Capítulo 13

3.4K 341 96
                                    

Eu estava parada em sua porta, não toquei a campainha e fiquei olhando a porta de madeira longos minutos tentando lembrar de qualquer coisa nem que seja mínima, enquanto brincava com o anel de noivado cintilante em meu dedo, torcendo para que aqueles flash voltassem e eu pudesse lembrar de Natalie. 

Eu estava triste, e eu não podia esconder isso, triste pela confusão que eu estava sentindo mas estava convicta que Natalie precisava saber do que havia acontecido mais cedo. Respirei fundo e toquei a campainha. Alguns segundos depois Natalie abriu a porta sorridente, ela vestia uma blusa preta de alcinha, com leves pedrinhas brilhantes, sua calça jeans parecia tão confortável quanto meu vestido tubinho vermelho. 

—Ana— sua voz era doce e em sua boca surgia um sorriso de canto.

—Natalie.

Seu olhar era tão convidativo para mim e era como se fosse o primeiro encontro, meu coração batia rápido e minhas mãos transpiravam.

—Entre—disse ela sorridente. 

Entrei em seu apartamento e eu sabia que estive ali muito mais vezes que eu imaginava, mas agora era como se fosse a primeira vez.

—Eu sei que parece a primeira a vez, mas saiba que você já esteve aqui bem mais vezes que imagina. 

—Nossa—falei surpresa— eu acabei de ter esse mesmo pensamento. 

—Você quer algo para beber?— perguntou servindo uma taça de champanhe.

—Champanhe está bom. 

Ela nos serviu e ficamos em silencio por breves segundos. 

—Natalie, eu pre...

—Vem, vou mostra algo a você. 

Falamos ao mesmo tempo e a fala de Natalie acabou ofuscando a minha. Suas mãos seguraram as minhas e por um breve momento, senti o toque de suas mãos tão familiar. Subimos as escadas e caminhamos até o fim do corredor, ao abrir a porta vi seu quarto. 

—Bom, quando você estava no hospital eu fiz uma reforma rápida construí um closet só para você, troquei os lençóis de cama para clores mais claras, e eu achei que gostaria. — falou entusiasmada 

—Natalie, nós precisamos conversar. —falei séria, pois eu não estava mais aguentando esconder o que houve hoje. 

—Sim. —seu semblante mudou e tornou sério.

Sentamos na cama, e minha mão deslizou pelo lençol de cetim prateado afim de que eu pudesse lembrar de algo. 

—Eu nem sei como começar— dei uma pausa e a olhei. 

Seus olhos negros eram tão penetrantes e mesmo eu não lembrando de absolutamente nada relacionado a ela, eles me prendiam e me deixavam tão ainda mais confusa, por que eu sabia que eu a amava, mas eu não sentia. Natalie era uma pessoa a minha frente, mas parece que o que vivemos apenas aconteceu em um sonho distante, eu estava extremamente triste por não corresponde-la e por isso eu sabia que naquele momento ela precisava saber do que havia acontecido. 

Respirei fundo e continuei. 

—Hoje eu tive relapsos de memórias, lembrei de alguém que me deixava feliz e eu tenho quase certeza que era você, não podia ser outra pessoa. Mas junto com os meus flash's veio a confusão a tontura, e quase um desmaio. 

—Ana— me interrompeu com um olhar preocupado.

—Escute, por favor. —falei com a voz pesada—eu quase desmaiei mas a Lena me ajudou. 

Percebi que seu semblante mudou, os olhos se comprimiram bem levemente e sua teste surgiu ondinhas, e naquele momento eu sabia que o nome "Lena " havia a incomodado. 

—Por um instante eu senti vontade de beija-la— dei uma pausa por que as palavras já saiam com dificuldade— e eu a beijei. 

Um silêncio pairou pelo quarto, Natalie apenas me fitava, seu semblante não parecia surpreso mas também não parecia de alguém que estava com raiva. 

