Dez Coisas - O diário de uma patricinha

Capítulo 1

- Cameron, será que você poderia pegar mais um Latte gelado pra mim?

- Claro, claro. Com açúcar?

Olhei pras minhas amigas quase tão perfeitas quanto eu e dei risada. Como era de se esperar, elas me acompanharam.

- Cameron, olhe pra mim. - pedi. Ela piscou os olhinhos brilhantes e esverdeados para mim, com aquele costumeiro ar de admiração e devoção completos.

- Sim.

- Você realmente acha que eu seria assim... - e balancei os quadris - Se eu tomasse o meu Latte com açúcar?

Cameron abriu a boca pra responder, e o meu sorriso desapareceu, sendo substituído por uma careta de desgosto.

- Esqueça. - e a dei um empurrãozinho com a ponta dos dedos - Suma da minha frente!

Cameron saiu, balançando os brincos de argola, a saia rosada esvoaçante e os cabelos cacheados e louros-obviamente-tingidos, enquanto eu e todas as outras quatro cruzávamos as pernas exatamente ao mesmo tempo e para a mesma direção. Suspirei.

- Como é difícil conseguir bons serviçais hoje em dia! - reclamei, pra ninguém em especial.

Cameron Troy, na verdade, não é minha serviçal. Não que eu realmente precise de uma empregada tão absurdamente incompetente e incapacitada de pensar como ela, de qualquer maneira. Mas eu a usava como tal, se assim eu quisesse. No fundo, ela adorava ser usada.

Ali, no nosso grupinho de cinco garotas perfeitas e populares, Cameron era a não-tão-popular que havia feito de tudo pra chegar onde estava. Ela me imitava desde sempre, e quando eu percebi que isso poderia ser útil, investi nela. Me arrependi quando ela se provou indigna da minha atenção, mas se tem uma coisa que eu aprendi é que não se pode voltar atrás quando tomamos certas decisões.

- Melody. - minha melhor amiga negra e linda sibilou para mim. Minha atenção transferiu seu foco dos meus próprios pensamentos para ela, e nós juntamos as cabeças. As outras duas, uma ruiva e uma morena, se juntaram a nós.

- O quê? - sussurrei de volta, curiosa.

- Chad Brown te secando com todas as forças às 6 horas. - ela disse, e as outras deram risadinhas.

Eu não era exatamente perita em ser sutil. Na verdade, quando se é a garota mais popular de San Diego, tudo de que você não precisa é ser sutil. Por isso, eu segui a direção indicada pelo nosso mapa baseado no relógio, e me virei, fazendo meu lindos e lisos fios louros voarem, me dando o efeito de uma estrela de cinema.

E lá estava ele. Chad Brown. O louro bronzeado e musculoso que, atualmente, tinha todos os votos das garotas do St. Phillip High School como o garoto mais gostoso da escola, senão da cidade.

E ele tinha o meu voto. Ainda porque, eu, melhor do que a maior parte daquelas pobres infelizes, sabia exatamente que tipo de gostoso ele era. E como sabia.

Eu e Chad éramos namorados até o ano passado. Eu não gostava realmente dele, e ele não gostava realmente de ninguém. A coisa entre nós era muito mais física do que qualquer outro tipo de definição. Como nós dois éramos os mais populares da escola, um dia decidimos que seríamos um par lindo juntos, e no final do segundo ano resolvemos namorar. A coisa não foi pra frente. Antes do final do primeiro semestre do nosso último ano, a coisa simplesmente afundou.

Não sem antes, claro, nós nos divertirmos à beça. Chad foi meu primeiro homem, por assim dizer, se é que todo mundo me entende. Foi divertido. Depois dele, eu já tinha ficado com alguns garotos, mas nada nunca passou dos amassos. Eu não gostava dele, mas não queria nenhum outro tampouco.