas não me sentia preparado para ser pai.

Bianca nunca foi o amor da minha vida, Anya sim.

— Gi, estou indo para o trabalho. Saio mais tarde hoje, a demanda só está aumentando.

— Que bom. — Retribuí o beijo na boca que ela me deu. — Bom trabalho!

— Juízo, amorzinho. — A insegurança me incomodava muito, mesmo com o passar dos anos ela não deixava de me sufocar, medir meus passos ou querer ler meus pensamentos.

RECONQUISTA degustaçãoTahanan ng mga kuwento. Tumuklas ngayon