Annysia estava presa. Presa em uma torre, como se vivesse num maldito conto de fadas. A diferença é que nenhum príncipe a resgataria das garras de seu parceiro maldito: o Grão Senhor da Corte Outonal, que a prendeu no alto daquela Torre tantos anos...
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350 anos depois
Annysia gostava de acordar cedo e ver o sol nascer. Gostava do vento batendo no rosto e da sensação de que jamais seria presa novamente. Ela subia a colina todas as manhãs, se sentava na grama de um tom claro de verde, enfiava as mãos entre as folhas e fechava os olhos, deixando a cabeça tombar para trás, apenas apreciando a quentura do sol da manhã contra seu rosto pálido, contra os cabelos vermelhos vivos. Ela gostava daquele lugar que a havia abrigado por tantos e tantos séculos. Annysia não precisava se esconder, não mais. Mas aquele lugar era apenas dela. E ela enfim criou sua própria história.
Ela gostava de poder passar as tardes cuidado das crianças do vilarejo humano onde morava em paz e harmonia com eles. Elas sempre passavam todas as tardes na casa da grã feérica, estudando e aprendendo e ajudando. Annysia nunca se sentia sozinha assim quando a casa estava lotada de alegria e vida. Quase a fazia esquecer de tudo o que ela tinha perdido, de tudo o que tinha deixado para trás. Quase.
As vezes Annysia ainda podia escutar a voz de Helion quando fechava os olhos. Conseguia vê-lo. Ah, sim, ela sentia a falta dele. Todos os dias desde que partiu, essa havia sido a coisa que mais fizera falta a grã feérica. E ela apenas desejava, do fundo de seu coração imortal, que Helion estivesse bem e feliz.
O que ele teria feito depois que ela partiu? Ela apenas podia rezar para que não tivesse sofrido. E que finalmente tivesse vivido aquele amor que merecia viver. Mesmo que não com ela.
Ela escutou as crianças gritando e rindo logo abaixo da colina, perto do rio. Estava cedo ainda, então provavelmente tinham ido para brincar enquanto os pais faziam o almoço. Annysia deu risada, se sentindo feliz pelo simples ecoar de felicidade que aquele lugar exalava.
-E ai, velhota.- Link disse, se sentando ao lado de Annysia. A grã feérica torceu o nariz para o humano de vinte anos que ela tinha visto nascer e inclusive ajudado no parto.
-Contínuo sendo mais bonita que você. - ela provocou e Link deu risada. -Corte esse cabelo, Lincon. Está horrível.
-Você é mais chata que minha mãe, sabia?- ele reclamou. Annysia sorriu.
Uma parte dela se sentia como se fosse mãe dele também. De cada uma daquelas pessoas que ela havia visto crescer e envelhecer. Annysia não teve a chance de ter seus próprios filhos, mas era feliz por poder ter uma família tão, tão grande.
-Hoje apareceu um forasteiro na estalagem. - Link comentou, ganhando a atenção de Annysia. -Feérico que nem você, apesar das tentativas falhas de esconder isso.
Ela franziu o cenho; apenas esperava que aquilo não fosse um novo problema. Annysia já tinha expulsado vários e vários feéricos e grão feéricos que tinham incomodado aquelas terras em busca de caos. Esperava não ter que repetir isso, mas o faria se fosse preciso. Com um suspiro, ela se levantou, passando a mão pela calça para tirar as folhas secas presas ao tecido.
-Vou lá dar uma olhada.- Annysia disse e Link apenas assentiu.
Annysia desceu sem pressa a colina e caminhou rumo ao centro da vila. As ruas já estavam movimentadas, pessoas indo de um lado para o outro, parando para dizer oi a Annysia. Era por isso que Annysia não podia deixar algum idiota qualquer machucar aquelas pessoas boas; eram sua família.
Ela entrou na estalagem dos pais de Link, preparada para uma confusão. Apenas para encontrar o pai do jovem esperando por ela.
-Ó, Annysia, tem uma visita pra você, eu acho. - ele disse e a grã feérica fraziu o cenho. Visita para ela?
Mas ai ela sentiu aquele cheiro que conhecia bem. O coração dela foi parar na garganta e ela sequer sabia se ainda era capaz de respirar conforme se virava na direção do macho que amara e ainda amava tanto.
Helion.
Helion estava ali, parado na porta, a olhando, lindo como sempre. Annysia sentiu seus olhos encherem de lágrimas, a saudade que havia sentido dele a atingindo em cheio.
-Você nunca me deixou dizer que te amava.- ele disse a ela e Annysia já não era capaz de esconder as lágrimas que desciam pela sua bochecha. -Mas eu amo. E procurei por você esses anos todos.
-E eu te esperei.- ela disse, por fim.
Eles se olharam, há apenas cinco passos de distância um do outro. E o sorriso que davam um para o outro já significava tudo: não importava quanto tempo tivesse se passado, afinal. Eles haviam sido feitos um para ficarem juntos. E nada além disso importava.
Fim
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Sim, eu deixei o final assim KKK E eu nem ia fazer eles se reencontrando, ENTÃO ACEITEM ISSO COMO UM GESTO DE BONDADE MEU!
Enfim, brincadeiras a parte, espero que tenham gostado da fic <3 eu amei escrever ela e é uma pena que tenha acabado :(
Obrigada a todos que acompanharam até aqui! Amo vocês <3
Espero que tenham gostado! Vejo vocês em fics futuras, quem sabe? ~Ana