—Eu resolvi falar por que eu acho que você precisa saber, saiba que eu não sinto nada por ela, eu estou bastante confusa para sentir sentimento por alguém. Foi apenas um beijo no qual no momento eu estava extremamente confusa. 

Ela continuou em silencio, e sua falta de palavras me deixava ainda mais tensa. 

—Por favor, fale alguma coisa. 

Ela abaixou a cabeça e respirou. 

—O que você quer que eu diga, Ana? Isso tudo aconteceu por minha causa. Eu a perdi novamente , e não foi sua culpa. 

—Você não me perdeu— segurei sua mãos— eu só preciso de um tempo para lembrar de tudo, de você. 

—Ana, eu já perdi você tantas vezes que um tempo longe para mim é uma eternidade. 

—Eu juro que eu estou tentando lembrar, mas até agora eu só tive flash de alguém que eu acho que é você. Na verdade, eu sei que é você, mas eu não consigo lembrar do sentimento. E eu não quero mais magoa-la, Natalie. 

—E se você nunca lembrar de mim, Ana? 

Suas palavras foram pesadas com um embargue na garganta, eu a tinha magoado muito, mas eu realmente não sabia o que fazer para reverter essa situação. 

—Eu não sei, Natalie. Eu realmente não sei. 

Eu segurava um choro preso. 

—Eu vou dar o tempo que você precisa, Ana. — disse Natalie com a cabeça baixa. —Mas saiba que mesmo você não recordando eu sempre te esperei, e sempre vou te esperar. 

—Natalie, dessa vez vai além de mim e você sabe. —Levei minha mão até seu rosto, minha mão tocou sua pele e seu rosto repousou nela— eu vou fazer de tudo para lembrar de você, eu prometo. Mas agora minha cabeça está fodida demais para manter um noivado.

—Tudo bem. —vi suas primeiras lágrimas caindo — quando você lembrar eu vou estar aqui. Esperando por você. E me perdoa pelo o que aconteceu, a culpa foi minha. 

—A culpa não foi sua, não tinha como prever que seu pai seria capaz de fazer isso. 

—E sobre Lena? — ela limpava as lagrimas e tentava se recuperar— você sentiu alguma coisa ao beija-la? 

—Não. — respondi decisiva— eu fiquei confusa na hora, nos aproximamos nesses dias e eu acabei a beijando por impulso. 

—Acredito que ela tenha gostado. — falou sarcástica. 

—Eu fiquei tão envergonhada e nervosa que eu sai, não dei chances para ouvi-la.

—Agradeço por ter me falado. Em outra ocasião eu teria ficado brava e ia tirar satisfações com ela . Mas eu a entendo, o médico comentou sobre confusões mentais, porém não esperava uma desse tipo. 

—Me desculpa. 

—Bom— Natalie levantou-se da cama e me estendeu a mão eu a peguei e levantei-me ficando de frente para ela— Eu torço muito para que você se lembre de nós o mais rápido possível por que uma vida sem você Ana, não é uma vida feliz.  E eu vou estar exatamente aqui a esperando, e se você não lembrar eu prometo guardar as melhores memorias de nós duas. 

Natalie me agraciou com um beijo na testa e me acompanhou até a porta. Mesmo eu não lembrando de absolutamente nada , eu sentia meu coração em pedaços. Sentia que eu havia perdido uma pessoa incrível e por mais que Natalie falasse que me esperaria eu sabia que se eu não recuperasse minha memória  logo, talvez o tempo fosse inimigo. 

Voltei para casa e eu não podia esconder o quanto eu estava triste, por mais que eu não lembrasse dela, eu sei que ela me fez bem , porém eu não poderia continuar um noivado com Natalie sem lembrar que eu a amo. Não seria eu que estaria com ela, e isso só ia magoa-la ainda mais. Então dar um tempo foi o melhor a ser feito, talvez eu precise de tempo para que tudo volte, e eu espero que volte logo.

Intenso ( Segundo livro da trilogia descobrindo o prazer)Where stories live. Discover now