CAPÍTULO 20 - Só não quero que se apegue a algo que pode não dar certo.

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O ar podia ser cortado por uma faca de tão tenso que estava o clima no apartamento de Júlia. Desde o flagrante no corredor, Caio não disse mais que duas frases completas. No máximo sacudia a cabeça e fazia uns grunhidos que, possivelmente, deveriam ser algum tipo de resposta. Mas durante todo o tempo, ele não conseguia parar de encarar Júlia. Cada movimento dela era seguido por seus olhos atentos e confusos.

"Eles não têm nada a ver um com o outro."

Rebeca continuava sua história totalmente alheia a tensão que pairava no ambiente. Contava com empolgação cada detalhe de sua última viagem a Veneza.

— Assim que vocês puderem, não percam a chance: vão! É o lugar mais romântico que eu já conheci. Pena que eu estava solteira na época. — Seus olhos, com cílios muito longos e carregados de rímel, brilhavam com a lembrança da viagem. — Eu já disse a Caio que temos que ir juntos. Não é mesmo, querido?

Mais um grunhido foi dado em resposta por ele.

— Ainda é muito cedo para Ícaro e eu fazermos esse tipo de plano, Rebeca. — Júlia andava de um lado para o outro na cozinha tentando se ocupar.

— Eu concordo totalmente. É muito cedo para eles pensarem em uma coisa dessas. — Finalmente Caio resolver expressar seus pensamentos através de palavras compreensíveis. — Eles nem se conhecem direito. Vai saber se os dois continuarão juntos depois que as férias terminarem.

— Ai! Que horror, Caio! — Rebeca torceu o nariz, em desagrado. — Que tipo de amigo é você? Para de ficar secando o relacionamento dos outros.

— Eu não estou secando nada. Só estou sendo sincero. — Cruzou os braços em frente ao peito, na defensiva. — Só não quero que Júlia se apegue a algo que pode não dar certo.

— Eles são bonitos, independentes e desimpedidos. — Rebeca também cruzou os braços, imitando-o. — Por que não daria certo?

— Eu só não quero que ela entre de cabeça e acabe se machucando. — Caio deu de ombro, e desviou o olhar para que não vissem que seu motivo ia muito mais além do que dizia.

— Ai, por favor! Do jeito que você está falando, até parece que eles vão se casar e mudar para a Europa. — Rebeca jogou a cabeça para trás, acompanhada de uma gargalha alta. — Mas eu te entendo. Você dois são muito amigos, então é completamente natural esse seu instinto de irmão mais velho.

Júlia continuava a sua missão de enrolar o máximo na cozinha para não ter que se sentar na sala com os dois. Caio a olhava insistentemente, e ela estava começando a ficar desconfortável com vigilância indiscreta. Se Rebeca parece de se olhar no pequeno espelho que tinha nas mãos a cada 5 minutos, e começasse a prestar um pouco de atenção no que acontecia a sua volta, também perceberia o clima esquisito no ar.

— Oi, gente! — Carol saiu do quarto e foi até a sala cumprimentar as visitas.

— Oi, Carol! Você está ótima! — Rebeca se levantou e a cumprimentou com dois beijinhos com as bochechas. — O novinho está lhe fazendo maravilhas. Você até está parecendo um pouco mais nova. Pelo visto juventude deve ser contagiosa, né?

— Pena que bom senso também não é contagioso! — Carol retrucou, mas não foi ouvida, pois o celular de Rebeca começou a tocar.

"Bring the beat in!
Honey, honey
I can see the stars all the way from here .....

Love on top"

— Ah, não! Vou ter mesmo que trocar o toque do meu celular. — Carol revirou os olhos

SOS: verão! (Em revisão)Where stories live. Discover now