Capítulo 2

3.1K 243 17
                                    



Anya Herrero Montanhez

— Calma, vai acabar tropeçando e se machucando assim, Anya. — Benedita me parou perto do casarão.

— Onde a Nina está? Minha filha, cadê ela, Bene?

— Nos estábulos, ela ganhou um pônei e...

Deixei-a falando sozinha e voltei a correr para pegar a minha filha. Sem explicar, tirei-a de perto da minha mãe e fui às pressas para dentro com a criança no colo.

— O que foi, mamãe?

— Nada, Nina. Vamos descansar um pouco — tentei controlar minha respiração quando tranquei a porta do quarto. Naquele momento eu morri de medo de que o pai dela a encontrasse e descobrisse tudo.

A verdade é que eu não estava pronta merda nenhuma! Vê-lo fez mil questionamentos surgirem na minha cabeça. O medo veio como soco, a insegurança, incertezas, dor e muita saudade.

O que ele faria quando descobrisse que escondi a Giannina dele por seis longos anos?

Sim, Nina, foi como apelidamos para abreviar Giannina. O nome lembrava o de seu pai. Quando jovens nós dois conversamos e ele pediu para colocarmos Giovana caso eu engravidasse de uma garotinha e Giovani caso fosse garotinho. Um pouquinho egocêntrico, eu sei, mas concordei, eu gostava do nome dele e dos dois que citou. Mas quando descobri a Giannina em meu ventre, eu não quis ceder cem por cento ao pedido de quem havia me traído, mesmo que cada vez que ouvia o nome da minha filha em voz alta eu lembrasse dele.

— Eu queria andar mais no meu cavalinho.

— Agora não, Nina.

— Você tá brava? — Observou-me com os olhos arregalados.

— Não, eu só quero que você descanse. Mais tarde veremos a Manu, e nós acordamos muito cedo.

Ouvimos toques na porta, demorei para levantar e finalmente abrir.

— Você me deu um susto, Anya. — Era Dona Branca.

— Ele apareceu aqui, mãe. Ele sempre aparece assim, sem avisar?

— Você sabe que somos como uma família. Giovan vive dentro dessa casa desde miúdo, desde que nasceu.

— Algumas coisas precisam mudar agora que estou aqui. Ele está casado há três anos com a mulher com quem me traiu, somos adultos e temos vidas separadas. Eu não o quero aqui, muito menos sem nos avisar. E se ele visse a Nina agora? O que eu faria? Você e o papai precisam pensar em mim e nela, pelo menos por enquanto. Vocês o conhecem, sabem do gênio dele.

— Filha, você quer que eu e o seu pai conversemos com ele, sobre a Nina? Ele não seria nem louco de brigar ou se alterar com o seu pai.

— Eu agradeço, mas não sou mais uma criança ou a mesma menina de dezoito anos. Encontrarei a melhor forma de resolver isso.

— O quanto antes, Anya. Você sabe como as notícias voam, e ele mora ao nosso lado.

— Vovó, vocês estão falando do meu papai?

— Sim, meu amor, ele...

— Ele nada — interrompi rapidamente. — Ele nada. — Respirei fundo. — Nós vamos dormir um pouco, mãe.

— A Manuela chega perto das sete, tem alguma preferência para o jantar?

— Eba! A dinda vem mesmo — a pequena comemorou.

RECONQUISTA degustaçãoWhere stories live. Discover now