13 [ge•ne•ro•si•da•de] (!)

Começar do início
                                    

O cara entrou aqui, tentou reivindicá-la como um objeto, me ofendeu, a ofendeu e ainda por cima, quebrou parte da propriedade dela. Eu fico enjoado só de lembrar como ele usou todos aqueles nomes sujos com ela, como ele olhou com desdém pra ela.

Eu quero simplesmente andar até ela e abraçá-la, dizer que está tudo bem, que ela não é nada daquilo que ele disse, que ela não merece aquilo. Eu quero andar até ela e dizer que eu nunca a trataria daquele jeito, nem em um milhão de anos. Eu quero andar até ela e beijá-la com ardor, tomá-la nos meus braços e fazê-la se sentir bem de novo. Ela sorri pra mim, mas eu sei que não é genuíno. Eu quero andar até ela e dizer que eu sei que ela está machucada com o que houve e que eu entendo, que eu posso ficar ao lado dela se ela quiser.

Mas esse é o problema. Eu não posso fazer isso, nada disso. Não cabe a mim e eu sinto que ela me rejeitaria se eu tentasse. Se ela soubesse o que se passa na minha mente, ela me afastaria e eu não quero isso.

Então eu espero pelo tempo dela. Eu me sento e espero. Quando ela estiver pronta, eu estarei.

É uma droga que ele tenha escolhido fazer aquela cena ridícula bem no local de trabalho dela, onde várias pessoas serviram de plateia. Aquele otário que nos encontramos na sex shop bateu com a língua nos dentes e o ex-namorado maluco estragou a noite.

A regra número 3 sobre sigilo foi abalada. Abalada, mas não quebrada, e Charlotte está fazendo o possível para garantir isso. Ela está me tratando com frieza, distância, indiferença, muito diferente de como me tratou quando eu cheguei aqui, antes do tal Evan chegar. As pessoas estão cochichando sobre nós, olhando pra nós, mas Charlotte não abre nenhuma brecha para que tirem conclusões indesejadas.

Eu não me importo que descubram que estamos transando, não é vergonha alguma, mas eu respeito a vontade dela de manter isso em sigilo. Se ela quiser mistério, vai ter. Deixa as coisas mais interessantes, de todo modo.

Cogitei flertar com outra garota para que todos me vissem agindo normalmente e se desconectassem desse assunto, para que pensem que Evan é só um ex babaca e paranoico, mas me desvencilhei da ideia. Eu não quero flertar com mais ninguém, além dela. Eu sei que, se Charlotte me incentivou a ligar para a atendente da cafeteira, ela não se importaria em me ver fazendo isso aqui, afinal não seria a primeira vez, mas... Eu não quero flertar com ninguém além dela.

Os últimos clientes deixam o bar e as minhas chefes ajeitam as coisas para fecharem o local. Finalmente poderei conversar apropriadamente com a Charlotte sobre o que houve.

São duas da manhã (o horário limite que se pode vender álcool nessa cidade), mas eu não me sinto cansado. Duas da manhã acabou se tornando meia noite pra mim desde que eu conheci a Charlotte e o meu corpo não se sente mal por isso. Duas da manhã agora é o meu novo horário para iniciar aventuras, todas com ela.

Uma saia vermelho-cereja passa por mim e o par de pernas que o tecido circula me chama atenção. Ela e essas saias. Como alguém pode dizer algo ruim sobre isso? Como Charlotte pôde namorar aquele cara?

"Você pretende ficar aqui a noite toda?" Ela me pergunta, apoiando o quadril na quina da mesa, cruzando os braços.

"Só se você for ficar. Eu só estou aqui por você, Char." Digo, olhando diretamente em seus olhos amendoados que me perseguem em sonho.

Ela revira os mesmos olhos, "Não seja bobo." Charlotte se afasta da mesa e vai até o balcão, pegando um molho de chaves de cima da madeira, "Nae, eu já estou indo." Ela grita para a sócia ouvir e espera a resposta que logo chega.

"Okay. Tem certeza que você está bem pra ir sozinha?" Naomi grita de algum lugar desse bar.

"Sim, eu tô bem. A gente se fala amanhã. Boa noite."

𝗙𝗲𝘁𝗶𝘀𝗵 • H.S.Onde histórias criam vida. Descubra agora