4. Imaturo

1.8K 282 678
                                    

hs

Os dias depois do meu último encontro com Louis foram corridos. Não só pra mim, ele também disse estar ocupado.

Eu não sei como aconteceu, visto que cruzamos os mesmos lugares constantemente, mas meus olhos só encontravam os seus nas aulas que temos em comum. E só tivemos tempo de fazer isso: trocar olhares. Os dias pareceram durar anos para ser sincero.

Apesar de não nos falarmos nesse tempo, sinto que foi a semana que mais entendi coisas sobre Louis.

Entendi que ele manda fotos o tempo todo, que gosta de um tipo bem específico de arte, que ele sempre está interessado em como eu estou e que talvez eu esteja me apaixonando por todas essas coisas. Porque senti falta dele nessa semana mais do que poderia ter imaginado.

No sábado, Louis me enviou uma localização e um horário, nenhuma palavra a mais.

harrystyles: que isso?

louist91: to te chamando pra sair

harrystyles: devo levar caderno? ou algo

louist91: não idiota, é um encontro!

harrystyles: achei que a gnt ia fazer toda a coisa de se conhecer e etc
harrystyles: 🐸

louist91: desculpa sapinho
louist91: mas hj n

louist91: o cara que eu conheço até agr é legal o suficiente e hj eu só quero levar ele pra um encontro, tudo bem por vc?

Depois de conferir o lugar pela localização e ver fotos, lembrei que tinha olhado e até fiz planos rasos de visitar aquela instalação antes de vir pra cá e ser tomado pela rotina da academia.

harrystyles: ok
harrystyles: vou levar alguma coisa pra gnt comer

O monumento em que Louis me levou foi uma surpresa pra mim. Ele me disse que se chamava Gaia.

O cômodo grande e aberto só dava foco na escultura suspensa ao meio, nada ali conseguindo desviar a sua atenção. Era uma réplica da Terra de tirar o fôlego.

— Eu não vi isso na internet! — Sussurrei depois de segundos sem falar, quando percebi que Louis esperava uma reação além da minha boca aberta.

— Que bom, ia estragar totalmente a surpresa. — Ele disse.

Nós dois ainda estávamos na entrada da sala, consequentemente, de frente para o monumento. Mesmo o reflexo no chão era incomparável com qualquer coisa que eu já tenha visto.

As janelas grandes em volta davam uma iluminação linda e o silêncio tomava conta. Havia algumas pessoas, todas em volta do monumento, porém alheias a ele. Pareciam acostumados com tudo aqui e assumi que esse é um lugar de paz para eles. Alguns estavam deitados no chão lendo, outros se ocupavam com seus cadernos e uma menina só estava sentada no batente da janela, observando o espaço.

A mão de Louis deslizou na minha, uma forma de me guiar sem que palavras fossem necessárias e nossos dedos se encaixam um no outro. Segui-o quando ele me puxou até um dos cantos do cômodo.

Não me incomodei de sentar no chão, ele era tão limpo a ponto de refletir a obra no centro. Louis também me acompanhou, os dois encostados na parede, nossos braços colados não querendo se desfazer do toque.

Coloquei de lado a bolsa que trouxe com comida e água. Não é como se estivéssemos fora da academia, mas não queria ter que voltar até o dormitório caso ficasse com sede.

O silêncio que se seguiu era confortável. Mas, eventualmente, dez minutos depois para ser mais exato, comecei a ficar tonto observando o monumento. A rotação não era agradável para minha cabeça.

Chiaroscuro [l.s]Where stories live. Discover now