SOS: verão! (Em revisão)

CAPÍTULO 16 - Qualquer lugar é mais seguro que no meio de vocês dois

A estrada estava ótima, mesmo com os buracos que pareciam brotar do nada, dando a sensação de que participavam de um Rally. O mais importante é que a pista estava livre! Quase não se via outros carros seguir o mesmo caminho que o Jipe de amarelo.

O dia prometia. O céu estava limpo. O sol se mostrava majestoso, contudo a temperatura não castigava a pele dos banhistas que seguiam seu caminho com tranquilidade para a praia. Pelo menos por enquanto.

Júlia segurava com ambas as mãos o chapéu que estava em sua cabeça. O comprou nos primeiros dias das férias, mas ainda não tinha tido a oportunidade de usá-lo. Mas hoje era o dia perfeito para parecer uma diva praiana. Usava óculos de sol gigantes, saída de praia em tom claro, e o seu mais novo xodó: o chapéu de praia com uma fita em detalhes de onça! —

Carol tinha lhe dito que era um exagero quando o comprou. Ele mais parecia um sombreiro mexicano do que um chapéu comum de tão grande que era. Mas não importava. Júlia queria arrasar no look de verão! Iria tirar muitas fotos ainda.

— Você não acha melhor tirar esse "parapente" que está em sua cabeça? — Disse Caio que estava sentado na parte de trás do veículo. — Se passar um vento um pouco mais forte, você vai acabar voando desse carro. E se tentarmos segurar no seu pé para te ajudar, podemos acabar sendo arrastados também.

— Não fala mal do meu chapéu! — Júlia gritava, por cima do vento, para ser ouvida. — Ele é lindo e eu estou uma gata com ele. Não vou tirar!

— Mas você pode acabar perdendo o chapéu. O vento está muito forte. — Ícaro abaixou um pouco o rosto, se aproximando de Júlia, para que pudesse ouvi-lo.

— Eu sei! Por isso estou segurando com força. Além disso, se eu o tirar agora vou parecer um espantalho quando chegarmos a praia.

— Que exagerada! — Caio deu um peteleco na aba do chapéu.

— Você acha que é assim tão simples? Seu cabelo é naturalmente liso, bonito! Você joga o cabelo para um lado, depois para o outro e ele volta para o lugar todo comportado. Porém eu tenho que cair na mão com o meu cabelo todos os dias. É uma vida muito difícil!

— Então já que isso é tão importante para você, quando a gente chegar é só você molhar o cabelo e fica tudo resolvido.

— Alô? Hoje eu estou com o meu cabelo cacheado! — Júlia apontou para a cabeça esperando que Caio entendesse. Mas olhar perdido, dizia que teria que ser mais clara. — Cabelo cacheado embola fácil. Quando eu sair do carro, vai estar daquele jeito! — Tentou usar as mãos para exemplificar como pareceria o desastre capilar, mas o vento forte quase levou o chapéu. Segurou-o com firmeza. — E até eu chegar à água para acalmar os tentáculos da arraia, provavelmente já terei feito uma longa caminhada da vergonha. E se a praia estiver cheia?

— Sinceramente eu não te entendo. — Caio encostou-se no banco de trás ligeiramente confuso. — Às vezes você diz que prefere o cabelo liso porque é mais prático. Outras vezes diz que acha lindo cabelos cacheados. O seu cabelo está enrolado, mas pelo visto hoje isso é um problema. Eu não sei mais o que você quer. Por que as mulheres são tão confusas? — Caio dirigiu a pergunta a Ícaro.

— Um dia minha mãe estava na frente do espelho com os olhos cheio d'água, reclamando do cabelo que não tinha jeito, que estava horrível e que provavelmente deveria cortá-lo bem curto de uma vez por todas para diminuir o trabalho. — Ícaro olhava atento a estrada enquanto falava. — Até que meu pai, inocentemente, concordou com a ideia do novo corte. Ele ainda deu a ideia de ela comprar uns brincos grandes, iguais às atrizes das novelas que ela assistia. Disse que ficariam bonitos com o novo cabelo. E sabe o que ele conseguiu com o comentário? Um galo na cabeça por causa da escova que minha mãe jogou nele. — Segurava o volante fortemente, enquanto seu corpo tremia por causa da gargalhada. — Depois desse dia, nós aprendemos que "em briga de mulher e cabelo, homem não mete o bedelho".