Capítulo 20 - Opostos

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Ba-ba-ca.

Arthur não disse mais nada. Ele me seguiu até a porta do quarto, onde se despediu com um aceno e um sorriso debochado.

Estou cercada por babacas, como pode uma coisa dessas?

— Liz, minha pequena, olha pra mamãe — as mãos de Susie eram trêmulas em meu rosto ensopado de lágrimas

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— Liz, minha pequena, olha pra mamãe — as mãos de Susie eram trêmulas em meu rosto ensopado de lágrimas. — Você precisa tomar os remédios, meu amor. Veja, você não quer ter sonhos bonitos?

— Não! — funguei, não conseguindo segurar as infinitas lágrimas. — Por favor... por favor, não — me debato contra as mãos da minha mãe. — Eu não mereço... — um soluço. — Eu não mereço ter sonhos bonitos.

Meu pai esperava no canto do meu quarto, próximo a janela aberta, de onde o vento noturno entrava e fazia as cortinas dançarem. Ele segurava a cartela de comprimidos em uma das mãos, enquanto a outra segurava um copo d'água. E meu Deus, havia tanto medo e desespero oculto no rosto dele.

Senti vontade de vomitar.

— Filha, os remédios vai ajudar você a dormir. Os pesadelos não vão mais te incomodar, você não vai mais se machucar — dormir. Eu não dormia há dois dias. — É claro que você merece ter sonhos bonitos, Liz. Todos merecem — não eu, não eu.

— Não... não, por favor — meus olhos perdidos se dirigiram para a janela, de onde eu podia avistar a janela do quarto dele, agora fechada, trancada. Ele me deixou, ele não vai voltar. Apertei os olhos com força quando senti vontade de gritar, de colocar para fora o grito desesperado que ecoava na minha cabeça. — Isso não me ajuda... me prende... me prende nos pesadelos... não me ajuda... por favor, por favor... eu não quero dormir — esperneio nos braços de Susie que exercia uma pressão maior em meu corpo quando comecei a me debater.

Estava tão desesperada para escapar dos comprimidos que não notei a seringa que se aproximava do meu braço esquerdo. Só me dei conta quando a agulha perfurou minha pele, e meus músculos se acalmaram.

Drogar a filha de doze anos foi a saída que meus pais encontraram para me obrigar a fazer coisas básicas. Como dormir.

Nada de sonhos bonitos.

Nada de sonhos bonitos

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Só Mais Um ClichêWhere stories live. Discover now