*Capitulo 2*

1.7K 177 42
                                    

WN

Abri os olhos já bolado quando escutei o barulho dos cana batendo nas grades das celas, e gritando mandando geral levantar.

Me levantei daquela merda que eles chamavam de cama e fiquei esperando até virem colocar as algemas pro banho de sol.

Tô nessa porra aqui a três anos, mas parece uma vida inteira. O tempo aqui passa devagar, se tu não tiver cabeça pra aguentar tudo o que rola aqui, meu parceiro, tu morre no primeiro mês.Cai nessa por pilantragem dos outros, tá ligado? A mulher que eu tanto chamava de "mãe" armou tudo pra me fazer ser preso, e conseguiu. Ela era da favela também, mas depois que eu virei o dono ela meteu o pé. Arrumou um macho lá pro asfalto e ficou por lá.

Lembro daquele dia como se fosse ontem, eu só tava indo buscar meu filho na casa daquela mulher e do nada os cana chegaram e já foram com tudo pra cima de mim. Fui preso na frente do meu menor, enquanto ele perguntava por que estavam fazendo aquilo comigo.

Aquilo me quebrou na hora, tá ligado? Tive nem reação.

Hoje em dia eu só sei como ele tá quando o Barão me fala, ou quando eu mesmo ligo pra aquela mulher. Mas é um custo ela deixar eu falar com ele isso que é foda.

A mãe do Vinícius fugiu e abandonou ele comigo assim que ele nasceu. Fugiu por que era uma vagabunda e agiu no erro comigo, sabia que ia vir cobrança pra ela mas antes disso, ela sumiu com medo.

Não ligo e nem faço questão, por mim que ela nunca mais volte mermo.

A maré hoje tá nas mãos do Barão, meu sub. Nunca gostei de deixar minhas coisas com outras pessoas. Sempre gostei de cuidar do meu, mas isso é só por um tempo. Só até eu arrumar um jeito de fugir daqui.

Um policial veio e me algemou, ele veio me acompanhando até o pátio e quando chegou lá, eles tiraram as algemas.

Fui andando até um canto e encostei no muro. Fiquei ali só olhando a movimentação. Passou um tempo e eu vi o Rato andando até mim. Ele chegou e me ofereceu um cigarro, peguei da mão dele e dei o primeiro trago soltando a fumaça depois.

Rato: Tá rolando uns papo de que vai ter transferência. - Levantei uma sobrancelha e ele afirmou. - Não é nada certo ainda, mas se for confirmado, essa transferência vai rolar daqui dois meses.

WN: Tempo pra caralho. - Passei a mão no rosto um pouco nervoso.

Rato: Pra quem ficou aqui por três anos, dois meses tá suave. - Deu de ombros.

WN: E qual vai ser dessa transferência aí?

Rato: Aqui já tá em super lotação, mané. Vão escolher os cara que tiver bom comportamento pra irem pra outro presídio e esvaziar aqui um pouco.

WN: Bom comportamento? - Ele afirmou e riu de leve. - Então nós tá fudido, pô.

Rato: Vamo na fé. Bagulho agora é ficar quieto no nosso canto e esperar. Se nós for transferido, boa. Se não, a gente fica na mesma merda. - Concordei meio desacreditado.

Aqui era raro ter alguma transferência. Mas era verdade, esse presídio aqui tava lotado pra caralho. Tem pavilhão que os cara é obrigado a dormir quase um em cima do outro por falta de espaço.

Essa porra aqui era pra ser de alta segurança, mas o sistema é todo frouxo. Mas ainda sim, era quase impossível fugir daqui.

Eu já sou marcado aqui dentro, tenho conflito com o dono dessa porra toda. Marcelo é um filho da puta aí, diretor desse presídio e o cara mais cuzão que eu já conheci. Me queria morto ou preso de qualquer jeito. Me ver morto ele não conseguiu, e nem vai.

Por isso era quase impossível eu conseguir essa transferência. Esse cara ficava de marcação comigo, tu acha mermo que ele vai deixar eu sair dessa porra? Vai nada.

Mas eu não vou desistir fácil não. Nego acha que nós vai se sujeitar a qualquer coisa aqui dentro, e o pior é que tem gente que se sujeita mesmo.

Eu só preciso da transferência, por que facilita mais a minha fuga. Só eu dar o papo pro Barão e ele fica na atividade no dia e na hora for marcada.

Não quero mais ter que ficar nessa porra, e nem vou...

---

Mercenária [M]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora