Capítulo 1 - Cortar a comunicação

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O dia estava entediante para Yamaguchi, que estava sentado em frente ao computador do balcão de madeira da biblioteca de onde trabalha. Ele olhava aleatoriamente para algum ponto daquela tela grande com o papel de parede de uma paisagem qualquer. Por fora, entediado com o próprio trabalho, mas por dentro, ansioso pela chegada da pessoa que animava seus dias mesmo não dizendo quase nada. Tadashi batia seus dedos contra os próprios joelhos e respirava fundo cada vez mais enquanto girava sua cadeira de rodinhas.

—Está cansado? —Uma voz masculina questionou Yamaguchi. O dono dos cabelos verdes como brócolis quase pulou da cadeira por reconhecer a voz. Era de Tsukishima Kei. Um garoto alto, loiro e que usa óculos pretos. Ele vai todos os dias para a biblioteca, sempre a procura de livros de arqueologia ou astronomia.

Tadashi se acalmou e olhou para o loiro, que o encarava sem expressão. —Está cansado? —O loiro perguntou novamente, pensando que Yamaguchi não tivesse ouvido sua pergunta.

—Não, não! Eu só estava no mundo da lua mesmo… —Yamaguchi riu para descontrair. O loiro levou sua mão direita para pegar uma caneta no balcão e assinou um papel de comprovação de presença, que estava também no balcão.

—Entendo. —Tsukishima respondeu e  deu as costas. Estava prestes a dar o primeiro passo em direção às estantes de madeira dos corredores quando Yamaguchi puxou conversa.

—Está a procura de mais livros de arqueologia? Chegaram novos livros pela manhã, talvez você se interesse... —Tadashi falou.

As pupilas de Kei se dilataram. —Sério? Onde estão? —O loiro questionou, interessado. Ele realmente ama o assunto.

—Venha comigo, eu te mostro o lugar! —Tadashi se animou. Até demais, visto que aumentou um pouco o seu tom de voz na fala e outras pessoas no local pediram silêncio. —Desculpa... —Yamaguchi disse, constrangido.

Tsukishima sorriu.

—Aqui estão. —Yamaguchi apontou para livros com capas duras da cor vermelho-escuro e com títulos em dourado. —Você pode levar até quatro desses, já que ainda não devolveu o anterior que pegou anteontem. —Ele explicou. —Mas acho que você já sabe sobre as regras daqui, desculpa por isso, haha. —Tadashi sentiu-se constrangido novamente.

Tsukishima levou seus dedos para um dos livros e o retirou dos outros ao redor. Deslizou seu olhar pelos detalhes da capa e leu em pensamento o título e o nome do autor. Gostou. —Vou levar esse aqui, quando eu terminar leio os outros. —Anunciou o loiro.

—Você gosta muito de arqueologia, não é? —Tadashi ousou em perguntar.

—Sim… Acho bem interessante. —O loiro respondeu. —Você se interessa por isso também? Aposto que já leu bastante gêneros, visto que trabalha com livros. —Indagou Tsukishima.

Tadashi hesitou. Não esperava pela iniciativa do loiro, por perguntas. —Ah… Eu costumo ler mais gêneros de romance… —Respondeu um pouco tímido. —E poemas também… —Completou.

—Entendo. Bom, vou levar esse mesmo. Vamos? —Tsukishima questiona.

—Para onde? —O garoto com sardinhas em seu rosto não captou a mensagem.

—Para o balcão…? —Kei responde.

—Ah, sim! Vamos! —Yamaguchi diz, quase tropeçando em suas próprias palavras.

Tsukishima sorriu novamente.

—Boa leitura! —Desejou Yamaguchi, ao terminar de marcar o nome e a data de entrega do livro que o loiro escolheu para levar.

—Obrigado. —Respondeu Tsukishima. O loiro logo caminhou para a porta de madeira que era a de saída da biblioteca e foi embora.

Tadashi suspirou. —Ainda não pediu o número dele? —Uma garota de cabelos loiros e com um rabo de cavalo lateral, perguntou. Outra atendente da biblioteca onde Tadashi trabalha. Yachi.

—Não… —Yamaguchi mergulhou em seus próprios braços cruzados no balcão.

—Tenha coragem, Yamaguchi! Vá até ele antes que seja tarde demais para tê-lo em sua vida! —Ela aconselhou, colocando alguns livros que carregava em seus braços, no balcão de atendimento.

—Não é fácil assim… Sou apenas um estranho para ele. Ele nunca nem puxou um papo a mais, também. Não acho que “nós” seja possível. —Tadashi colocou seu queixo na palma de sua mão que estava apoiada no balcão, após uma inspiração profunda.

—Como você é negativo, Tadashi! —A loira cruzou os braços, brava. —Faça algum teste para ver se ele está afim de você!! —Sugeriu.

—Teste? —Tadashi levantou o seu rosto, curioso.

—Sim! Algo que possa valer como prova de que ele gosta de interagir com você ou algo do gênero. Se for confirmado, pelo menos você vai ter alguma chance! —Ela se animou ao explicar a própria ideia.

—Será? —Indagou Yamaguchi, um tanto inseguro.

—Só testando para ver!!

Yamaguchi pensou no que a sua melhor amiga de trabalho havia sugerido. “Testes”. Um teste que faça provar que Yamaguchi Tadashi tem chances com o loiro que sempre vai a biblioteca. Yamaguchi passou algumas horas de sua noite pesquisando ideias sobre isso.

“Como descobrir se ele está interessado em mim” —Escreveu Tadashi, em um blog chamado “Tangerina é vida” onde falava sobre o tópico. “Nada melhor do que cortar o contato. Veja se a pessoa vem atrás de você após isso, confuso pelo corte da comunicação de vocês.” —Alguém respondeu.

“Cortar a comunicação?” —Pensou Tadashi. —Se eu fazer isso, talvez ele puxe papo alguma hora... —Ele disse para si mesmo.

Yamaguchi deu um pequeno sorriso, esperançoso que tudo desse certo.

Continua...

Go, Yamaguchi! - (tsukiyama au) Onde as histórias ganham vida. Descobre agora