capítulo vinte e quatro: um avanço

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y͟͟͟͞͞͞a͟͟͟͞͞͞s͟͟͟͞͞͞m͟͟͟͞͞͞i͟͟͟͞͞͞n͟͟͟͞͞͞

— Pra quais tipos de empresa você enviou o currículo?

Terminei de mastigar o churrasquinho pra conseguir falar.

— Uma de recepcionista, que eu acho que é mais fácil de conseguir. Tinha também vaga pra analista de telemarketing, que é o que eu menos quero. — Fiz careta. — E também na parte administrativa do Banco caixa, que pode ser que seja uma possibilidade. Já que na minha vida inteira meu pai me botou em curso, consegui preencher todos os requisitos. Menos experiência.

Diogo me escutava atento enquanto mandava a ver no terceiro espetinho dele.

— Melhor descartar telemarketing. — Ele riu. — No primeiro dia você vai ser demitida, depois de mandar o primeiro cliente que te xingar pra puta que pariu.

Ele tinha toda razão.

— Me conhece bem. — Ri. — Mas e aí, tá com a cara melhor. Conseguiu descansar?

Diogo assentiu pra não falar de boca cheia.

— Hoje meu dia foi tranquilo. Nem parece que eu trabalhei.

— Ontem você tava com uma cara de dó. Parecia o Gabriel Jesus. — Arranquei uma risada gostosa dele.

A minha avó, mãe da Larissa dizia que eu tinha potencial pra dentista já que gostava muito do sorriso das pessoas. Ela errou na parte de dentista, mas com certeza eu gosto muito de ver as pessoas sorrirem. Desde pequena que eu gosto de fazer palhaçada. E estar praticamente sempre com o Diogo, que é um bobo alegre, me satisfaz esse fetiche.

Ele ri de absolutamente tudo que eu digo e me faz sorrir também.

— Proletariado brasileiro nasce com cara de cansado já. — Ele deu de ombros. — Mas ontem foi foda, pensei que eu não ia dar conta de tudo.

Mais uma coisa pra ressaltar nele. Eu admirava muito o esforço que ele faz. Literalmente se desdobra pra conseguir dar conta de dezenas de coisas em um dia só. E mesmo assim ele consegue me dar atenção e ser legal. Se eu tenho uma aula a mais do que eu costumo ter o meu dia fica péssimo e meu humor fica ácido. Não sei como ele consegue fazer tantas coisas cansativas e ser assim.

— Queria saber como você consegue fazer tantas coisas em um dia só.

— É difícil, mas acostuma com o tempo. — Ele deu de ombros.

— Não, é sério. É muita coisa pra uma pessoa só.

Diogo negou com a cabeça e esticou a mão por cima da mesa pra que eu segurasse e assim eu fiz. Senti comodidade.

— Quer saber como eu consigo trabalhar, estudar, me exercitar, ser legal, ser cheiroso e beijar bem? — Ele usou um tom de humor.

— Me conta, por favor, o seu segredo!

Ele se debruçou pra chegar mais próximo. Eu também me esforcei um pouco pra ficar mais fácil pra ele.

— Eu faço tudo mal feito. — Ele sussurrou como se fosse um segredo.

Gargalhei por realmente ter acreditado que ele ia me contar o segredo pra ser tão ativo.

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