— Você quer que eu vá embora? — pergunta ele, mudando o tom de ríspido para completamente doce. Meu coração se derrete um pouco mais. 

Seguro as lágrimas. Não quero que ele vá, mas também não quero que fique aqui e veja a minha mãe criar tempestade em copo d'água. Ele parece ver a apreensão e o medo nos meus olhos, pois apenas acena sutilmente com a cabeça antes de se levantar. 

Mamãe parece escandalizada ao vê-lo só de cueca, e solta uma exclamação de reprovação antes de virar a cabeça para o outro lado. Ryan abre um sorriso sarcástico e começa a vestir a calça, totalmente à vontade. Depois ele faz o mesmo com a camisa e, por último, joga a jaqueta sobre o ombro. Seus sapatos são o toque final. 

Fico amuada em um canto, quieta, sentindo-me completamente desamparada. Ainda assim, Ryan vem até mim. Ele me olha com singela preocupação, e penso que vai me beijar na boca quando toca o meu rosto, mas seus lábios tocam a minha têmpora. O gesto de carinho diz tudo: ele vai estar aqui para mim, não importa o que aconteça. 

— Ligue se precisar de alguma coisa — murmura contra minha têmpora antes de se afastar. 

Ele me lança um último olhar antes de ir embora. Quando passa pela minha mãe, não perde tempo e deixa para trás uma provocação. 

— Foi um grande prazer te conhecer, Sra. West — sorri cinicamente. 

— Eu te acompanho até a porta, cara — meu irmão se prontifica, visivelmente desesperado para fugir da situação. 

Os passos deles se distanciam pelo corredor. Posso ouvir vozes abafadas, mas não sei sobre o que eles estão falando. Um silêncio perturbador recai sobre o quarto, e vejo no rosto da minha mãe o quanto ela está furiosa e decepcionada. Para alguém que sempre serviu a Igreja e incitou a sua própria filha a seguir pelo mesmo caminho, pegá-la na cama com um homem não deve ser nada fácil. Mas o que ela esperava? Eu nunca escolhi essa vida de puritana. 

— O que a senhora está fazendo aqui? — ouso perguntar. 

Mamãe me lança um olhar duro. 

— Você praticamente fugiu de casa — rosna. — Faz dois meses que não a vejo, que não falo com você. O que esperava que eu fizesse? Ficasse em casa com os braços cruzados sem notícias suas? 

— A senhora sabia muito bem que eu estava aqui — acuso. — Não havia necessidade de aparecer desse jeito. 

— Por que não? — abre um sorriso cruel. — Para que eu não soubesse que deixou de servir a Deus para se comportar como uma vagabunda qualquer? 

Suas palavras são como um tapa na minha face. Luto contra as lágrimas, mas elas continuam embaçando os meus olhos. 

— A senhora não tem o direito de dizer isso — rebato. 

— Ah, não? — devolve rispidamente. — Então o que foi isso que eu acabei de ver? Onde você estava com a cabeça, menina?!

— Eu só estou vivendo minha vida — digo amarguradamente. 

— Você acha que isso é viver? Você nasceu para servir a Deus! Acha que Ele está satisfeito em ver que você se desviou do caminho que Ele escreveu para você por causa de sentimentos mundanos?!

— O caminho que Ele escreveu ou a senhora? — retruco, cheia de mágoa. — Porque Deus nunca me disse nada. Sempre foi a senhora. 

Ela parece profundamente ofendida. 

— Você não está com a cabeça no lugar! — Então faz uma pausa, como se estivesse se dando conta de um fato muito importante. — Jade… você ainda é virgem… não é? 

Indecente • COMPLETO Where stories live. Discover now