- Estou indo praí! – exclamei, desligando. Então me virei pras garotas, já paradas ao lado do New Beatle – Eu volto em mais ou menos uma hora!

- Aonde você vai? – Hilary perguntou, com uma careta triste. Eu sabia que ela queria que eu ficasse para poder ajudá-la a se decidir, mas J.J. em qualquer situação era uma proposta irrecusável.

- Desculpe. J.J. chamando!

Acelerei e saí dali pra não ver sua cara de decepção comigo. Ela ia me perdoar, eu sabia. Só não seria agora.

Dirigi o mais rápido que pude até a casa do J.J., um milhão de coisas em mente. Quanto mais eu tentava adivinhar, menos sabia o que poderia ser. Eu já estava tremendo de ansiedade quando estacionei em frente à casa dele e apertei a campainha.

Ele me atendeu com um sorriso no rosto e um beijo de boas vindas. Me convidou a entrar e, já na cozinha, puxou um pano de prato e cobriu os meus olhos.

- J.J., o que você está fazendo? – eu perguntei, com um risinho meio histérico. Senti o nó que ele deu no pano atrás da minha cabeça, atando a venda aos meus olhos.

- Eu disse que era uma surpresa. – afirmou, me fazendo rir. Pegou minha mão com delicadeza e começou a me guiar.

Andar de olhos vendados me deixava um pouco tonta. Estendi a mão livre para frente, com medo de bater numa parede ou alguma coisa assim.

- Pra onde você está me levando? – indaguei, baixinho. Eu tinha a impressão de que nós andávamos em círculos.

- Estamos quase lá. – murmurou de volta, e eu sorri, cada vez mais ansiosa.

Ouvi uma porta ranger e o clique de uma luz sendo acesa. Então, com uma mão apenas – a outra ainda segurava a minha -, J.J. desamarrou a venda dos meus olhos. Pisquei um pouco pra me acostumar com a luz, e quando o fiz, visualizei o que ele queria me mostrar.

- O que é isso? – eu perguntei, chocada, boquiaberta. J.J. riu atrás de mim.

- Você gosta? – quis saber.

O que era uma pergunta completamente retórica, na minha opinião. Eu estava de frente para o vestido mais bonito do mundo. Ele era rosa bebê, de saia rendada que devia terminar um pouco acima do joelho. Decote em coração decorado com pedrinhas pequeninas, e alças que, olhando mais de perto, eram feitas de pequenas florezinhas cor de rosa. Ergui-o, testando seu tamanho, e o virei. O decote nas costas ia até a cintura.

Eu estava salva!

- Foi o vestido de formatura da minha mãe. – J.J. contou, surgindo, de repente, junto à minha orelha – Eu achei que ia ficar perfeito em você, e ela concorda. Nasceu pra ser seu. – mordiscou minha orelha – Assim como eu.

 Apertei o vestido, sentindo seu tecido macio que não parecia ter mais do que dias de vida, ao invés de anos, e então o soltei de volta na cama. Parecia que meu coração ia junto.

- Eu não posso aceitar. – eu disse, humildemente, recusando a escutar meu subconsciente que gritava que eu estava ficando maluca – Mesmo.

- Você pode e você vai. – J.J. pegou o vestido e o colocou nas minhas mãos – Vista pra mim.

- O quê? – eu quase gritei – Não!

- Por quê?

- Vai estragar a surpresa do dia do baile!

- Então isso é um “aceito”?

- Não, não é nada disso! – balancei a cabeça, vermelha de irritação – Não me confunda, J.J.!

Dez Coisas - O diário de uma patricinhaDove le storie prendono vita. Scoprilo ora