Capítulo 14

270 30 2
                                    

Com Cameron eliminada, foi como se tudo parecesse se ajeitar. Ela tomou uma bruta suspensão, e Layla voltou a ficar do meu lado – esperando pela “iniciação” que eu havia prometido e teria que cumprir.

E, na sexta-feira daquela semana e último dia do mês, J.J. disse, logo após o término da última aula do dia, que queria me mostrar uma coisa.

Como eu estava com o meu carro, fui seguindo atrás dele pelas ruas sempre cheias de San Diego. Saímos da parte mais movimentada em direção ao subúrbio. Casas pequenas, diferentes das que eu estava acostumada a habitar e freqüentar. Algumas bonitinhas, umas caindo aos pedaços. Paramos em frente a uma que era... média.

A casa que eu entendi ser a de J.J. era só um sobrado comum, com a tinta branca meio lascada, mas portas e janelas novinhas. O jardim estava meio seco, mas ainda havia flores e arbustos. Embora não houvesse carro nenhum na garagem de uma única vaga, J.J. estacionou do lado de fora, me explicando depois que sua mãe chegaria em algumas horas com o padrasto e o carro.

Entramos, e por dentro a casa não era só média. Era muito bonita e bem decorada. Simples de um jeito aconchegante, gostosa. Diferente da minha, tão grande e tão bonita, mas tão vazia que dá até medo de ficar dentro. Eu gostava dali. Ainda estava sorrindo para o nada quando notei que J.J. sumiu.

Preferi esperar a começar a gritar feito uma pirada. J.J. não demorou tanto a voltar. Em cinco minutos, já estava na sala de estar comigo de novo, trazendo uma pasta preta que parecia aquelas onde se guarda algo muito sigiloso. Ele me estendeu a pasta e, colocando umas mechas de cabelo para trás das orelhas, eu aceitei.

- Ah, meu...

A frase ficou presa na garganta, porque eu não podia acreditar no que eu estava vendo.

- Você sabia? – perguntei, pasma, erguendo os olhos por um instante. J.J. riu da minha expressão e assentiu com a cabeça.

Ali, naquela pasta, estava eu.

Melody Schreiber em revistas. Em propagandas de jornais, em fotos e em tudo. Todos os tipos de propaganda que eu já tivesse feito, J.J. tinha.

Ele sabia. Sabia o tempo todo que eu era modelo, e se fazia de desentendido. Que filho da...

- Eu sempre te achei maravilhosa. – J.J. disse, e eu percebi que ele estava atrás de mim, passando os braços pela minha cintura e apoiando a cabeça no meu queixo – Eu vi a primeira antes de ir pra escola. E depois que eu te vi, as suas fotos apareciam em todos os lugares, e a minha irmã começou a recortar.

- Sua irmã? – repeti, lentamente e com uma careta. Preferia muito mais a idéia de que ele o tivesse feito.

- Ela recortava e guardava, e eu roubava. – confessou, com um risinho no meu ouvido que me fez tremer – Mas você era sempre tão metida que eu sempre fingi que não sabia. Só pra te ver irritada.

E, sem aviso, me virou pra ele, me deixando até tonta. Derrubei a pasta no chão.

- Você fica linda quando está irritada! – completou, e eu ri.

- Então, pode me irritar sempre. – sussurrei, antes de beijá-lo.

Eu estava completamente... entretida pelo meu namorado, quando meu telefone tocou, e me deu um susto. Eu nem lembrava de tê-lo colocado no meu bolso. Peguei, meio contrariada, e atendi.

- MELODY! – Hilary berrou do outro lado da linha. Parecia desesperada.

- Meu Deus, fique calma! – pedi, de pronto, afastando o celular do ouvido. J.J. olhou pra mim com uma expressão preocupada – O que foi?

Dez Coisas - O diário de uma patricinhaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora