As crianças se viram para mim com expressões encantadas, realmente felizes pela aprovação do pai, e Ryan aproveita a deixa para se inclinar sobre a varanda e cuspir o bolo fora. Sorrio para ele, que simula uma ânsia de vômito disfarçadamente, antes de abrir um enorme sorriso quando as crianças se viram para ele novamente. 

Bom, posso dizer que pelo menos as crianças gostaram do bolo. Elas comeram uma fatia cada e ficaram grudadas no pai, contando como foi a experiência na cozinha e fazendo reclamações um do outro. Toda vez que eu olho para Ryan, para o amor e cuidado que ele tem com nossos filhos, sempre disposto a escutar qualquer bobagem com muita atenção, se esforçando o máximo para entender a linguagem das crianças, é como se eu me apaixonasse um pouco mais por ele a cada dia. 

Nossos filhos não se parecem nada com ele. Pelo menos fisicamente. Ambos têm o meu tom de pele, os olhos escuros e o cabelo escorrido. Mas tenho certeza que o coração deles é tão bom e generoso quanto o do pai. 

Eu escolhi o homem certo para viver ao meu lado. Enfrentamos algumas dificuldades pelo processo, mas eu não poderia ser mais grata pelos caminhos que tomamos para chegar até aqui. Tenho um marido bom, dedicado, que cuida de mim e dos nossos filhos, que comete alguns deslizes às vezes pelo simples fato de ser humano, mas que sempre dá a volta por cima e dá o melhor de si. O que mais eu poderia querer? 

— Bom, crianças, chegou a hora de dormir — eu anuncio, recebendo protestos dos mais jovens. — Nada disso. Lembra do nosso acordo? Vocês ficaram acordados até tarde hoje porque é o aniversário do papai. Mas já passou da hora de estar na cama. 

— Ah, mamãe — Harper choraminga. 

— Por favor — Dillon dramatiza. 

— A mãe de vocês tem razão, pirralhos — Ryan vem ao meu socorro. — É hora de escovar os dentes, vestir os pijamas e ir já pra cama. 

Eles teimam mais um pouco, mas Ryan consegue driblá-los entre brincadeiras e cócegas. Eu me ofereço para colocá-los na cama, mas Ryan toma as rédeas da situação. Harper, a mais velha, me dá um beijo no rosto para se despedir, e Dillon, o caçula, agarra minha perna antes de segurar a mão do pai e entrar em casa, dizendo: 

— A gente comprou um presente pro senhor, mas a mamãe disse que só podemos abrir amanhã. 

As vozes deles desaparecem dentro de casa. Eu me sento no sofá, observando a bagunça que ficou sobre a mesa, mas isso não me incomoda nem um pouco. Na verdade, isso se parece muito com um ambiente familiar para mim. As crianças vieram para acrescentar mais nas nossas vidas, e sou muito abençoada por isso. Nós dois somos. Eu vejo uma expressão de agradecimento no rosto do meu marido a cada vez que ele percebe a família linda que tem. 

Estou tentando limpar a bagunça sobre a mesa quando Ryan surge novamente. Ele se joga no sofá e não perde tempo antes de me puxar para si, me induzindo a sentar em seu colo. Solto uma risadinha pela surpresa e passo os braços ao redor do pescoço dele. 

— As crianças dormiram? — pergunto. 

— Aham. Capotaram feito uma pedra — diz ele. — Não acredito que você deixou as crianças fazerem o bolo. Isso foi alguma espécie de vingança por eu ter, acidentalmente, quebrado aquele vaso que você adora? 

Passo a mão pelo seu maxilar forte, sentindo a barba por fazer arranhar a palma da minha mão. 

— Hum… talvez tenha sido — provoco. Solto uma gargalhada em seguida quando ele faz cócegas nas minhas costelas. — Ei! — protesto. 

— Você é uma mulher tenebrosa, Sra. Blossom. 

— Ah, eu sou mesmo muito má — brinco. — As crianças estavam muito animadas pra ajudar com o bolo. Não pude dizer não. 

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