1. A Missão

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Acordar com um adolescente cantarolando no banheiro não era bem o futuro que Louis desejou quando jovem, mas era a sua realidade. Resmungou, irritado, e se revirou na cama, usava apenas uma cueca samba canção de cetim sob o cobertor fofinho, o clima estava frio naquela manhã de outubro na capital americana e ele revirou os olhos ao se esticar para ver o horário em seu rádio-relógio na mesinha de cabeceira. Cinco e cinquenta e sete da manhã, seu despertador tocaria às seis e teria três minutos de sono desperdiçados por causa da bênção com quem dividia a casa.

Puta que pariu, pensou e se jogou nos travesseiros, olhando para o teto branco do quarto, as cortinas fluidas permitiam que a luz dos primeiros raios de sol entrassem ali discretamente, clareando mais a cada minuto. Coçou os olhos, era uma sexta-feira e ele estava morto de cansaço depois de uma semana de trabalho, qualquer minuto de sono era precioso e seu humor estava péssimo por ter sido acordado ao som de (I've Had) The Time of My Life em uma versão tristemente desafinada.

O rádio-relógio despertou e ele estendeu o braço para apertar o botão. Empurrou os cobertores para longe e se sentou na cama, passou as mãos pelos cabelos e grunhiu em irritação antes de se erguer e caminhar pelo quarto até alcançar o interruptor. Ligou a luz e viu a situação deplorável do cômodo: roupas jogadas no chão, papéis aqui e ali, umas cuecas – sujas – em um montinho no canto e ele ficou ainda mais aborrecido com aquilo. Louis não era organizado e seu quarto sempre virava um chiqueiro em algum momento do mês. Quando arrumava, tentava manter o lugar bonitinho e cheirosinho, mas estava sempre tão cansado que a preguiça o dominava.

Apanhou sua toalha no gancho atrás da porta e saiu do quarto, o pequeno corredor de sua casa estava escuro e a única fonte de luz era a pouca claridade que vinha do quarto do outro morador da casa, que era tão organizado quanto o de Louis. Ele bocejou e caminhou até a porta do banheiro, ouvia o barulho do chuveiro acompanhado da música que era uma febre desde o lançamento de Dirty Dancing - Ritmo Quente e espalmou a mão na porta, batendo com força e irritação.

— Se você não sair em cinco minutos, eu vou entrar! — esbravejou.

Now I've had the time of my life
No, I never felt like this before
Yes I swear, it's the truth
And I owe it all to you
'Cause I've had the time of my life
And I owe it all to you

Louis revirou os olhos, pensando o que tinha feito para merecer um adolescente com aquela voz em transição totalmente desafinada cantando em sua casa em uma manhã fria de sexta-feira. Esmurrou a porta novamente, mas o outro pareceu não ouvir, ou melhor, fingiu não ouvir, porque ele conhecia bem a peça.

— Andrew Tomlinson! — gritou. — Saia já do banho, não é você que paga a conta de luz! Eu tenho que trabalhar!

A cantoria cessou no banheiro e Louis respirou fundo, apoiando seu corpo na parede, arrepiando-se quando as costas nuas encostaram no material frio. Fechou os olhos, sua cabeça já doía em estresse e ainda teria milhões de coisas para fazer naquele dia, incluindo deixar a casa em um estado habitável.

A pequena moradia em Washington era aconchegante, composta por dois quartos razoáveis, um banheiro, uma sala confortável e uma pequena cozinha com ilha. Não era nada muito majestoso, o custo de vida na capital americana era alto e, além disso, Louis preferia certa discrição devido ao seu trabalho. Habitada por dois homens desorganizados – Andrew tinha quinze anos, então ele já o considerava um homem em alguns aspectos – a casa estava sempre de pernas para o ar, com roupas espalhadas, embalagens de pizza, salgadinho e coisas mais peculiares em lugares mais esquisitos ainda. Em resumidas palavras, era um caos.

Os dois eram sozinhos, apenas Louis e Andrew, desde muito cedo eram toda a família que tinham. E não, o adolescente não era filho de Louis, era o seu sobrinho, mas foi criado por ele.

Agente Duplo | Larry Stylinson Where stories live. Discover now