— Eu temi que você dissesse isso. - Então ela se sentou na beirada do terraço, dobrando suas pernas sobre seu peito e abraçando os joelhos. Como se precisasse de um toque de conforto.

— Mas por que? - O herói se juntou a ela. Sentando bem perto do corpo encolhido e aproveitando para levar uma de suas mãos até os cabelos negros amarrados, fazendo pequenas carícias. Isso também sempre a relaxava

— Bom, eu meio que, tenho evitado o Mestre Fu nos últimos meses. - Ladybug revelou, soltando outro suspiro em seguida. - Depois do... Chat Blanc, o real, eu temi que, se eu contasse ao mestre sobre ele, você acabaria ficando sem seu miraculous, e eu, sem você. - Ela estava evitando contato visual, e Chat Noir entendeu o motivo, ela estava envergonhada das próprias ações. Como se ele pudesse julgá-la por ter sido "egoísta", algo que ele jamais faria. - Eu sabia que ficaria nervosa se eu fosse e acabaria falando demais, como sempre. E como agora ele fica escondido, pretendia usar isso como desculpa. Depois, começamos esse nosso "acordo" irresponsável de você dormir comigo, e eu fiquei mais sem jeito ainda de vê-lo. Quando você me revelou sua identidade então, eu decidi que nunca mais veria o mestre Fu de novo. - Chat riu com a atitude infantil, e Ladybug riu também, o acompanhando. - Mas agora, acho que vê-lo é exatamente o que precisamos.

Ficaram em silêncio por alguns minutos, apenas admirando o início de noite. A escuridão engolindo os céus a cada minuto que passava, as estrelas sendo ofuscadas pelas luzes da cidade, que acendiam cada vez mais. Até a torre Eiffel já havia sido ligada por completo, como uma enorme luminária no meio da cidade.

E ao observá-la, Ladybug acabou sendo arrastada pelos seus pensamentos.

— Quando alguém descobre...

— É só questão de tempo até todo mundo saber. - Chat terminou. Mari havia repetido muito essa frase nos últimos dias. Era só uma, dentre tantas outras frases de Chat Blanc que ela havia memorizado e escrito em seu diário. Ele leu todas com um enorme aperto no coração. Imaginou como ela deveria ter se sentido ao escrevê-las, revivendo aquele aqueles momentos terríveis repetidas vezes em sua mente. - E você acha que esse "alguém" que ele disse, era referente ao Gorila?

Ladybug revirou os olhos, se perguntando, novamente, se ela não estava exagerando com suas preocupações.

— Eu não sei... como ele está agindo esses dias? - Ela olhou o rosto do parceiro ficar sério ao seu lado com a pergunta.

Foi a vez de Chat estalar a língua em desagrado e desviar o olhar para o horizonte.

— Ele está.. problemático. - Ele bufou, antes de se virar para a namorada e lançar um sorriso divertido. - Acredita que, hoje mais cedo, ele me fez chegar atrasado na sessão de fotos? Tudo porque eu estava assistindo as notícias no banco de trás do carro, e passou uma reportagem da Nadja, contando sobre uma luta que fizemos, meses atrás, no Arco do Triunfo. Quando dei por mim, estávamos a caminho do local, porque ele esqueceu que eu estava no banco de trás e já estava indo atrás do Chat Noir, achando que a notícia era ao vivo.

A garota tentou se manter séria, mas foi impossível ao imaginar a cena do guarda-costas levando um susto ao perceber que Adrien estava ali no carro, com ele.

— Mentira! Ah, que coisa mais fofa! - Ela disse, mas estava quase sentindo a barriga doer de tanto rir.

— E complicada! - Chat continuou, se deixando levar pela risada dela e deixando o tom cômico inundar suas palavras para fazê-la rir mais. - Ele está muito protetor. Tenho medo de lutarmos um dia e, quando a luta acabar, ele estacionar o carro e me mandar entrar, ainda transformado.

Isso fez Ladybug gargalhar, e apesar do assunto ser algo que realmente o preocupava, se sentiu feliz em vê-la tão leve.

— Ele se importa muito com você, gatinho. - A heroína conseguiu dizer, de forma doce, depois de se acalmar.

InsôniaWhere stories live. Discover now