Capítulo 5 - Maria

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A García fechou um contrato milionário, foram dias e mais dias, até que finalmente entramos em um acordo e nos próximos meses começaremos com a construção desse projeto. Confesso que em alguns momentos tentei manter meus pensamentos longe, mas quando menos esperava minha mente me levava para Liam. Pensei que seria mais fácil fechar esse contrato com ele, no começo Liam parecia empolgado, então não sei o que realmente aconteceu.

Se fosse só o lado profissional que tivesse interesse nele, tudo seria mais simples, mas não consigo parar de pensar nos seus olhos cinzas enigmáticos. Seu corpo chama atenção de qualquer mulher, e eu daria tudo para tê-lo em minha cama, nem que fosse uma única vez.

Minha secretária avisou sobre a chegada do Onix, que descobri ser amigo do Damião. Ele me prometeu que ajudaria a conversar com Liam, já que indo até o restaurante não deu em nada, pois até hoje espero sua ligação. Farei uma última visita, dessa vez em sua casa.

— Oi, Maria! — Me cumprimenta com um abraço — Liam deu sinal de vida?

— Até agora nada, Onix. Só estou insistindo porque Liam tem um puta potencial, por isso hoje farei uma última tentativa.

Estive em contato com algumas pessoas, em seis meses teremos um grande campeonato na cidade, e como um bom lutador, quanto mais títulos ele garantir, mais visibilidade terá. Se eu fechar com o Liam, teremos pouco tempo para começar sua preparação, até porque tem muitos exercícios, treinos e acompanhamentos com um profissional.

— Eu sei o motivo de toda essa resistência, e infelizmente não posso te contar, mas garanto que você não vai se arrepender. Liam é muito bom, vejo que meu amigo tem um futuro brilhante, ele só precisa deixar de pensar com as duas cabeças.

Como assim pensar com as duas cabeças?

Onix percebe minha cara de confusão, porque rapidamente se explica. Não acredito muito em sua explicação, mas por hora decido que não vou insistir. Conversamos por mais alguns minutos, ele me explica o motivo da suspensão que recebeu. Ele não poderia ter participado daquela luta de rua, essa é uma das cláusulas mais importantes de um contrato, passível até de encerramento. Ele tinha ciência de tudo, mas participou para incentivar o amigo.

Damião decidiu que não viria trabalhar hoje, como já são quase três da tarde, acho que também posso me dar o luxo de ir para casa. Me despeço de todos os funcionários, não sem antes deixar minha secretária avisada que só é para me ligar em caso de extrema emergência.

Entro no meu carro e sigo por uns vinte minutos, quando o trânsito colabora, chegar em casa até que é fácil. Cumprimento o porteiro e entro, apertando o sétimo andar.  Meu pai me deu esse apartamento quando eu completei dezoito anos, eu até queria ter ido embora de casa cedo, mas sempre me preocupei em deixar meu pai sozinho, então quando ele faleceu, vi a oportunidade perfeita. A casa em que morávamos estava repleta de lembranças e isso me deixava extremamente mal, por isso vendi e vim morar aqui.

Jogo a bolsa na bancada e corro para o banheiro, nesse momento tudo que necessito é de um bom e delicioso banho quente. Deixo que a água leve embora toda tensão do meu corpo. Tento não pensar em Liam, porém, quando menos espero já estou com a mão entre minhas pernas, imaginando que fosse suas deliciosas mãos passando por minha pele. Não me lembro quando foi a última vez que fiquei assim por um homem, sempre que eu quero sexo sei onde procurar. Mas o meu lutador misterioso, esse não faz ideia do poder que tem sobre minha mente.

Com muito custo saio do banho, opto por um vestido preto, que fica na altura do joelho, prendo meus cabelos pretos em um rabo de cavalo e pronto. Com minha bolsa em mãos, desço novamente para o estacionamento, e coloco o endereço no GPS. Ao que tudo indica é em um bairro de classe média, se a rota estiver certa, chegarei em quarenta minutos.

Se todos os dias fossem como hoje, não me importaria de ter que dirigir. Para uma sexta-feira, estou surpresa com o fraco movimento nas estradas. Consigo chegar antes do programado, o prédio onde Rael mora é simples, a fachada é vermelha, dando destaque para o lugar. Cumprimento o porteiro, que indica um estacionamento, dizendo não ser seguro deixar meu carro na rua. Faço o que ele orienta, e logo retorno, informando que irei para o quarto andar.

O elevador está quebrado, então tenho que enfrentar oito lances de escada. Agradeço aos céus por ter vindo de tênis, sem condições de subir de salto alto. Passo por um grupo de pessoas e gentilmente as cumprimento, algumas retribuem com um sorriso, outras nem me dirigem o olhar. Paro em frente ao quatrocentos e quatorze, respiro fundo e bato na porta.

— Maria? — Liam aparece sem camisa, ferrando mais ainda com minha sanidade.

A barriga dele tem uns gominhos bem definidos, seu peitoral é musculoso e esse homem não nega que passa horas em uma academia. Daria tudo para passar a língua em cada gominho.

Oh, Deus! Tira esses pensamentos pecaminosos da minha mente.

— Já que você não me ligou, decidi que seria uma boa ideia te fazer uma visita. Vai me deixar entrar, ou quer conversar aqui fora mesmo? — provoco um pouco.

Ele abre passagem para que eu entre. A casa é bem arrumada para um homem, os móveis escuros criam um contraste com as paredes claras. Paro no meio da sala, e espero que ele fale alguma coisa. Liam não diz nada, apenas me observa. Não sei explicar, mas seu olhar é tão intenso que sinto como se minha pele queimasse.

— O que veio fazer aqui, Maria? — diz, cruzando os braços e encostando na parede.

— Vim para que você me explique por que não posso te patrocinar, Onix me disse que de todas as propostas, a minha foi de longe a melhor.

— Ele não tinha que falar nada! Desde quando vocês se tornaram amigos?

— Não somos amigos, ele quer apenas o melhor para você. Sabia que ele se arriscou, só para que você lutasse naquele dia?

— Como assim? — Vejo a interrogação estampada em seu rosto, aposto que se ele soubesse não deixaria que Onix se arriscasse.

— No contrato que ele assinou, uma das cláusulas proíbe estritamente lutas de rua. Ele tinha ciência disso, mas também sabia que se ele não participasse, você arrumaria um jeito de não ir. Ele se arriscou e agora você está desperdiçando uma enorme oportunidade.

Sei que é um jogo sujo, mas tentarei jogar todas as minhas cartas.

— Não estou desperdiçando, apenas não quero ser patrocinado por você. É simples de aceitar, Maria.

Minha vontade é de voar em seu pescoço, nunca vi uma pessoa tão teimosa como Liam. Se ele fosse sincero e me dissesse o verdadeiro motivo, eu aceitaria a derrota e mesmo sendo difícil, buscaria um outro lutador. Um lado me diz para desistir, já o outro, manda eu insistir mais um pouco.

— Vamos fazer assim: um motivo e eu vou embora — pronuncio, tentando ao máximo não focar em seu peito nu.

Se eu tivesse um motivo plausível, não insistiria tanto. Só me falta ele dizer que não quer ser patrocinado por mim porque sou mulher. Não, não acredito que ele seja machista assim!

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⏰ Last updated: Aug 23, 2021 ⏰

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